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 Quinta Tarde

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Conde Vladislaus Tepes
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Conde Vladislaus Tepes


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MensagemAssunto: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQua Ago 12, 2009 9:12 am

(Off: Netuska, de planos maléficos eu sou perita ò.o huhuhu.... E não sabia que Vladislaus praticava ginástica o_o imagine ele dando salto morcego? O_O Novo tópico aberto, meninos ^^” como não sei para onde Hassan está levando Laila (para o quarto...), gostaria que fizessem uma ação que os localizassem o.o Considerei que a viagem levou dois dias completos e que eles só chegaram no terceiro dia, a tarde.)
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Hassan Kabuk Saladino

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQua Ago 12, 2009 9:32 pm

A viagem foi longa e penosa. Mais de uma vez, Hassan tentou enviar Yago para obter alguma resposta de Ari, mas a ave voltou com a mesma mensagem enviada pelo sufi. Neste terceiro dia, ele mudaria a mensagem, pois estavam próximos de chegar a um vilarejo, que Hassan sabia que existia na borda com a Romênia. O nome do vilarejo, tomado há alguns meses, havia mudado para Santa Maria. Havia tropas cristãs por toda parte, e Hassan já preparava o disfarce de Jean Devereaux, esperando por um natural interrogatório antes que pudessem adentrar o vilarejo em segurança. Ele esperava que Yago também voltasse com alguma mensagem de Ari, talvez indicando se o próximo passo seria seguir pelo oriente ou esperar uma calmaria. Hassan sabia que havia uma grande possibilidade de as tropas de Saladino entrarem nesta guerra, o que tornava sua viagem potencialmente perigosa. Portanto, seria mais adequado entender o que estava acontecendo. Para isso, talvez lhe fosse interessante enturmar-se com os soldados, mas não muito: o suficiente para lhe garantir alguma informação relevante. Ao se aproximarem do vilarejo, Hassan dirigiu-se a Laila, alertando-a.

- Finalmente poderemos dormir em camas, Laila. O vilarejo está além desta colina. Lembre-se, você é minha serva. Precisamos manter esse disfarce. Fale o mínimo possível, não reaja a provocações, não levante suspeitas. Não sabemos se há algum espião do Islã neste vilarejo e, até que eu descubra isso, será perigoso que você se exponha demais. Cubra o que puder do seu corpo e não encare ninguém. Não olhe nos olhos de nenhum cristão. Mantenha a cabeça baixa e fale em sussurros. Somente quando estivermos sozinhos você poderá ser você mesma. Isso é para sua própria segurança, Laila. Espero que entenda e me ajude a protegê-la.

Hassan deu uma ordem a seu cavalo que fê-lo acelerar. Ele estava ávido por descansar adequadamente. Precisava também orar sem ser interrompido. O jejum que ele praticava estava chegando ao fim, e logo ele precisaria se alimentar. A estrada para Meca ainda seria longa, e provavelmente cheia de paradas e obstáculos. Não seria nada fácil. Ainda, um estranho pressentimento o cercava. Era como se, por algum motivo, Hassan sentisse que sua participação nesta guerra ainda não estava finda.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Ago 15, 2009 5:22 am

Laila só fez uma viagem cansativa como aquela uma vez, ao ser arrebatada dos braços da mãe por Ari. Depois, assim como as outras esposas de Mehmet, sempre viajava em espécies de barracas feitas em estrutura de madeira, cobertas com seda e cheias de almofadas onde poderia descansar. Ela e todas as outras eram carregadas por escravos.

Ao lembrar-se disso, sentiu-se ainda mais satisfeita por estar a cavalo, quase sem proteção, no meio do deserto. Apesar do menso cansaço, a sensação de liberdade era extrema, mesmo que acompanhada pelo medo de ser pega.

Via Hassan enviar Yago sempre com uma mensagem, e o animal sempre voltava com as mesmas escritas. Ari não respondia, o que fazia a jovem sentir um aperto no coração. Se gostava de Ari? Não, claro que não; dificilmente isso viria a acontecer. Exatamente por esta razão não conseguia entender a ansiedade em ter alguma confirmação de que o Daroga estava bem.

Dormiu pouco pouco em dois dias. Acordava nas madrugadas e sempre assustada, não com Ari, pois estranhamente confiava nele. Mas os pesadelos sempre a atormentavam desde que Mehmet declarou abertamente que a desejava na cama. Havia somente dias que o fato ocorrera, mas para Laila era como se semanas tivessem passado.

Ela já cobrira sua cabeça e estava de rosto abaixado quando Hassan recomendou que fizesse exatamente isso. E que ficasse quieta perante às provocações, caso fosse vítima de alguma. Sua risada zombeteira poderia até mesmo surpreender o Sufi, e mais ainda as palavras dela:

- Esconder meus olhos...eles são a minha maldição, Hassan. Foram eles que me afastaram de minha mãe, que me entregaram ao Sultão. São eles que despertam desejo. Não há um dia em que não sinta vontade de arrancá-los de meu rosto. O problema é que sou covarde demais para isso, senhor.

Calou-se quando Hassan acelerou, querendo chegar rápido ao destino. Laila, antes de fazer o mesmo, amarrou com um pouco mais de firmeza seu véu e ajeitou sua manta um pouco velha, mas ainda inteira. Só então também acelerou seu cavalo para que ficasse ao lado do Sufi.
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Conde Vladislaus Tepes
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySeg Ago 17, 2009 1:27 pm

Ação para Aloísio e Marys:

Yago ainda não havia retornado de sua nova viagem por notícias de Ari. O daroga prometeu manter os dois informados, mas em nenhum instante, durante toda a viagem, ele entrou em contato. Aquilo poderia preocupar tanto Hassan quanto Laila, uma vez que o destino do Daroga era bastante incerto. Ari confiava que poderia se inocentar de quaisquer acusações, mas se soubessem que ele havia ajudado na fuga de Laila e acobertado a traição de Hassan, o daroga pagaria com a morte.

Santa Maria mostrava todos os indícios de um vilarejo dominado por cristãos. Logo de entrada, era possível ver no alto uma cruz, o que revelava estarem próximos de uma igreja. O castelo, agora moradia de Vladislav, não ficava longe do vilarejo. O que apenas os separava era uma intensa e densa floresta, que poucos se atreviam a atravessá-la no cair da noite.

Quando Hassan e Laila entraram no vilarejo e desfilavam pelo lugar, os aldeões paravam seus deveres para obsevarem os dois viajantes com ares curiosos. Laila era quem mais poderia sofrer com tudo aquilo, uma vez que a menina havia vivido sua vida inteira escondida atrás de suntuosas paredes. Estava desacostumada a receber olhares, muito mais os masculinos, já que o harém era um lugar proibido aos homens, com exceção do Sultão. Radu também era visto no harém, algumas vezes, mas somente tocava nas concubinas que Mehmet lhe permitia.

Vlad tinha tido o desfrute de assistir à favorecida, mas só porque o homem ia ser posto a morte durante o jantar ou no próximo dia, se Laila não tivesse o salvado nestas duas ocasiões.

De repente, as pessoas do vilarejo pareceram amedrontadas. Homens se afastavam depressa das ruas e mulheres recolhiam seus filhos nos braços para adentrarem rapidamente em suas humildes moradias.

O motivo ficou claro para Hassan e Laila ao verem um exército romeno indo em direção deles. Homens montados em cavalos negros, vestidos em uniformes pretos e com malhas de ferro protegendo o dorso e pescoço. Os elmos e as capas os transformavam em figuras ainda mais sinistras. Hassan logo percebia que o clima na Romênia não estava nada ameno. Era uma guerra não só contra o islamismo, mas uma guerra interna.

- Vocês dois. – convocou um dos homens para Hassan e Laila.

Ele se aproximou dos dois a galopes ligeiros, seguido por dois companheiros. Um triunvirato, que aos olhos de Hassan, pareciam mais anjos caídos montados em cavalos negros do que cristãos.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySeg Ago 17, 2009 4:34 pm

Hassan percebeu que o vilarejo parecia o lugar perfeito para o descanso, até que as pessoas começaram a correr. Ele respirou fundo, pois sabia que a confusão estava chegando. E o pior: ele teria que tentar defender Laila de qualquer maneira, e inventar um nome para ela. Como podia ter se esquecido disso? Na verdade, ele não esperava que nenhuma autoridade o interrogasse, por isso não tinha sido cuidadoso. Em seu discurso, porém, de modo frio, ele aparentou a calma que deveria ter ao se passar por alguém que não era. Ele se aproxima, fazendo um cumprimento cristão e começando um discurso em francês.

- Salvem, lordes. Que Deus todo-poderoso abençoe a vossa chegada. Sou um cavaleiro francês enviado pela igreja de Marselha a esta guerra. Presenciei uma vitória cristã há alguns dias e, devido a um ferimento no braço, estou com dificuldades para lutar. Portanto, recebi ordens para entregar uma mensagem ao posto avançado cristão mais próximo, que está ao sul. Como estou cavalgando há mais de dois dias, e meus cavalos já sentem cansaço, decidi por descansar uma noite neste vilarejo antes de prosseguir em minha missão. O meu nome é Jean. Sir Jean Devereaux. Esta menina é minha serva, enviada gentilmente pelo rei para me auxiliar. Viemos em paz, e em paz deixaremos este vilarejo.

Hassan faz uma mesura muito educada, um cumprimento nobre. Usava de toda a gentileza com aqueles homens, pois não sabia o que eles queriam com ele. Precisava da permanência em Santa Maria por aquela noite. Se não pudesse fazê-lo, teria que combater todos aqueles homens e fugir. Sua vida não lhe preocupava, mas a de Laila... definitivamente ele não podia fazer muito, além de esperar que seu discurso fosse tranquilamente aceito e não gerasse mais desconfiança.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySex Set 11, 2009 7:40 am

O silêncio imperou por algum momento entre os dois. Laila pensava nas palavras de Hassan e nas dela própria. E, quanto mais cavalgavam, mais a paisagem mudava, saindo do ambiente árabe para adentrar num mundo cada vez mais auropeu. Até que chegaram a um pequeno povoado.

Laila tratou de cobrir um pouco mais a cabeça, mas seus olhos demonstravam a surpresa de terem chegado tão longe.E um tênue sorriso, surpreendentemente, acabou aparecendo. Era tudo tão diferente da terra onde cresceu...com alguma sorte, poderiam misturar-se em meio aos moradores.

Sua esperança esvaiu-se no momento em que os locais começaram a se esconder, janelas e portas sendo trancadas rapidamente. O pequeno medo que sentia tornou-se maior com a chegada de uma pequena comitiva militar. Olhou quase em pânico para Hassan, e logo olhou para baixo, mantendo-se quieta como parte da estratégia de Hassan.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQua Set 23, 2009 7:59 am

As palavras de Hassan foram escutadas pelos três homens com devida atenção. Era difícil olhá-los nos rostos, uma vez que os elmos cobriram suas faces. Pareciam sombras falantes, onde apenas os lábios bem moldados eram visíveis.

O homem olhou de relance para a serva, quando Jean a apresentou. Havia certa desconfiança no olhar, claramente imaginando se ela pudesse ser outra pessoa, uma vez que corpo e rosto estavam completamente cobertos.

- Infelizmente, meu amigo, você não chegará ao seu destino. Nem hoje, nem amanhã. Há soldados por toda parte e eles não permitirão sua passagem. Se for uma mensagem de urgência, sugiro que a deixe com um dos meus mensageiros e ele se encarregará de enviá-la ao seu destino.

Ele pausou, esperando que Jean decidisse o que fazer. Mas não demorou muito, quando sua voz ligeiramente rouca, proferiu tais palavras:

- Sir Jean Devereaux, não desejo importunar sua paz, mas nosso oficio é assegurar, acima de tudo, a vida de nosso regente e a de seu povo. Apenas, peço para que me responda algumas questões, antes de deixá-lo tomar seu próprio rumo. Você é um cavaleiro a serviço de que senhor, além de Deus? Á quem você prestou seus serviços nestes últimos tempos?

Jean podia sentir que havia algo errado. Era como se aqueles homens estivessem se preparando para receber um convidado nada desejado. Tal sentimento ficou mais claro quando, durante uma pequena pausa, ordenou:

- E peça para a sua serva descobrir o rosto.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQui Set 24, 2009 12:26 am

(Off: Assim vai ser impossível ó.ò (tô brincando ^^) / se o nome do rei não for Guilherme, por favor me avisa que eu mudo o.o)

Hassan tentou manter a mesma confiança e a mesma calma, apesar do fato de que aqueles homens pareciam lobos. Porém, era pouco provável que a notícia de que Laila tivesse escapado da cidade tivesse chegado aos ouvidos deles. Portanto, Hassan tinha apenas que preservar Laila. Virando-se novamente para eles, Jean continuou.

- Então terei que aguardar até depois de amanhã, nobres cavalheiros, pois o rei Guilherme, a quem eu sirvo, ordenou que esta mensagem fosse entregue somente por mim. A ele tenho servido, e até mesmo fui ferido durante a guerra contra os mouros.

Jean mostra o ferimento na perna, que ainda não tinha sarado.

- Tenho cavalgado durante algum tempo, e preciso mesmo de descanso. Apesar de a mensagem ter um certo tom de urgência, meu rei me ordenou que não a entregasse a qualquer pessoa, pois ela também é confidencial. Se eu não obedecer a esta ordem, senhores, meu pescoço encontrará a forca.

Ao ouvir sobre Laila, ele apenas descobriu o rosto dela, mostrando-o para os homens. Não tratou-a com carinho demasiado nem com extrema crueldade - apenas com indiferença.

- Não precisa se esconder, Jade. Eles sabem que você é minha serva e continuará sendo.

E, virando-se para eles, emendou.

- Ela é uma escrava árabe, que está a meu serviço. Creio que não é segredo que mantemos alguns prisioneiros, de modo que eles sirvam ao Deus correto. Portanto, se me permitem, estou muito cansado mesmo, e ainda ferido. Gostaria de descansar em alguma taberna ou estalagem.

Hassan apalpou a algibeira, para poder dar ênfase ao que viria em seguida.

- Vêem? Ouro e pedras preciosas. Espólios da guerra que estamos travando contra os mouros. Posso pagar tranquilamente por minha estadia aqui, e até mesmo algum pedágio que seja necessário para permanecer aqui. Não precisarei de favor algum, exceto de sua permissão para permanecer aqui por alguns dias. Venho em paz, e em paz deixarei este vilarejo. Que Deus abençoe a todos.

Como um "cavaleiro", Hassan achou que seu discurso convenceria os seus interlocutores, e esporeou o cavalo para seguir em frente, esperando que eles abrissem caminho. Se tentassem impedí-lo, iria frear o cavalo e se preparar para fugir ou para combater.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySeg Nov 30, 2009 4:31 am

Aquilo não estava bom...sua respiração ficava um pouco mais rápida e ela abaixava um pouco mais o rosto. Laila sabia que era muito conhecida no mundo árabe, por ser a "Jóia do Sultão". Mas...e fora das cidades regidas pelo Alcorão, distante do poder de Mehmet? Ela não sabia, pois jamais havia saído de lá.

Ela arregalou os olhos de surpresa quando Hassan tirou-lhe o pano do rosto. Instantes antes de seu rosto ficar à mostra, a jovem escondeu as orbes verdes, fechando seus olhos novamente. Esperava que Hassan desse uma desculpa para aquilo, pois o conhecimento que ela tinha de línguas estrangeiras era...bem, nenhum, basicamente.

Naquele momento, tudo o que queria era sair dali, ficar longe daqueles guardas e deitar, dormir nem que fosse no chão frio e sujo. Quem sabe o dia seguinte não reservasse boas novas.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySex Dez 03, 2010 11:26 am

(Off: É este o nome mesmo. Certinho, moço Aloisio ^^ Nota 10)

Houve um riso suave entre os homens quando Hassan afirmou que seria enforcado, caso não cumprisse a ordem de seu rei.

- Guilherme, não é...? – disse aquele que parecia o líder da tríade.

Fitando o rosto de Laila, ele trocou olhares com seus companheiros e um deles acenou com a cabeça, de forma discreta. Não eram quem eles estavam procurando e também nada sabiam sobre Laila, Hassan notou.

O soldado observou-o apalpar a algibeira e pelo volume da bolsa de couro, imaginava que não houvesse muita coisa, além do que Hassan afirmava. Permaneceu quieto, por um instante. Então voltou a fitá-los, exibindo expressão mais amena, embora seus olhos cinzentos ainda exibissem um brilho perigoso.

- Talvez esteja dizendo a verdade, Devereaux. – ele declarou, segurando rígido as rédeas do cavalo que começava a mostrar sinais de impaciência. - Infelizmente, você não encontrará nenhuma estalagem ou taberna em funcionamento, cavaleiro. Não hoje. Elas foram fechadas, por ordens de nosso regente, Vladislav Danesti.

Informou, esperando que Hassan entendesse a situação. O país estava mergulhado num rigoroso estado de sítio. Ninguém entrava. Ninguém saia. Atitude de um princípe que temia por uma traição, por um golpe de estado, por sua cabeça degolada. Justificava o porque a aldeia estava tão deserta, ao invés dos habitantes se prepararem para se divertirem nas tabernas.

- Lorde Mircea, devemos partir. Não há mais nada a ser feito aqui. – um dos homens disse, interferindo com a voz suave.

Mircea consentiu com a mesma suavidade, mas sem tirar os olhos de Hassan e Laila.

- Entretanto, há uma igreja aqui próxima, onde vivem cerca de vinte sacerdotes. Acredito que eles não se recusarão em hospedá-los por lá. Só o faça antes de cair a noite, para o bem de vocês. Fica ao norte da aldeia. Sigam em paz e na companhia de Senhor Nosso Deus.

Lançou um último olhar para a jovem ex-odalisca, no mesmo instante que sinalizou para que seus dois companheiros o acompanhassem. Os homens esporearam seus cavalos com toda a força e determinação. Os animais relincharam e sairam em disparadas, desaparecendo nas margens de um entardecer sombrio e silencioso.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySex Dez 03, 2010 5:18 pm

O sufi esperou que os homens terminassem seu discurso. Muitas informações vieram à tona e, quando soube que dependeria da estadia em uma igreja cristã, prendeu a respiração pra não deixar aparente sua insatisfação. Com cortesia, respondeu ao homem, que já estava de partida.

- Agradeço pelas informações, lorde. Que o Senhor os acompanhe!

Hassan respirou aliviado quando os homens se foram, não falando mais nada por alguns instantes. Então, o regente era Vladislav Danesti. Buscou em sua memória informações a respeito do chefe romeno, mas estava muito cansado para se lembrar com exatidão. Esporeando lentamente seu cavalo em círculos lentos, parecia se preparar para o que viria a seguir. Estaria indo longe demais com seu disfarce? Até que ponto fingir-se cristão teria implicações com suas próprias convicções e virtudes? Precisaria ir tão longe para fazer o que é certo? Valia mesmo a pena arriscar tudo por causa de uma criança que ele mal conhecia?

Mehmet tinha força, poder e muito mais influência que ele. Por um momento, sacudiu a cabeça, tentando pensar com clareza. Parecia prestes a desistir, mas não podia. Não depois de encarar Laila, após um relance de pseudo-desespero. Os olhos verdes e a expressão inocente e tão solitária, implorando por liberdade, ajuda, justiça... não, ele não poderia voltar atrás. Já tinha ido longe demais. Deveria continuar sendo Jean Devereaux. Ele é que dormiria em uma igreja cristã, e não Hassan.

- Vamos, Laila. Parece que vamos conseguir abrigo.

Limitou-se a falar pouco e esporeou o cavalo devagar, aumentando o ritmo para começar a procurar pela igreja. Queria mesmo estar na construção antes do anoitecer. Aquelas terras sem dúvida pareciam por demais sombrias - até mesmo para ele.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 4:22 am

O mundo parou de mover-se. Era somente um quadro onde Hassan, a comitiva militar e ela própria eram o centro de toda a pintura. Laila odiava quando o medo tornava-se maior que sua vontade de justiça e liberdade. Também odiava não pode controlar isso. Nenhum ser humano conseguia, era verdade, porém isso não diminuía sua revolta.

Ela ouvia atentamente a breve conversa entre Hassan - que chamava a si próprio de Jean -, os soldados e o nobre que ali estava. A jovem sentia os olhares dos estranhos recaírem em si e no falso soldado francês. Isso fez seu corpo encolher-se um pouco mais, ficando ainda menor em relação aos homens. O que poderia ser interpretado como gesto de submissão de uma serva, o que ela fingia ser.

Seu coração batia rapidamente e estava pequeno de tanto medo. Sensação esta que sumiu aos poucos quando os homens viraram as costas em partida. Ficou alguns minutos imóvel, voltando a respirar somente quando Hassan disse-lhe para seguirem caminho. O suspiro foi silencioso, porém longo, o que aliviou a tensão no corpo de Laila. Ela instigou suavemente seu cavalo para continuar ao lado do homem, e ficou muda por alguns segundos. O tempo que levou para ver o rosto de seu acompanhante e notar alguma dúvida em seu olhar. Não culpava-o, apesar de tudo. Que obrigação ele,o granbde Hassan Saladino, tinha com uma odalisca fugitiva como Laila?

Com uma das mãos, mexeu de forma ansiosa nos cabelos ondulados, quase como se desejasse uma distração que a levasse para além da tensão e da fuga em que os dois encontravam-se. À medida que cavalgavam, a noite começava a imperar mais e mais, como um manto negro que perseguia a luz do dia. Muito diferente das noites maravilhosas de seu país.

Estava preocupada com o lugar aonde passariam a noite. Não fazia idéia de onde seria:

- O que vocês conversaram? Aprendi muito pouco da língua deste país, não entendi direito o que falavam. Onde passaremos a noite?
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 7:13 am

(Off: Hassan e Laila podem interagir ^^ Não irei me manifestar ainda neste turno)
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 9:08 am

(*netuska Renata* Mas que...filha da mãe .-.''...*Aloisio* ARRÁ!! \o/)
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 9:22 am

(Off: Sou mesmo ô.o e do pai também XD É só para aparentar que a cavalgada não foi curta e uma oportunidade para Laila e Hassan interagirem)
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 5:07 pm

Hassan cavalgou lentamente, para poder conversar com Laila. Além disso, não queria levantar mais suspeitas do que já tinha feito. A igreja ao norte do vilarejo não poderia estar muito longe, de qualquer maneira.

- Eu apenas tentei evitar que fôssemos queimados ao alvorecer. Aqueles homens pareciam lobos famintos. Cada vez mais fica difícil manter o disfarce, mas espero que não precisemos passar muito tempo aqui. De qualquer maneira, algo está acontecendo na Romênia. O regente mandou fechar estalagens e tabernas. O líder falou o nome do regente: Vladislav Danesti. Conheço-o de algum lugar, mas não me lembro exatamente.

O árabe fez uma expressão pensativa, e seu olhar se perdeu no horizonte por alguns instantes, fazendo uma pausa antes de continuar falando.

- Por sorte, há uma igreja ao norte do vilarejo, onde vivem vinte sacerdotes. Com o meu disfarce, é bem provável que eu consiga abrigo e uma refeição para nós dois. Na manhã seguinte, partiremos.

Então, de súbito, Hassan teve um estalo. Laila esteve dentro da cidadela conquistada pelos cristãos durante bastante tempo. Talvez ela soubesse mais das nuances políticas daquelas terras do que o próprio sufi.

- Diga-me... você ficou bastante tempo ao redor dos cristãos. Conheceu muitas pessoas, provavelmente, e deve ter ouvido muitas coisas relevantes. O nome do homem que liderava o bando era Mircea. Sabe algo sobre ele?
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 5:54 pm

Laila ficou calada quanto à primeira parte da conversa. Mas tentava imaginar quão comum eram nomes que começavam com "Vla" na terra natal do Conde Tepes. Um pensamento infantil, claro, e que fez a menina dar uma risada baixa, porém gostosa. O momento de humor cessou quando Hassan disse que eles passariam a noite numa igreja.

Ela mesma nunca tinha visto igrejas antes. Lembrava das conversas do Sultão, que elas eram templos de oração, tão grandes e às vezes maiores que as mesquitas. Também já ouvira que os modos de rezar eram bastante parecidos, só que para deuses diferentes em nomes. Quando escutou pela primeira vez estas histórias, a garota perguntou o porquê de tantos embates, se todos oravam de forma parecida. E recebeu uma resposta simples: cristão não gostavam que seu Deus estivesse errado, e desejavam provar pela força que estavam certos.

Hoje, Laila não sabe mais quem está com a razão naquela guerra estúpida.

Ao ouvir a nova pergunta de Saladino, ela cerrou um pouco os olhos, tentando lembrar-se de onde ouvira aquele nome. Mircea...Mircea...foi então que um pequeno estalo de lembrança surgiu em sua cabeça, enquanto a resposta vinha em sussurros que somente Hassan poderia ouvir:

- Mircea...ouvi seu nome numa conversa entre o Barão, o comandante Daniell e o outro rapaz que não gostava de mim. Aquele com rosto afeminado. Parece que Mircea é amigo dos nobres que estão no front. Influente. Fora isso, nada mais sei. Desculpe.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 6:08 pm

Hassan ouvia impassível a resposta de Laila. Se Mircea era conhecido por aqueles que estavam na cidadela, era bem possível que se pusesse a procurar Hassan quando as notícias chegassem ao vilarejo. Por sorte, era improvável que os cristãos atravessassem o deserto de madrugada, devido ao frio insuportável. Com isso, estariam provavelmente seguros durante a noite.

Laila parecia ainda bastante na defensiva, mesmo depois de ter passado por tanta coisa com Hassan. Mas ele a compreendia. Não confiava nos homens. Para ela, todos eram ou iguais a Mehmet, sem escrúpulos e totalmente pervertidos ou iguais a Ari que, na visão dela, a abandonara à própria sorte. Contudo, Hassan não pretendia fazer o mesmo. Falando suavemente, tentou deixá-la mais à vontade.

- Não precisa se desculpar. Suas informações foram bastante úteis. Através delas, sei que temos que partir o mais cedo possível desse lugar. Viraremos alvos fáceis quando Mircea souber dos acontecimentos da batalha. Vamos, não percamos mais tempo.

E então o sufi esporeou seu cavalo para ganhar um pouco mais de velocidade. Percebendo que Yago já estava novamente ao alcance de sua visão, assobiou instruções para sua ave, de modo que ela se dirigiria ao norte, patrulhando a área antes que o casal lá chegasse. A partir daquele momento, Hassan só pararia sua cavalgada quando se aproximasse da igreja.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySáb Dez 04, 2010 7:33 pm

Após alguns momentos, Hassan e Laila pararam diante de uma sombria igreja. Era feita de lindos trabalhos em pedra cinzenta escura, grossas e sólidas, parecendo talhadas por mãos não humanas. Suas altas e imponentes torres eram feitas de concreto, e a do centro, em forma piramidal, estava coroada por uma enorme cruz que se erguia sobre a aldeia. Trepadeiras escalavam as paredes e os pequenos vitrais estavam cobertos de um pó branco. Nos fundos se notava os grandes túmulos de pedra, e enormes e intricadas esculturas de criaturas aladas, anjos de pedra, com suas asas estendidas para o alto e rostos afeminados.

A construção mantinha seu ar sereno e deserto, mas algo os congelava. Para um lugar santo, onde nenhum mal poderia entrar por suas paredes, parecia envolta em trevas. Pela rua, algumas tochas lutavam com um esforço valente contra a negritude. Diferente das diversas cores que enfeitavam as ruas do Império Otomano, e que pareciam trazer alegria, tudo na Romênia tendia a uma cor funestra.

As grandes portas duplas da entrada da igreja estavam fechadas com barras de ferro. Mas não parecia abandonada. Em seu interior, era possível ver uma luz distinta através das frestas e vitrais, mesmo que débil.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyDom Dez 05, 2010 10:11 am

Laila fez seu cavalo parar lentamente, enquanto descia dele e segurava-lhe as rédeas. Estava cansada e o que mais desejava no momento era dormir. Tudo corria bem, até seu rosto mirar com mais atenção a igreja, com suas torres e o enorme crucifixo. Então...aquilo era um templo cristão. Nunca vira um assim, tão de perto. E não conseguia entender como algo que deveria trazer a sensação de paz poderia causar medo e frio na espinha.

Passeou os olhos pelo local. Avistou então o cemitério e as figuras dos anjos, que tinham a função de confortar os corações que entes queridos ainda viventes, cada vez que vinham orar por seus falecidos. Para Laila, no entanto, aquelas estátuas eram sinistras. Sua voz não saiu quando seus lábios agradeceram às palavras de Hassan, mas as mãos da garota envolveram o braço direito do sufi assim que ele desceu de sua montaria. Andou a passos pequenos e temerosos com ele até os portões da igreja, aparentemente fechada. O Sultão Mehmet já havia contado muitas coisas sobre os vários países da Europa, mas nunca mencionou o quão sombria era a Romênia.

As luzes bruxuleantes dentro da construção religiosa não tornavam-a menos tenebrosa. Com a voz um pouco mais alta que um sussurro, ela perguntou, sem olhar diretamente para Hassan:

- V...v-vamos passar a n-noite aqui?? Como vamos chamar as pessoas que moram dentro desta...deste lugar?
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Hassan Kabuk Saladino

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyDom Dez 05, 2010 5:22 pm

Hassan parecia bastante surpreso pela aparência sinistra daquela construção, que deveria ser um templo de purificação e adoração - ao menos para os cristãos. Conhecia bastante sobre a religião deles, mas nunca esperaria em sua vida ver uma igreja de aspecto tão pouco semelhante às demais que conhecera.

O sufi desceu do cavalo, ainda contemplando todos os ricos detalhes daquela tenebrosa edificação. Foi quando sentiu Laila segurando em seu braço. Sentiu a necessidade desesperada da odalisca de alguma confiança. Com a mão esquerda, ele afagou a mão de Laila, enquanto tentava reconfortá-la.

- Não se preocupe. Tenho certeza que, por dentro, o ambiente será bem mais aconchegante. Os homens que aí residem são sacerdotes cristãos. Chame-os de padres ou de sacerdotes, mas apenas se eles lhe perguntarem algo. Lembre-se do nosso disfarce. Sou um cavaleiro francês ferido que precisa de abrigo para passar a noite, e você é minha aia.

Tendo dito isso, ele caminhou juntamente com Laila até as portas da frente da igreja, que provavelmente estavam fechadas. Levando seu cavalo com uma das mãos, pelas rédeas, ele procurava algum lugar para deixar suas montarias. Soltando Laila por um instante, ele alcançou a alça de ferro presa à porta da frente e, usando-a contra a madeira com força, bateu à porta três vezes. Depois, afastou-se alguns passos, esperando ser atendido.
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Conde Vladislaus Tepes
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyDom Dez 05, 2010 8:33 pm

As batidas na porta soaram mais altas do que Hassan esperava produzir. Uma sombra surgiu atrás dos vitrais, observando-os. Então se afastou. Não demorou muito para ouvirem o som seco e metálico das barras de ferro a serem afastadas. Então a porta rangeu sem escrúpulos e se abriu, mas não muito.

Um jovem sacerdote os espiou pela estreita brecha. O corpo dele, ricamente trajado pela sobrepeliz sobre a batina negra sacerdotal, permanecia junto a porta e cobria qualquer visão que eles poderiam ter do interior. Pendurado em seu pescoço, o símbolo que os cristãos carregavam com tanto orgulho em suas batalhas, um crucifixo.

Mesmo mergulhado nas sombras, a luz da tocha na parede o iluminava parcialmente. Ele parecia muito com as figuras angelicais que protegiam os túmulos do cemitério. Seu rosto era harmônico, os cabelos cacheados e dourados, a pele extremamente pálida e olhos da cor de um céu de meio-dia no verão. Entretanto, sua semelhança aos anjos apenas se limitava na aparência física. O olhar, a maneira de falar, o jeito sutil de gesticular e os sorrisos e contrastes, eram a de um diabo arguto.

- Oras, mas o que temos aqui... – sorriu, a voz suave, levemente divertida. - Ovelhas perdidas do rebanho a esta hora da noite. – analisou-os de cima a baixo, obsevando as vestes surradas. – Se vieram aqui pedir esmolas, apareçam amanhã de manhã depois da missa. – disse, enquanto começava a fechar a porta.
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Hassan Kabuk Saladino

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptySeg Dez 06, 2010 3:29 pm

Hassan se adiantou, segurando a porta, fingindo mais desespero do que realmente estava sentindo.

- Por favor, espere! Em nome do Altíssimo, eu vos rogo: dê-nos abrigo esta noite. Sou um cavaleiro cristão, servindo sob a bandeira do rei Guilherme. Meu nome é Jean Devereaux. Tenho o bastante para pagar o meu dízimo e o de minha aia. Estou ferido devido à terrível batalha da qual participei. Por favor... preciso me recuperar dos meus ferimentos. Prometo que deixaremos a igreja assim que alvorecer.

Hassan mostrou o crucifixo que Ezequiel tinha lhe dado e apalpou a gorda algibeira de pedras preciosas que fora cedida por Ari. Curioso como presentes de dois mundos diversos puderam servir tão bem a ele. Ele representava tão bem que poderia enganar Laila caso ela o conhecesse pela primeira vez naquele momento. Hassan estava muito ferido e cansado, mas nunca demonstraria fraqueza. Porém, era necessário despertar tanto a piedade cristã quanto a avareza dos membros mais corruptos. Fosse qual fosse a motivação do sacerdote que lhe atenderia, ele tinha certeza que conseguiria o que desejava.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQua Dez 08, 2010 7:50 am

Laila arregalou os olhos quando o jovem sacerdote começou a fechar os portões. Ela ia gritar para que o rapaz não fizesse aquilo - apesar de ter certeza que ele não entenderia árabe -, mas não foi necessário. Hassan pediu em nome do Deus dos europeus.

A jovem olhou discretamente para ele,admirada com a esperteza e a atuação excelente do homem. Quase perguntou se ele era mesmo Hassan Saladino ou usava este nome para andar livremente entre os árabes. Só não o fez por conhecer muito bem os traços de um europeu; Hassan não os tinha. Seu trunfo era a atuação impecável.

Manteve-se calada e de rosto abaixado, rezando mentalmente para que Allah fizesse o coração do rapaz de dentro da igreja amolecer um pouco. Ou ceder às negociações do falso Jean. Mantinha sua agitação longe de seu corpo, guardada num canto de sua cabeça. Era só uma noite, e logo fugiriam novamente dali. Não sabia quanto à Hassan, porém ela própria tinha a certeza de sentir-se deslocada em qualquer lugar, ultimamente.
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MensagemAssunto: Re: Quinta Tarde   Quinta Tarde EmptyQua Dez 08, 2010 11:40 am

Fitou Hassan com interesse, quando se apresentou.

- Um cavaleiro?

Abriu um pouco mais a porta, notando os cavalos e depois estudou as feições de Laila. Surpreendeu-se ao constatar que se tratava de uma mulher, mesmo suja e vestida em trapos. Olhou para a algibeira que Hassan lhe demonstrava e sorriu com divertimento. Compreendia muito bem o que Hassan queria dizer com aquilo.

- Tentar corromper um padre é pecado, nobre Jean. – disse, numa falsa repreensão e demonstrando pouco interesse pelas pedras que, provavelmente, o homem recolhera em sua jornada nas terras sagradas. – Poderá deixar o que quiser para ajudar a pagar as despesas, mas sem qualquer compromisso. Você e sua aia não precisam pagar pela estadia. Afinal, aqui é a Casa de Deus, não é? - Sorriu faceiro. Olhou para Laila por um momento e então gesticulou de leve com a cabeça. - Entrem.

Quando as portas santas foram abertas, podiam ver o altar ricamente adornado. Sobre a mesa do altar, coberto por um linho branco, o cálice com a patena e uma bíblia. O interior era mais aconchegante, como Hassan presumira. As paredes revelavam imagens de anjos e cenas da crucificação de Jesus. Os castiçais com velas acesas estavam em volta de todo o altar e era a luz que Hassan e Laila tinham visto iluminar o interior ainda do lado de fora. Pendurado na parede do altar, uma enorme cruz com a imagem de Jesus crucificado.

- Perdoe por confundi-los com pedintes. – riu suavemente ao recordar. - Estes são os que mais visitam a Casa de Deus ultimamente. Estão procriando e infestando as ruas como ratos.

Com as portas trancadas, ele virou-se, observando-os. A luz contra sua face o deixava ainda mais pálido. Poderia compará-lo a Lúcifer, um rosto angelical, modos gentis e um olhar tão serpentino.

- Meu nome é Pierre Deneuve. Sou enteado de Conde Dracul e filho da Condessa Catherine Deneuve Tepes. Seminárista de St. Michel.
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