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| Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições | |
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Autor | Mensagem |
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Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Ter Fev 03, 2009 7:27 pm | |
| Hassan via que o mouro ameaçava Ezequiel, mas este conseguiu se livrar. Hassan percebeu a habilidade com a cimitarra de seu oponente e logo freou sua corrida, cruzando as espadas para que ele pudesse girar seu corpo e encarar seu oponente de forma adequada para o combate. Seu oponente não era qualquer um, mas Hassan muito menos. A batalha, então, iniciou-se. Hassan colocou-se em uma postura altamente defensiva, com as pernas separadas e as duas mãos sobre a falcione, para manejá-la mais rapidamente. A cimitarra era uma arma leve e de fácil manuseio, ao contrário da falcione, que exigia quase sempre as duas mãos para manejo. O inimigo estocou-o no peito, ataque rebatido por Hassan para baixo. Então, avançando, o mouro desferiu um corte da esquerda para a direita na perna esquerda de Hassan, subindo depois com um golpe para acertá-lo no tórax e no queixo. Hassan apenas deu um passo para trás para evitar o primeiro golpe, e colocou a falcione na frente de si para evitar e defletir o segundo corte. Então, o inimigo girou o corpo rapidamente, em um golpe que Hassan já conhecia. Agachando-se, Hassan dobrou o corpo para trás e, quando o inimigo girou, com a cimitarra executando uma linda varredura em diagonal, que pegaria do joelho até a cabeça, Hassan apenas aparou o golpe com a lâmina da falcione em posição reta, utilizando seu pé esquerdo para chutar a mão de seu inimigo com força, obrigando-o a soltar a espada. Com o mesmo pé, completando o movimento, Hassan passou-lhe uma rasteira, obrigando seu oponente a ir ao chão. Percebendo que a confusão ainda era generalizada e que as atenções não estavam totalmente nele, Hassan apenas disse ao seu inimigo, em árabe, com autoridade.
- Escape, e conte ao sultão que Hassan conseguiu se infiltrar, apesar de vários reveses, como você pôde ver aqui. Vá. Allah não quer que você entregue sua vida hoje a ele. Viva para poder entregá-la em outro combate que realmente valha a pena.
Hassan então embainhou a falcione e chutou a cimitarra para longe, para se certificar que o árabe entendera a mensagem. Obviamente, algum árabe fatalmente escaparia daquela emboscada e acabaria contando ao sultão sobre tudo o que aconteceu, mas alguém deveria escapar para contar ao sultão simplesmente que Hassan tinha sido bem-sucedido em sua missão, pois isso o faria ganhar tempo. Ao ver Ezequiel em dificuldades, Hassan correu até onde o mouro estava, a tempo de levá-lo à inconsciência com um golpe surpresa. Com um pouco de dificuldade, conseguiu chegar até onde estava Ezequiel. Então, voltou a assumir o disfarce.
- Que Deus me perdoe, senhor Ezequiel, pelo que tive que fazer hoje, mas foi necessário para proteger a sua vida. Que o senhor também me perdoe...
Hassan ajoelhou em frente a Ezequiel, parecendo sinceramente envergonhado e arrependido, de cabeça baixa, como se esperasse o perdão da criança. | |
| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Ter Fev 03, 2009 11:59 pm | |
| Daniella continuava seu caminho, não deixando nenhum dos homens que estivessem em seu caminho lhe impedirem de chegar ao jovem principe.
Seu cavalo passava sobre os corpos com preça, e quando a garota chegou finalmente ao garoto Ezequiel ela parou seu cavalo, deixando-o finalmente descansar. Olhou em volta, vendo o tal Jean, ao qual era o outro objeto de troca.
- Desculpe não ter tempo para festejar, mas temos que voltar para o acampamento o mais rápido possivel.
Ela falou séria, não olhando diretamente nos olhos de Ezequiel. Esperou que outros soldados viessem para poder ajudar a levar os dois cavalheiros. Escutou sobre o prisioneiro Ari e sobre o que os soldados diziam tê-lo visto fazer, arqueando a sobrancelha, mandando que o levassem junto como prisioneiro até segundas ordens.
Agora que haviam conseguido o que queriam, não precisavam continuar aquela batalha.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:39 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Laila Al Hashid Zawari
Mensagens : 83 Data de inscrição : 10/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qua Fev 04, 2009 10:48 am | |
| Laila chegou a ficar desapontada com as palavras de Heitor. Para ela, era tudo muito simples e fácil: entregaria-se, e Ezequiel sairia vivo, sem mais sequelas.
A garota abaixou a cabeça, suas forças para discutir simplesmente acabando. Estava cansada demais, dormiu pouco e o próprio Barão disse que ela teve muita sorte em sobreviver aos ferimentos ainda não totalmente curados. Apenas olhou uma vez mais para o Duque, cheia de mágoa e decepção. Virou-se de costas, puxando suavemente uma das mangas da blusa de Heitor. Não queria ficar sozinha.
Deitou-se novamente na cama feita para ela, cobrindo-se com o lençol e encolhendo-se quase como uma bolinha humana. Falava mais baixo, suspirando e coçando os olhos, a voz ficando sonolenta e embargada:
- Não quero que ele se machuque...será que é tão complicado assim entender?! Ele é mais novo que eu! Me leve, senhor Heitor...salve o Ezequiel.
Sua voz diminuiu um pouco mais e mais, até Laila finalmente cair num novo sono. Adormeceu segurando uma das mãos do homem, como uma garotinha que precisava da proteção do pai. Ela falou de Ezequiel como se ele fosse bem mais jovem que ela. Mas Laila esquecia-se de que, tanto quanto o menino, era só uma criança, no meio de uma guerra insana. Tão vítima quanto o protegido de Heitor. | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qua Fev 04, 2009 11:56 am | |
| Ação para Aloisio e Vanessa:
Estevão tentava juntar os cavalos dos sarracenos mortos, mas estava sendo uma tarefa difícil. Muitos dos cavalos se encontravam ariscos e nervosos, não deixando que o cavaleiro tomasse suas rédeas. Quando conseguia uni-los, eles logo dispersavam. Alguns homens começaram a ri, achando engraçada a situação do ruivo que começava a praguejar contra aqueles animais imbecis.
Ari abriu um suave sorriso. Então assobiou, fazendo os cavalos voltarem suas cabeças em direção ao daroga.
- Venham, meninos. – Ari disse com uma voz suave.
Os cavalos obedeceram, se juntando. Estevão bufou, fazendo uma expressão ainda mais irritada. Os cristãos não deixaram de ri novamente. Viram como o chefe da guarda, aparentemente despreocupado, como se estivesse lidando com qualquer um dos trabalhos cotidianos de sua vida, havia reunido alguns cavalos dos sarracenos mortos, atrelado uns aos outros pelo pescoço para impedir de irem longe, e com toda paciência pedir para os cristãos amarrarem cada morto em seu cavalo, para manter os animais um pouco tranqüilos.
Os cristãos aproximaram-se dos cadáveres e arrastaram seus corpos até os cavalos, amarrando-os e percebendo que o engenhoso árabe tinha razão. Então, guiaram Ari para seu próprio cavalo. O andar de Ari era vagaroso, quase sombrio, mas possuía uma dignidade que era absolutamente perturbadora. Uma vez que se encontrava montado sobre o bonito animal, acariciou seu longo pescoço mostrando amor por ele durante tanto tempo quanto lhe fosse possível, antes de deixar amarrem seus pulsos à frente do corpo, ao qual ele não questionou.
Ezequiel virou-se assustado. O medo desapareceu de seu coração vendo que era Jean, o rosto pálido subindo lentamente a cor. Com as palavras de Jean e o profundo arrependimento que demonstrava, Ezequiel deu um sorriso gentil, os olhos brilhando como duas estrelas na cor da noite.
Ele levou a mão no ombro de Hassan.
- O senhor é um homem muito distinto e dedicado, monsieur Jean. É um bom cavaleiro. Se não fosse o senhor, estaríamos condenados. O que fez a mim hoje, não será esquecido. Será devidamente recompensado, eu garanto isso.
Ezequiel voltou os seus olhos ao que antes foi o campo de batalha.
- Esses homens não são infiéis. Eles acreditam no Deus deles com o mesmo fervor que nós acreditamos em nosso Deus e em Jesus Cristo. Não há nada que podia ser feito. Deixemos descansar os mortos é o que nos resta fazer.
Ele ergueu os olhos e encarou o rosto daquela que se aproximava deles sobre um cavalo branco. O rosto de Ezequiel iluminou-se, quando reconheceu Daniella. De repente, voltando-se disse, com uma expressão interrogativa.
- Comandante Daniell...
Fez uma pausa, quando Daniella alertou-os que não havia tempo e que deveriam voltar para o acampamento o mais depressa possível. Lentamente a luz desapareceu do rosto de Ezequiel. Os lábios cerraram-se-lhe. Ezequiel ficou parado e pensativo, observando-a com surpresa. Via o rosto dela tingido de uma máscara gelada e rígida. Ele desviou os olhos. Ela estava decepcionada. E pelas aparências, ele pensou que estava decepcionada com ele.
- Sim, meu senhor. – Ezequiel respondeu, exprimindo-se com simplicidade.
O jovem rapaz levantou-se e deu um olhar constrangido para Hassan, percebendo que Daniella evitava olha-lo. Então abaixou os olhos, como que desejando esconder a amargura, não despregando o olhar das mãos que estavam juntas a frente de seu corpo, como se, de repente, tivesse desenvolvido um enorme fascínio pelas próprias unhas e os anéis que enfeitavam seus dedos.
- Milorde. Este homem se chama Jean Devereaux. É um cavaleiro francês a serviço do rei Louis XIV. Este cavaleiro protegeu a minha vida.
Ele virou o rosto na direção de Estevão que se aproximava com dois cavalos seguros por rédeas.
- Comandante. – disse o ruivo. - Cavalos para esses dois aventureiros. | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qua Fev 04, 2009 3:04 pm | |
| Ação para Marys:
Realmente o barão não via outros modos de salvar o jovem príncipe, se não entregasse Laila. Entendia as pretensões de Casimir. Embora o homem tivesse sido rude em suas maneiras, ele estava encoberto de razão. O príncipe era importante e Ezequiel era importante para ele.
Cinco minutos depois de Laila adormecer, uma nova presença se fez no quarto.
- Você deveria ser o primeiro a me receber, Barão. E não meu primo Casimir.
Heitor olhou para a entrada da tenda, observando o visitante. Pestanejou duas vezes, como se saísse de um transe. O barão levantou-se de seu assento, colocando cuidadosamente a mão da menina ao lado do corpo dela. Ele ajoelhou-se em profunda reverência, beijando o anel do rei.
- Majestade...
O rei virou-se, e moveu-se sem ruído pela tenda, como um fantasma que, contudo, parecia ser. Usava uma máscara de cerâmica negra que encobria seu rosto e um manto da mesma cor com três cruzes douradas bordadas. Nenhuma camada de sua pele era vista, nem mesmo as mãos que eram protegidas por grossas luvas negras e a cabeça por uma mantilha. Apenas seus plácidos olhos azuis eram visíveis, suas pupilas constantemente dançando pela tenda, até alcançarem a figura da bela menina adormecida em lençóis de cetim.
- Quem é o pequeno passarinho?
- O nome dela é Laila, meu senhor. É uma fugitiva do palácio do sultão Mehmet.
Mesmo por detrás da máscara, o Barão tinha a certeza que o rei franzia o sobrolho, enquanto refletia. Àqueles olhos sempre esbanjaram reflexão, desde que Guilherme era tão jovem e saudável, quanto Ezequiel hoje era. E parecia ser tão pouco tempo. E era. Guilherme deveria ter a mesma idade de Daniell agora.
- Ah, Mehmet. Não me precisa dizer mais nada, Barão. – ele olhou para Laila. - Um passarinho que fugiu da gaiola.
O rei levou a mão ao cabo da espada presa a sua cintura.
- Desta vez vou lutar com ele. – afirmou o rei corajosamente. – Desta vez eu vou vencê-lo, você vai ver. | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qua Fev 04, 2009 5:07 pm | |
| - Já sou recompensado com a sua saúde e bem-estar, meu senhor. Nada mais quero ou preciso. Deus me recompensará quando eu o encontrar, se assim Ele achar adequado.
Hassan apenas observou as palavras do príncipe, aproveitando a pausa para esquadrinhar o campo de batalha. Ao ver que a batalha já estava perdida para os árabes, assobiou discretamente em tom inaudível um comando para que Yago apenas o seguisse de longe de passasse a caçar para se alimentar. Ao perceber que o comandante se aproximava, levantou-se para assumir uma postura de vassalagem, enquanto respondia a Ezequiel.
- É verdade, mas tanto a Bíblia como o Alcorão são interpretados da forma que mais lhes aprouver, contanto que isso envolva a disputa de poder e terras, o que é uma pena. Ah, comandante Daniell...
Hassan fez uma profunda mesura e esperou até Ezequiel terminar de apresentá-lo, para acrescentar.
- Vim de Marselha, onde servi dez longos anos à santa igreja. Espero que minha espada ainda possa ser usada a seu serviço, comandante.
Ele apenas acenou positivamente ao ouvir a ordem de Daniella, enquanto demorava seu olhar sobre ela sem que esta notasse. Era curioso como poderia uma comandante ser tão firme e tão formoso ao mesmo tempo. Não parecia ostentar marcas de batalha, e se movia com uma graça incomum para alguém que carrega uma pesada armadura em seu corpo. Os cabelos longos e os olhos rubros também eram motivo de mistério para Hassan. Quem, na verdade, seria Daniell? Suas vitórias eram famosas e Hassan soubera de suas estratégias nada ortodoxas, até mesmo imitando métodos dos muçulmanos. Seria ele um cristão, afinal? Perdido em pensamentos, demorou a notar que Ezequiel parecia desanimado. Então, tratou de animá-lo, conversando em francês, enquanto caminhava para perto de onde Ari estava.
- Meu senhor, não fique desanimado. Como o senhor mesmo disse, esses homens morreram pelo que acreditavam e o senhor não precisará viver com o estigma de ter sua vida trocada pela danação de uma menina. Creio que Deus está agindo aqui, e continuará agindo a nosso favor. Não perca a fé. | |
| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qui Fev 05, 2009 9:01 am | |
| Daniella olhou os cavalheiros se divertirem e sorriu um pouco. Afinal em algum momento eles tinham que tirar o stress de cima de si, mesmo que fosse caçoando uns aos outros.
Voltou seus olhos para poder olhar o jovem principe, mas sem olhá-lo diretamente.
Ela viu como aquilo havia deixado o garoto entristecido, provavelmente esperava que Daniella o recebesse com um abraço, mas a verdade que ela ainda possuia culpa por isso ter acontecido com o jovem e não via coragem ou tempo para obter a coragem precisa para tal ação.
Escutou-o apresentar-lhe o homem que estava ao seu lado e acenou com a cabeça.
- Espero que sim, já que teremos uma grande batalha em pouco tempo.
Pelo menos, por parte de Daniella, não houve suspeita de Hassan, ou Jean. Estava um pouco cansada e havia corrido o dia inteiro e não deu muita atenção, acreditando der verdade o que os dois falavam.
Suspirou, olhando Estevão chegar com dois cavalos para os dois ex-prisioneiros. Acenou com a cabeça novamente.
- Obrigado, Estevão. Chame os outros, estamos voltando agora para o acampamento. Infelizmente não temos muito tempo a perder.
Ela esperou que os dois montassem em seus cavalos e foi até o de Ezequiel, colocando-o paralelo ao seu e depois fazendo ambos começarem a correr. Queria conversar com ele, mas não sabia como começar. Não conseguia nem olhá-lo dirento.
Depois de um tempo, quando os outros homens ficaram mais atras, dando um espaço mais reservado aos dois, ela suspirou para chamar-lhe a atenção.
- Desculpe-me.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:40 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qui Fev 05, 2009 12:40 pm | |
| Ação para Aloisio e Vanessa:
Ouvindo as novas ordens de Daniella, Estevão acenou com veemência e partiu. Ezequiel descia com cuidado para não escorregar, acompanhando Hassan. Ele deu um sorriso forçado ao ouvir suas palavras, notando que Jean tinha apercebido de sua melancolia.
- Obrigado, Jean. Mas o que vi esta tarde no acampamento dos sarracenos, marcará meu coração como um estigma que levarei pelo resto de minha vida. Deus nos mostrou hoje o verdadeiro objetivo destas Cruzadas. Tenho fé em Jesus Cristo que o bem ainda se erguerá sobre o mal.
Ari seguiu Hassan com os olhos verdes como os de um gato, enquanto ele se aproximava. O daroga sabia que o homem estava trabalhando como espião para Mehmet e parecia cumprir seu papel de forma exemplar. Tendo o conhecimento que Hassan era esperto como uma águia, não duvidava que o sufi suspeitasse que fosse ele quem atraiu a atenção dos cristãos para aquele lado do vádi e armado assim a emboscada contra os sarracenos.
Ezequiel carinhosamente apalpou o pescoço do animal. O cavalo levantou a cabeça, soltou um relincho e sacudiu a crina, com as ventas infladas, enfiando o nariz no peito dele. Ezequiel perdeu o equilíbrio e, rindo, caiu sentado.
- Espera aí, rapaz, eu dou uma ajuda. – disse Estevão.
Ele ajudou Ezequiel a se levantar. Depois, o garoto montou no lombo do animal, pegando as rédeas. O cavalo deu uma boa patada no chão sem sair do lugar.
- Você está bem acomodado? – perguntou Estevão.
O príncipe sorriu e acenou com a cabeça. Ezequiel se virou para olhar a jovem comandante que apanhava as rédeas de seu cavalo e o puxava para mais próximo de si. Ao vê-la, Ezequiel sentiu choque e adoração. Ele engoliu em seco e permitiu que ela os guiasse mais à frente.
À medida que os homens recuperaram as forças e os ânimos exaltados cederam, Estevão montou em seu cavalo ao lado de Hassan, dizendo:
- Ouvi falar que é francês. – ele estendeu a mão a Hassan. – Sou francês, também. Meu nome é Estevão.
O céu era de uma escuridão fora do comum. Era certo que uma tempestade estava chegando. Podia-se ouvir a brisa encrespando nas rochas do vádi e o vento a lhes soprar o rosto, enquanto desciam por um caminho estreito, serpeante, que os levava ao final do vádi.
Ezequiel sabia que devia estar com uma aparência terrível, sujo e faminto. O rosto do menino estava todo encardido e havia algumas escoriações, os pulsos marcados pelas cordas apertadas. Alguns fios de cabelo claro estavam jogados no rosto abatido e nos olhos azuis espaçados.
Ouvindo o pedido de desculpas, o olhar que Daniella recebeu em resposta foi em parte de descrença, em parte de curiosidade. O menino olhou para Daniella, examinando seu rosto e o brilho avermelhado de seu olhar.
- Eu não compreendi, comandante. Por que me pede desculpas?
O príncipe tornou a se calar. Ela podia ouvi-lo tossir fortemente, a mão em forma de concha ser levada aos lábios.
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| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qui Fev 05, 2009 5:54 pm | |
| Daniella ficava observando os movimentos de seu exercito e do garoto, querendo ver se estava tudo certo para sua partida. Respirava um pouco mais calmamente agora que teve tempo para tomar folego.
Olhava enquanto o jovem subia em seu cavalo, mas ainda sem focar nele em si, pensando um pouco. Não sabia o por que estava agindo daquela forma. Talvez tivesse realmente obtido um sentimento protetor sobre aquele garoto que ainda não sabia de nada sobre o mundo e foi obrigado a ver tanta coisa naquela tarde.
A garota não estava a mais bela das mulheres no momento, a verdade era que suas vestes estavam sujas de sangue, assim como algumas partes de seus cabelos loiros. O rosto estava manchado, mas ela parecia já ter tentado limpar as gotas de sangue que lhe cairam sobre a face que continuava palida mesmo depois de meses naquele sol.
Ezequiel poderia ver o cansaço e a preocupação ainda presentes nos olhos vermelhos da jovem moça, em como ela tentava se manter dura mesmo durante tudo aquilo. Ela ainda era uma mulher e uma reação natural seria ela ter chorado em algum momento, coisa que ela não havia feito desde que começou aquela loucura.
Escutou sua pergunta, olhando-o finalmente nos olhos.
- Eu deveria ter mandado mais homens para lhe proteger... Não certo de minha parte deixá-lo desprotegido desse modo.
Suspirou depois escutando a tosse do mais novo.
- Está bem...?
Ela o olhava, preocupada novamente. Ela não parecia nunca se der um momento de descanço certo, sempre se preocupava com tudo e aquele dia ela não teve nem um momento para que conseguisse relaxar. Sentia seu corpo dolorido, mas ela sabia que ainda tinha muito o que fazer até que pudesse finalmente descansar.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:41 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Qui Fev 05, 2009 9:00 pm | |
| Hassan notou que precisava dar espaço a Ezequiel para que esse pudesse falar com Daniell, e por isso não respondeu mais ao rapaz, limitando-se a sorrir e cumprimentá-lo com a cabeça. Deixou que eles se afastassem, encarando o jovem ruivo que lhe falava. Estevão. Onde foi que já havia ouvido esse nome antes? Não lhe era estranho. Mantendo o disfarce, respondeu-lhe à altura.
- Ah, você é francês. É um prazer ter um compatriota no mesmo batalhão. Eu sou Jean Devereaux, e servi em Marselha.
Apertou a mão de Estevão, agradecendo a Allah por saber falar tão bem francês. Caso contrário, seria desmascarado por Estevão naquele instante. Ele deixou que o ruivo falasse, caso desejasse, mas não iria falar desnecessariamente. Limitaria-se a responder às perguntas de outrem e rebater comentários com simpatia. Precisava anular-se. Tinha conseguido seu momento de evidência junto a Ezequiel, e isso era o que importava. Ele precisava tentar passar incólume e não ser muito notado. Que todos os louros fossem para Daniell: ele não se importava. Porém, o olhar felino de Ari o preocupava. Se ele era o traidor, deveria ter algum motivo para odiar Mehmet, pois ouviu perfeitamente Ari dizer que Mehmet o havia traído antes. Nesse caso, Ari deve acreditar no fato de que Hassan é um espião, infiltrado entre os cristãos para melhorar as chances de sucesso de Mehmet, o que de fato não era verdade. O medo de Hassan era que Ari o denunciasse, tanto para evitar que os planos de Mehmet se concretizassem quanto para ganhar a confiança dos cristãos. Então, fechou os olhos e afastou esse pensamento. Ari era astuto demais para achar que Hassan o deixaria vivo caso essa hipótese prevalecesse. Então, esperaria e, provavelmente, avaliaria a situação antes. Era o que ele esperava. Enquanto cavalgava, pensava em como poderia falar com Ari e Laila sem nenhum cristão por perto. Parecia impossível naquele momento. Discretamente, olhou para conferir se Yago estava por perto e verificou que não. Isso era ótimo, pois seu falcão teria uma noite segura. | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sex Fev 06, 2009 8:10 am | |
| Ação para Aloisio e Vanessa:
Estevão sorriu.
- O prazer é todo meu em encontrar um francês entre tantos romenos e húngaros. Sinto-me, às vezes, deslocado.
Ouvindo de onde Jean tinha vindo, Estevão sorriu ainda mais largo.
- Ah, Marselha. Nasci em Marselha. Talvez seja por isso que seu nome me soa familiar. Como nunca nos vimos no acampamento antes?
Hassan podia aperceber-se dos olhos verdes o estudando atentamente pelas costas. Ari continuava a mirá-lo com aquele olhar reflexivo e inteligente. A cabeça do prisioneiro assentava nos ombros com elegância, o queixo determinado, o rosto mostrando uma tranqüilidade inquietante. O daroga exibia uma aparência muito viva. Era esta mesma vivacidade, que conferia a Ari uma posição quase suntuosa, dando a impressão que os cavaleiros não escoltavam um prisioneiro, mas sim, um nobre ou um rei.
Ari era acercado por cavaleiros lanceiros, cada um dos cristãos segurando uma ponta da corda que o mantinha cativo. Numa situação como àquela, era praticamente impossível uma fuga. Se o tentasse, seria habilmente derrubado.
Percebendo a preocupação de Daniella, Ezequiel sorriu e disse:
- É só o ar seco, não se preocupe. Eu não vou me partir em mil pedaços. – ele deu um sorriso brincalhão.
Ezequiel percebia o quanto ela estava cansada. Certamente havia tido um longo dia. O jovem replicou reflexivamente:
- Você mandou mais de setenta cavaleiros comigo, numa missão que aparentemente não tinha nenhum risco. Nos olhos de muitos, isso seria um exagero para a proteção de um mensageiro. E mesmo que tivesse mais cavaleiros, as chances de vitória não mudariam. Eles nos emboscaram, como se soubessem para onde estávamos indo e em quantos éramos. Jean acha que pode ter um traidor entre nós.
Após um momento de silêncio, virou-se para olhar de perto o rosto da comandante. Ela podia sentir os dedos dele tocarem suavemente em seu braço.
- Quem deveria se desculpar, sou eu. Você confiou em mim, e eu não pude entregar a mensagem ao meu tio. Coloquei Laila em apuros. Jean foi ameaçado e torturado por minha causa. Forçaram-me a contar o que eu sabia. Fracassei com você. | |
| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sex Fev 06, 2009 10:31 am | |
| A garota escutou a resposta a sua preocupação com uma brincadeira do jovem, o olhando um pouco brava, como se ele tivesse desconsiderado sua preocupação com seu bem estar.
Ela escutou-o falar sobre sua preocupação e pensou um pouco nas palavras que o jovem havia dito e nas coisas que o cavalheiro Francês disse também. Concordou com a cabeça.
- Imaginei essa possibilidade. Acredito sim que haja um traidor entre nós, mas infelizmente não sei como conseguiriamos achá-lo, principalmente agora que teremos uma batalha que provavelmente tomará a noite por completo.
Suspirou, ficando em silencio e então sentindo os dedos do garoto a tocarem no braço. Sentiu seu rosto corar e ficou um pouco surpresa por aquela ação do jovem, voltando a olhá-lo e escutando suas palavras.
Seu olhar ia se acalmando, mas logo ele voltou a se iluminar. Havia se esquecido da chegada do rei ao acampamento. Olhou o céu e percebeu que ele provavelmente já estava por lá, pois já era noite.
- Eu havia me esquecido completamente da chegada do rei. Se não me engano, ele já deve ter chegado.
Suspirou, olhando o garoto.
- Não se culpe, ninguem esperava por esses ataques. Eu somente deveria ter sido mais atenciosa a essa possibilidade.
Olhou para tras, respirando fundo e gritando.
- Vamos nos apressar! Precisamos chegar logo ao acampamento!
Falou séria, depois voltando a segurar as redias dos dois cavalos e os fazendo começar a correr mais rápido.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:42 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sex Fev 06, 2009 10:27 pm | |
| Hassan mordeu o lábio inferior com a surpresa de que Estevão era de Marselha. Por um momento, não sabia o que respondê-lo, mas sua mente ágil logo encontrou uma saída. Ainda percebendo que Ari lhe encarava, respondeu a Estevão, voltando o olhar a ele e sorrindo.
- Talvez seja porque eu executava diversas missões para o clero de Marselha, milorde. Minhas andanças me levavam a vários lugares da Europa. Era muito pouco freqüente a minha estadia em Marselha por muito tempo, e talvez esse seja o motivo.
Simples e direta, talvez essa resposta calasse o ruivo. Ao perceber que o comandante Daniell se apressava, sugeriu a Estevão que fizessem o mesmo.
- Parece que o comandante está com pressa. Venha, não fiquemos para trás. Meu corpo está cansado e sedento. Preciso de um pouco de água, pão e descanso.
Então, esporeou o cavalo para que este se movesse mais rápido, na esperança de que o questionamento de Estevão cessaria e ele novamente voltaria a ser apenas um grão de areia no deserto. | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sáb Fev 07, 2009 7:37 am | |
| Ação para Aloisio, Vanessa e Marys:
Estevão se calou. Não porque não houvesse mais questionamentos a serem feitos. O ruivo parecia realmente empolgado em encontrar um compatriota. Mas com a ordem de Daniell em se apressarem, concordou com Hassan em fazer o mesmo. Esporeou o cavalo, mantendo-se num ritmo mais acalorado.
Ezequiel desviou o rosto, não querendo encarar o olhar sincero dela, e resmungou uma resposta.
- Nós dois não poderíamos ter imaginado uma emboscada, milorde. Você é um excelente comandante, mas não é de sua habilidade adivinhar o futuro. – ele sorriu a ela. – Além disso, você fez tudo o que pôde para me salvar e para me proteger.
Ouvindo falar sobre o rei, o rosto dele iluminou-se.
- Sim, o rei deve está na cidade. – ele disse, num tom de voz baixo e delicado. - Milorde, eu o advirto. Quando vê-lo, tente não se assustar ou demonstrar qualquer indicio de espanto. Isso pode constrangê-lo.
Antes que Ezequiel pudesse ser questionado, Daniell podia ver o exército comandado pelo Conde descerem por um beco, numa velocidade como se alguém estivesse os perseguindo. E estavam. Logo atrás deles, podia-se ver o grande exército muçulmano se aproximarem a toda brida. O Conde posicionou o cavalo ao lado de Daniell, enquanto os homens de Casimir se mesclavam aos homens dela.
- Estou desapontado, Daniell. – o conde disse, com falso tom modesto. - Meu plano de me livrar de você não deu certo.
Ele deu um sorriso aberto e franco.
- Bem que Casimir me alertou que você deve ter sete vidas. Entretanto, eu trouxe alguns amiguinhos sarracenos para testar essa teoria.
Uma das bolas atiradas pelas catapultas muçulmanas caiu dentro da cidade e uma das construções se desfez em pedaços, o barulho ecoando nas paredes altas dos prédios. Então, Casimir revidou o ataque. Ordenou para que armassem as catapultas e atirassem. Não podia esperar que o exército de Daniell adentrasse na cidade. Se o fizesse, as defesas estariam quebradas, antes mesmo de a verdadeira batalha iniciar.
Daniell e Hassan se viam no meio da linha de fogo cruzado entre cristãos e mouros, podendo ser atingidos por qualquer um dos lados. Os portões da cidade ainda se encontravam fechados. Um braço decepado caiu sobre o colo do Conde.
- Perdeu algo, comandante? – e estudando o braço, disse. - Do lado direito, talvez?
E como se fosse algo inútil, ele arremessou o braço do cadáver para trás, caindo sobre o colo de Hassan.
Uma das flechas atingiu a barriga do cavalo de Estevão. O cavalo relinchou, caindo no chão e levando consigo seu cavaleiro. Estevão tentou desviar dos cascos dos outros cavalos que iam a sua direção, rolando para o lado. Mas a dor em seu ombro era grande e ele não encontrava forças para se levantar. | |
| | | Laila Al Hashid Zawari
Mensagens : 83 Data de inscrição : 10/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sáb Fev 07, 2009 10:59 am | |
| O sono era longo e pesado; Laila sequer notou a presença da figura mais ilustre de todo o acampamento finalmente chegar: o Rei.
Ela virou-se para o lado dos homens que conversavam, e um suspiro pesado foi ouvido, quase choroso. O que Laila não demonstrava desperta, era extravasado quando dormia, quando achava que ningtuém a via, a não ser ela própria.
O sono, assim como a conversa dos dois nobres, foi quebrada com a explosão brusca. A jovem odalisca acordou assustada, gritando como se acabasse de acordar de um terrível pesadelo. No entanto, para a raiva dela, tudo era medonho e muito real.
Pela primeira vez, o Rei viu as orbes verdes, claras e absurdamente vivas de Laila. Ela não tinha medo de olhar para ele ou o Barão, como qualquer moça "comportada" faria, abaixando o rosto. Parou por alguns segundos, observando com atenção aquele estranho com a máscara. Geralmente, naquele lugar, eram as mulheres as obrigadas a cobrir o rosto e o corpo. Chegou a ficar admirada, parando um pouco a ansiedade.
Mas não havia tempo para aquilo. Piscou algumas vezes, vo9ltando a si e à realidade. Exaltada, correu para a entrada da tenda onde dormira há poucos minutos, revesando o olhar entre o Barão, o Rei e os homens que protegiam a cidade, do lado de fora:
- Os caldeirões!! Os caldeirões com óleo, usem, coloquem pedras dentro deles também!! Foram ordens do Comandante e do Conde, por favor, sejam rápidos!! | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Sáb Fev 07, 2009 11:27 am | |
| Hassan estava aliviado pelo silêncio de Estevão, mas ficou alarmado quando percebeu que Yago estava estranhamente rodeando uma área no céu. Seu falcão só fazia isso para indicar a aproximação de um grande contingente, o que não fazia sentido, até o momento em que percebeu o Conde e seus homens se aproximarem. Então, percebeu que Mehmet tinha antecipado um possível fracasso e enviado os sarracenos para "cobrir" Said. Claro, eles tinham chegado tarde demais para o sobrinho do soberano, mas talvez não o bastante para acabar com a força-tarefa cristã. Seguindo o mesmo que todo o batalhão, Hassan aumentou drasticamente a velocidade do cavalo. Ele preferia os camelos, por serem mais confiáveis mas, no quesito velocidade, os cavalos eram insuperáveis. Quando ele percebeu as catapultas, notou que a cidade estava mais próxima do que imaginava. Flechas começaram a silvar por todos os lados, e ele agachou-se por reflexo para escapar de algumas. No entanto, ele percebeu que flechas flamejantes já eram disparadas. Nesse mesmo momento, um braço decepado caiu em seu colo. Sendo pego desprevenido, diminui a velocidade do cavalo instintivamente e, olhando para cima, posicionou o braço em forma de escudo, para repelir as flechas. Três flechas acertaram o braço, do qual Hassan se livrou imediatamente, e uma acertou o chão, próximo ao cavalo de Hassan, que empinou. Hassan contudo, conseguiu controlá-lo e voltou a correr com ele. Foi somente aí que percebeu a desventura de Estevão, vendo toda a cena acontecer como se o tempo passasse mais lentamente naquele momento. Ao ver que ele ia ser pisoteado e não conseguia se levantar, Hassan esporeou o cavalo para passar o mais próximo possível de Estevão e, travando as pernas na sela, girou seu corpo lateralmente, ficando quase próximo ao solo e mostrando um equilíbrio incrível. Então, ele gritou.
- Segure-se em mim, Estevão!!!
Quando passou próximo a Estevão, agarrou sua mão por pouco, puxando-o para agarrar seu braço com a outra mão e puxá-lo violentamente para cima de seu cavalo, usando o próprio movimento como impulso para que ele mesmo retornasse à sua posição original no cavalo, segurando as rédeas com uma mão apenas e envolvendo o braço do ruivo em sua própria cintura, para que ele não se soltasse com facilidade. Provavelmente havia quebrado o braço de Estevão no processo, mas era melhor que deixá-lo à mercê da morte. Fazendo um movimento com as rédeas, Hassan disparou à frente, fazendo seu cavalo correr mais do que nunca. Então, ele gritou em francês, para que Daniell, que estava mais à frente, ouvisse.
- Comandante! Se os portões não forem abertos, vamos morrer! Por favor, senhor, ordene que abram os portões! | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Dom Fev 08, 2009 9:20 am | |
| Ação para Alosio, Marys e Vanessa:
O rei riu.
- Parece que o passarinho acordou e se pôs a cantar.
Laila podia senti-lo sorrindo atrás da máscara. Ele voltou-se ao barão, com uma voz suave e metálica.
- Faça como ela pede, Barão. Se são ordens do Comandante, devem ser obedecidas.
O barão não respondeu. Acenou primeiro com a cabeça, concordando, pensativo. Então se virou e seguiu a passos largos para fora da tenda. Quando ficaram sozinhos, o rei baixou o véu sobre o rosto, de modo que a máscara mantivesse em oculto. Os olhos azuis investigavam os olhos verdes.
Estevão fitou Hassan, os olhos dilatados de espanto. Por um momento, imaginou que o cavalo passaria por cima dele. Então, fazendo um último esforço, estendeu o braço e deixou-se ser puxado por Hassan. O ruivo soltou um alarido terrível de dor, enquanto montava o cavalo.
- Obrigado, Jean. – ele resmungou, enquanto segurando-se firmemente em Hassan.
A corneta soou, dando sinal de assédio a cidade. Casimir deu ordens de disparar as catapultas e as flechas contra o exército inimigo. E foi quase a mesma ordem que os muçulmanos deram, disparando as suas setas ora contra os cristãos, ora contra os cavalos.
O exército de cristãos ainda prosseguia em sua marcha para alcançar as paredes da cidade antes mesmo que seus inimigos o fizessem. A cavalgada levantava uma terrível nuvem de poeira, silenciosos exceto pela pancada surda dos cascos dos cavalos sobre o chão.
Vladislaus olhou para trás. Viu o momento que Hassan salvava a vida de Estevão. O ruivo estava muito empalidecido, como se a dor em seu braço estivesse o matando. Os lábios estavam secos e rachados, sem cor.
Uma das flechas atingiu a coxa do Conde. Ele mordeu os lábios, segurando as rédeas do cavalo com tanta força que as juntas de seus dedos ficaram esbranquiçadas. Com cuidado, ele arrancou a flecha da perna, gemendo ao sentir a dor. Os olhos estavam injetados de sangue e ele piscou, sentindo a visão ficar turva. Inclinou o corpo para o lado como se fosse desabar no chão. Depois, conseguiu recuperar o equilíbrio.
Vladislaus apertou o passo, esporeando o cavalo e vendo com desagrado que os portões prosseguiam fechados. Em dois minutos, eles deveriam está dentro da cidade. Então levantou o braço, sinalizando aos homens da torre para que abrissem os portões. Neste instante, ele recebeu uma outra flechada, que transpassou a palma de sua mão estendida. Ele desmaiou sobre o cavalo, o braço bastante amarrado sobre a rédea para que não caísse.
Outra flecha atingiu desta vez o cavalo de Ezequiel. O animal desacelerou a corrida, cambaleante, mas antes que fosse ao chão, o jovem pressentiu o perigo e saltou para o cavalo de Daniella, enlaçando-a pela cintura. O menino se encolheu ligeiramente, encostando a cabeça contra as costas dela.
Os cavaleiros mais atrás começaram a cair um a um. Muitos, já mortos, alvejados por setas. | |
| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Dom Fev 08, 2009 12:44 pm | |
| Daniella escutou as palavras de Ezequiel, respirando fundo, balançando a cabeça negativamente. Olhou o garoto.
- Ezequiel, o meu trabalho e prever o movimento inimigo e fazer algo para impedí-los e, por fim, conquistá-los. Mesmo não tendo a possibilidade, eu ainda assim deveria ter previsto a emboscada.
Suspirou, despois escutando-o falar sobre o proprio tio e achando aquela nova feição boa na face do jovem. Concordou com a cabeça como se entendesse o que o mais jovem lhe pedia e fosse cumprir seu pedido.
Olhou então na direção que vinha o exercito de Vladislaus e arqueou a sobrancelha quando viu-o ser perseguido pelos muçulmanos. Riu levemente do comentário do Conde, mas ainda assim não falou nada. O momento ela precisava se concentrar para proteger o principe e a si da rajada de flechas e bolas de fogo.
Ignorou a brincadeira do Conde que tentava inutilmente se manter de bom humor naquela situação. Escutou também o cavalo de Estevão ser atingido, mas não se preocupou muito por escutar Jean o ajudar, continuando com seu trabalho de proteger a criança até que chegassem.
Corria, logo gritando com todos os pulmões, mandando abrirem os portões assim que a distancia não fosse longe o suficiente para que os sarracenos tentassem algo e garantir assim a entrada do seu exercito. Olhou para o lado e viu o homem nobre desmaiado sobre seu cavalo e segurou a redia do outro para que continuasse correndo junto com os outros mesmo com o homem desmaiado nas costas. Rosnou.
Foi então que olhou para o lado e teve tempo de ver o cavalo de Ezequiel cair e o garoto pular em seu cavalo e abraçá-la. Sentiu seu rosto corar um pouco, mas poderia ser confundido com o nervosismo do momento. Manteve seu cavalo correndo enquanto o outros ficavam para tras, não o deixando se assustar com a chegada do garoto sobre si.
Aquelas pessoas que morreram, elas não morreriam em vão. Suas almas veriam o Sultão sarraceno verter sangue e pagar pelos seus pecados com o povo que Daniella tentava proteger.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:43 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Dom Fev 08, 2009 4:35 pm | |
| Hassan estava concentrado, mas pressentiu que, antes que os portões se abrissem, o restante dos homens seria abatido, caso nada fosse feito. Então, pensou finalmente como um árabe ao decidir que salvaria sua vida e terminaria sua missão, não importando o custo que isso teria. Ao aumentar a velocidade do cavalo, viu que mais um cavaleiro era alvejado por flechas. Seu cavalo empinava e ele estava prestes a tombar. Hassan aproveitou a deixa e segurou seu escudo, arrancando-o violentamente. O homem tombou, já inconsciente. De posse do escudo, Hassan posicionou-o acima de sua cabeça apenas, protegendo o restante do corpo de Estevão, enquanto conduzia o cavalo somente com uma das mãos. Ao olhar para trás, o que pressentia estava vindo: uma nova chuva de flechas. Ele sabia que estavam quase saindo do alcance porque a cidade se aproximava, então provavelmente essa seria a última chance dos muçulmanos para derrubar os cristãos. Assim que ele as viu, gritou para todos, em francês.
- Estevão, se proteja embaixo do escudo. Comandante Daniell, cuidado!!!!
As flechas que vieram em direção a Estevão e a Hassan foram bloqueadas pelo escudo, mas o braço direito e a perna direita de Hassan não tiveram tanta sorte, e ele foi atingido duas vezes, o que o fez gemer intensamente de dor, por ela ter sido inesperada. Largando o escudo no chão ao perceber que não teria forças no braço direito, ele reassumiu as rédeas com o braço esquerdo, usando as últimas forças em seu braço direito para arrancar a flecha de sua perna direita. Se caísse do cavalo, precisaria das pernas para correr. O braço doía e uma queimadura grave podia ser vista, mas agora ele já conseguia, através de concentração, ignorar parcialmente a dor. Cavalgando com tudo, se atirou à frente até o "corredor" que levava até a entrada da cidade, já esperando que os portões estivessem abertos.
(Off: Tudo bem se eu fizer ações assim, moça Andreia? ^^) | |
| | | Laila Al Hashid Zawari
Mensagens : 83 Data de inscrição : 10/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Seg Fev 09, 2009 11:34 am | |
| Apesar de coberto, o olhar do Rei ainda era forte, quase hipnotizador. Não tanto quanto o do Conde, é claro, porém ainda assim instigante. Por Allah! Será que todos os europeus tinham de ser assim??
Mas Laila, ao contrário do que o Rei poderia imaginar, não abaixou o rosto, nem envergonhou-se. Ela menteve-se altiva, como se fizesse parte da realeza, como se fosse filha de sangue do Sultão. Depois do que passou em sua vida, achava que nada mais a amedrontaria. Sua respiração rápida e ansiosa era vista pelo subir e descer de seu tórax, ainda assustada pelo despertar brusco.
Voltando a si, ela pegou o Barão pela mão, falando sobre o plano dos caldeirões cheios de óleo e azeite escaldantes, tudo arquitetado por ela e por Vladislaus. Depois, sua voz ficou urgente, irônica e magoada ao mesmo tempo:
- Diga para eles fazerem, senhor Heitor. Não vão me ouvir. Sou uma garota, uma garota muçulmana. Para eles, eu deveria estar morta. - chegou a ver o olhar surpreso do Barão, suspirando irritada - Sabes que falo a verdade. Depois posso me lamentar por isso, mas agora Ezequiel precisa de sua ajuda! | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Seg Fev 09, 2009 4:02 pm | |
| (Off: Claro que pode, moço ^-^)
Ação para Aloisio, Marys e Vanessa:
Os vigilantes das torres perceberam o movimento de mão que o Conde tinha feito antes de ser alvejado por uma das setas. Então os gritos de Daniell. Rapidamente, os homens se moveram para obedecer as ordens.
O cavalo montado por Vladislaus cavalgava desgovernado, até ser controlado pela mão hábil de Daniella. O Conde possuía uma expressão abatida e a mão alvejada estava caída sobre um dos lados do cavalo, deixando um rastro de sangue grosso pelo caminho. Por cima do ombro, Ezequiel olhou para Hassan, que nesse momento arrancava uma das flechas cravadas em sua perna direita. Estevão também observou com preocupação.
Alheios aos fatos, estavam Heitor, Guilherme e Laila. O rei manteve-se silencioso, apenas a observar com um olhar curioso e divertido a jovem muçulmana.
- Na falta de um filho, Barão, parece que ganhou uma filha.
O barão assentiu, movendo a cabeça lentamente.
- Sim, majestade. – o barão sorriu. – Eu já vejo nela muito de mim.
Heitor segurou a mão de Laila, olhando-a nos olhos.
- Para que eu possa ajudar Ezequiel, preciso que você me ajude. Eu avisarei os homens deste plano. Mas você tem que me prometer que ficará escondida aqui, até a batalha terminar. Seja o que acontecer, permanecerá aqui, em segurança.
Então, o barão e o rei saíram da tenda, mas ficaram a frente dela. Casimir recebia a notícia que o exército cristão comandado por Daniell se aproximava a frente do exército sarraceno. Um minuto antes dos cristãos alcançarem os portões, eles já eram abertos por um grupo de homens. Quando adentraram, os portões foram rapidamente fechados e pouco tempo depois eram escutados os sarracenos tentarem derrubar os portões.
Os caldeirões já eram erguidos por cordas até as muralhas, onde seriam utilizados para atingirem os inimigos mais próximos.
Dentro da cidade, Vladislaus deslizou do cavalo e caiu no chão. Homens rapidamente vieram amparar o nobre ferido. Casimir cavalgou em direção a ele. Nem mesmo a noite conseguia apagar aquela expressão insolente no olhar do duque.
- Ele está morto? – o duque indagou com interesse.
- Ainda não morreu. – respondeu um dos cavaleiros.
O duque suspirou.
- Vaso ruim não quebra. Levem-no para uma tenda. Estejam certo que ele fique seguro.
Os homens se mexeram e levaram o Conde para o interior de uma tenda em uma maca improvisada.
Ezequiel desceu do cavalo, quando viu os olhar surpreso na expressão do Barão. O nobre, por um instante, esqueceu-se da batalha. Ele se aproximou do rapaz e o abraçou fortemente, como se o contato físico fosse o único modo de dizer para si próprio que a presença do menino era verdade. Então, sua segunda reação foi conduzi-lo para o interior da tenda onde Laila estava, para longe da batalha.
Casimir se aproximou de Jean e de Daniell. Tinha uma leve e sorridente malícia a brilhar-lhe de novo nos olhos.
- Neste momento, o senhor detém o comando. – o duque disse para Daniell.
Seus olhos voltaram-se a Jean. Os olhos do duque fitavam o emblema da roupa de Hassan com um interesse casual. Notou que era um dos homens do batalhão de Daniell e não dele.
- Este seu homem... – indicou Hassan para Daniella com um acenar de cabeça. – Está ainda apto para o combate?
Casimir então olhou para os homens que traziam Ari. Um dos soldados se adiantou, olhando para Daniella.
- Senhor, o que faremos com o prisioneiro?
- Ari? – o duque olhou para Daniella, com um olhar perplexo. – Trouxe o chefe da guarda como prisioneiro? | |
| | | Hassan Kabuk Saladino
Mensagens : 75 Data de inscrição : 10/01/2009
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Seg Fev 09, 2009 6:58 pm | |
| Hassan respirou aliviado quando viu que os portões estavam sendo abertos e, finalmente, poderia ver a vida de Laila e de Ezequiel salvas. Ele tinha plena noção de que conseguira cumprir com maestria a primeira parte de sua missão sagrada, mas agora tinha de conseguir um meio para evitar o confronto com seus co-irmãos muçulmanos. Ele acompanhou a entrada em silêncio, descendo do cavalo com dificuldade. Mancando, tinha uma expressão de dor terrível em seu semblante ao retirar a flecha que lhe perfurava o braço. Estava ainda em condições de lutar, mas se fosse para o combate avariado daquela maneira, poderia ser morto. Porém, não gostava de lograr quando se poderia deixar que outra pessoa o julgasse. Quando o duque se posicionou, olhando-o e questionando ao comandante se Hassan ainda possuía condições de lutar, ele mesmo falou, em voz baixa, segredando ao comandante.
- Comandante, minhas costas ainda sentem a ardência do açoite, minha boca está seca e faminta, minha perna direita sangra e manca, meu braço esquerdo está inutilizado e minha visão está turva, me deixando um pouco zonzo... mas se for a vontade de Deus e em nome de Cristo, eu estou pronto para essa batalha...
Disse, com certa fraqueza. Realmente, ele estava fraco. Se fosse outro, já teria desmaiado de dor, mas Hassan era um sufi, e tinha sido treinado para aguentar tudo, e aguentaria, mas não naquela noite. Sua intenção era tirar Laila dali, nem que ele perecesse no caminho. Virou-se, tentando a todo custo manter uma posição de sentido em frente ao comandante, esperando por sua resposta, enquanto acompanhava a entrada de Ezequiel na tenda de Laila, a qual ele ainda não sabia que lá se encontrava. | |
| | | Daniell Lourenth Suzano
Mensagens : 154 Data de inscrição : 10/12/2008 Idade : 35
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Seg Fev 09, 2009 8:12 pm | |
| Escutou o barulho dos sarracenos batendo contra a porta e ignorou por um momento, soltando os dois cavalos e se colocando a descer. Sentia seu corpo totalmente tenso e pedindo por descanso, mas aquilo era algo que ela não poderia ter aquela noite. A unica parte que lhe aliviava era ver o jovem a salvo.
Observou o Conde ser levado para ser tratado e suspirou, depois olhou o Barão e Ezequiel, ficando mais aliviada que tudo estava em seu devido lugar. Colocou a mão sobre a bainha de sua espada já ensaguentada e olhou o Duque. Escutou suas palavras, sorrindo um pouco.
- Eu sempre detive o comando. - Riu levemente, depois escutou-o perguntar sobre Jean, respirando fundo e olhando o homem e seu estado. - Apto, eu acredito que não. No momento ele seria somente mais uma preocupação.
Olhou para outros soldados e comandou.
- Levem esse homem e trantem de seus ferimentos. Ele não está bom agora, mas podemos precisar de ajuda quando as muralhas cairem, então é bom que ele esteja pronto.
Então escutou um dos soldados lhe perguntarem e olhou o homem com quem havia falado horas mais cedo. Iria responder quando escutou a pergunta do Duque Cassimir, rindo um pouco.
- Se ele tivesse se rebelado ao invés de nos ajudado a recuperar o garoto Ezequiel e o soldado Jean, provavelmente teria morrido junto com o irmão do Sultão.
Sorriu um pouco mais, depois olhando novamente para o prisioneiro.
- Coloque-o na tenda com os outros prisioneiros. Tenho perguntas para ele, mas agora não é o momento apropriado para tal.
Saiu caminhando, olhando em volta e vendo como estava o estado de sua cidadela.
- Duque, o que mais preciso saber, antes de me dedicar totalmente a batalha?
O olhou, séria. Não tinha tempo a perder agora. Essa batalha seria sufocante.
Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:46 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Laila Al Hashid Zawari
Mensagens : 83 Data de inscrição : 10/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Ter Fev 10, 2009 3:47 am | |
| Se o momento não fosse tão tenso, Laila ficaria vermelha com as palavras do Rei. E mais ainda com as do Barão, comparando-a com alguém da família dele. Chegou a sorrir timidamente, e abaixou a cabeça por segundos. Quando a ergueu novamente, o homem lhe falava, a empurrando suavemente para dentro da tenda de novo. Chegou a arregalar os olhos, confusa com o pedido do Barão:
- Ficar...na tenda? Não! Não senhor Heitor, não é justo, boa parte dessa batalha acontece por culpa minha, eu tenho que ajudar! O senhor não entende! Por favor!
Ela ainda tenta argumentar, mas a entrada da tenda simplesmente ficou bloqueada pelo Barão e pelo Rei, que acompanhavam os preparativos para o ataque cristão. Emburrou o rosto e, quando se preparava para teimar e sair, viu Ezequiel ser colocado na mesma tenda que ela.
Parecia que tudo tinha ficado mudo por aqueles breves segundos. Na cabeça dela, só uma frase ecoava: "Ezequiel esté bem. Ezequiel está bem". A garota simplesmente correu até o rapaz e, num ato, surpreendente, o abraçou. Seu corpo tremia da cabeça aos pés, e ela falava com a voz falha:
- Me desculpe! Me desculpe, não vai mais acontecer! Foi por minha causa, você poderia ter morrido!
Continuaria a pedir desculpas e ser ousada para uma muçulmana, abraçando um rapazinho que conhecia há pouco tempo, se não ouvisse um burburinho do lado de fora. Lentamente encaminhou-se para a entrada, que ainda era bloqueada pelo Barão e pelo Rei. "Vaso ruim não quebra"...só conhecia duas pessoas assim: o Sultão e o Conde. O Sultão não estava ali, obviamente. Então, só lhe restava uma opção. Ela empalideceu, puxando com força um pouco das vestes do Barão, quase agoniada:
- Conde Vladislaus! Ele está bem, ele vai ficar bem, não vai?? Não devia ter ido e...Ari?!
Finalmente, a curiosidade e a aflição deram mais força à joverm. Ela esgueirou-se e passou pelos dois homens, até ter a mesma visão que eles. O grupo que chegava, os soldados feridos e os prisioneiros. E Ari estava ali. Ela ficou com medo, muito medo...e estranhamente aliviada. Ari era tão servo do Sultão quanto qualquer um no palácio, mas Laila sentia uma afeição que nem ela sabia explicar. Ainda mantinha-se perto do Barão e, em seu íntimo, agradecia a Allah pelo Daroga estar bem, mesmo que como prisioneiro. | |
| | | Conde Vladislaus Tepes Admin
Mensagens : 255 Data de inscrição : 08/12/2008
| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições Ter Fev 10, 2009 9:54 am | |
| Ação para Aloisio, Marys e Vanessa:
O menino reverenciou o rei profundamente, beijando o anel de seu dedo. Embora a máscara escondesse o sorriso do rei, seus olhos o denunciavam. O rei afastou-se, quando ouviu os passos apressados da jovem Laila. Ezequiel a abraçou, aliviado e exausto. Manteve-se em silêncio, comovido pelas palavras dela. Então a abraçou com mais força, a mão acariciando as costas dela.
- Fico feliz em ver que já se encontra bem. – ele disse suavemente no ouvido dela. - Não foi culpa sua. Não foi culpa de ninguém. Fomos emboscados. Eles estavam vasculhando as carroças de feridos. Creio que estavam a sua procura.
O barão, escutando as palavras de Ezequiel, olhou preocupado para Laila. Então se voltou para o rei e percebeu que o jovem monarca há alguns instantes olhava fixamente para Daniell e Casimir.
- Quem é aquele?
- Uma raposa de armadura. Comandante Daniell. – o barão disse.
O rei olhou para Daniell de maneira diferente, um pouco surpreso talvez, por notar que um homem tão jovem e de estrutura delicada fosse o comandante. O nobre depois se virou a um dos criados.
- Edgard. – o barão chamou. – Prepare roupas limpas e alguma comida para esse jovem rapaz. – indicou Ezequiel. - Ele precisa descansar. Faça isso agora.
- E um cavalo para mim. – o rei pediu suavemente. – Eu pretendo conversar com essa raposa.
Eles observaram o criado fazer uma mesura e sair. Os dois homens abriram espaço para Laila se colocar entre eles. O barão franziu o cenho com a pergunta da menina sobre Vladislaus.
- Se Casimir estiver correto em sua observação, vaso ruim não quebra. – o barão respondeu com um sorriso jovial.
- Conde Vladislaus? – o rei indagou.
- Sim, o filho do Dragão. Da casa dos Basarab.
- Então logo teremos uma guerra em Wallachia também.
O barão suspirou, concordando. Escutou o nome pronunciado por Laila. Ari. E, neste instante, como se o árabe tivesse escutado o chamado, ele olhou para a jovem odalisca. Era a primeira vez, depois de anos, que ambos mantiveram um contato olho a olho. Como se fosse ainda difícil forçar esse hábito fora, Ari desviou o olhar, baixando a cabeça. Já não parecia tão digno quanto no momento que adentrou na cidade.
- Conhece-o, Laila? – o barão indagou.
- Pelos trajes... – comentou o rei. -... Parece ser alguém muito importante.
Então o rei se afastou, quando lhe trouxeram o cavalo. Os homens o ajudaram a montar. Ele cavalgou em trotes suaves até onde Hassan, Daniella e Casimir estavam.
O barão virou-se para Laila.
- Laila, há muitos feridos e poucas pessoas para cuidar destes pobres homens. Uma batalha está prestes a implodir, e o número de homens que necessitarão de ajuda aumentará. Você soube cuidar perfeitamente de meu ferimento. Poderia ser de grande ajuda na tenda de feridos.
Mais um estrondo contra os portões. Os muçulmanos tentavam quebrar os portões com um tronco de arvore. Daniell percebia que não havia nenhum aríete. Possivelmente, o Conde tinha obtido sucesso os destruindo com sua cavalaria. Outro estrondo. A tensão entre o exército cristão era insuportável. De repente um relâmpago explodiu no céu, com um estrondo que é ouvido em todo o deserto.
O duque riu quando Daniell respondeu que sempre deteve o comando. Naquele instante, Casimir realmente teve vontade de deixar o comandante para fora de sua própria cidade e percebesse nas lâminas dos sarracenos que ele não detinha todo esse poder.
- Como você mesmo instruiu, os homens prepararam as armadilhas em sua cidade. Se eles moderem as iscas, poderemos conquistar alguma vantagem. As muralhas foram reforçadas, agüentarão um pouco mais de ataque. Alguns edifícios destruídos pelas catapultas, sem esperanças de reparo. E o meu primo se encontra no acampamento, com a sua nada modesta tropa.
- Casimir estava torcendo para que eu morresse durante a viagem.
Daniella podia surpreender-se, pois o homem que falava parecia mais um anjo da morte, um ceifador de almas, do que propriamente um rei. O rosto era coberto por um véu negro e as roupas eram inteiramente negras. Sua voz era mansa, contudo. A voz que Ezequiel certamente teria no final de sua puberdade. Não somente a voz, mas ela quase podia ver com terror, que o rei parecia ser o próprio menino em vestes fúnebres e com odor da morte.
- Entretanto, Deus não quis que eu fosse agora.
Os cristãos conduziram Hassan para a mesma tenda que Vladislaus foi levado. O Conde estava deitado ainda sobre a maca improvisada, parecendo em estado de inconsciência. Um dos médicos estudava a palma de sua mão pensando em uma forma eficaz de remover a flecha sem danificar os tendões que poderiam comprometer a mão para sempre.
Observando Hassan, pediu para que o colocassem sobre uma das camas improvisadas. Havia outros homens feridos na tenda, separados em conjuntos por paredes de cortinas brancas.
(Off: Marys, a tenda dos feridos é a mesma onde está Hassan e Vlad *jogando Laila na boca dos leões famintos*) | |
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| Assunto: Re: Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições | |
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| | | | Segunda Noite - Noite de Sangue e Traições | |
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