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 Primeira Manhã - O Combate

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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 2:10 am

Que sorte Ezequiel tinha de estar ali, e de não ter sido raptado para as terras do Sultão. Era só um menino, ainda, e não deveria conhecer os desejos obscuros do poderoso muçulmano.

Ela chegou a tossir por alguns instantes, devido a pressa em beber água. Depois acalmou-se, e notou o olhar complacente do rapazinho para com a odalisca. Sentiu um nó na garganta e uma saudade incrível da irmã. Hadja...ela a olhava da mesma forma. Quem mais a olhava assim?...Alguém, de sua família, mas ela não conseguia dizer quem.

Durante seu período de inconsciência, O jovem e o Barão perceberam que, mesmo com as dores e os ferimentos, Laila não derramou uma lágrima sequer. Parecia que a fonte havia secado, seja por saofrimento, seja por teimosia.

Ao ver o novo guarda entrar e chamar por Ezequiel, a garota sentiu uma pontada de medo. Aconchegou-se mais nas cobertas, sua pele bem mais seca do que antes, quando ardia em febre. Ainda não estava totalmente curada, porém aparentava uma melhora significativa.

Ao ficar sozinha com o Barão, Laila olhou-o diretamente. Geralmente não fazia isso - só o fez com o Conde - mas o pedido era importante e urgente:

- Senhor...eu ficaria aliviada em ver Conde Vladislaus. Desejo ter a certeza de que ele está bem...

E depois murmurava, quase que somente para si, mas o adulto poderia escutar:

- E não quero voltar para lá...não para o Sultão...
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Conde Vladislaus Tepes
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 6:46 am

Havia um fogo sobrenatural nos olhos claros do conde. E para o desagrado de Daniella, eles nunca deixavam de contemplar os olhos dela, nem mesmo quando deixavam de falar. Daniella sabia o que significava homens que fitavam sempre nos olhos. Eram homens seguros de si e altamente perigosos. Vladislaus merecia ir para a sua lista de homens que precisava tomar cuidado, competindo muito bem com Casimir pelo primeiro lugar.

Os Tepes eram bastante fluentes e amados. Era conhecido que eles defendiam seu povo, afastando o islã das terras cristãs. Para muitos, eram como heróis. Não era por menos, que o pai de Vladislaus, Dracul, tinha se tornado pretendente para o trono.

Vladislaus possuía um olhar perigoso, mas gestos muito amáveis de um homem que foi instruído para ser uma realeza e um tático. Até mesmo de longe, o homem cheirava a aristocracia. Seu falar era manso, sempre repleto de ironia, alguém que poderia convencer qualquer pessoa com uma simples conversa.

- Prisioneiro, não. – o conde corrigiu. - Convidado forçado.

Ouvindo-a falar sobre visitas inesperadas, um riso escapou da garganta do conde.

- Por que eu deveria me preocupar? Eu tenho uma boa espada, um bom amigo e minha inteligência para me proteger.

Vladislaus notou Daniell encarar a entrada da barraca quando falava sobre voltar à cidade e traidores. Havia uma expressão reflexiva no semblante do aristocrata.

- Oh, sim. Permita-me adivinhar... está com receio de alguma conduta traiçoeira por parte do duque... – ele disse com interesse no olhar.

- Quando os sarracenos vierem atacar, você poderia empurrá-lo para fora de sua cidade e trancar os portões antes que ele pudesse entrar novamente. Ninguém sentirá falta dele e ele serviria como um ótimo aperitivo para aplacar a fome dos leões famintos a quem chamamos de sarracenos.

As sombrancelhas se ergueram.

- Ou empalá-lo, para que sirva de exemplo aos outros.

Não parecia ser uma piada. Seus olhos estavam duros, sérios, mas de repente emitiu um riso.

- É só uma piada, comandante.

A mão estendeu para o cesto de frutas na mesa de cabeceira. Levou uma maçã a boca, abocanhando-a com cuidado, para que o estomago se acostumasse com a comida e não rejeitasse.

- O sultão irá atacar a sua cidade ao meio-dia. Sabe o que isso significa, não sabe? O Sol será seu maior inimigo. Eu analisei o mapa na tenda dele. Ele reunirá dois exércitos contra o seu. Um no norte e outro no oeste. Sua cidade se encontra no leste, exatamente onde o Sol nasce. Quando durante toda a manhã seu exército estiver fustigado do Sol, o exército do sultão estará marchando nas sombras.

O nobre parecia saber muito sobre os planos para um prisioneiro. O conde prosseguiu:

- Como se isso não bastasse, ele conta que suas defesas estejam fracas, Daniell. Não só as defesas de seu exército, como da sua cidade também. Certamente a tenda da enfermaria deve está repleta de feridos ou não teriam me trazido até aqui. E com a cidade tomada ainda ontem, as muralhas certamente devem está bastante abaladas.

Uma sobrancelha se elevou, com um meio-sorriso.

- Sem contar, é claro, que ele saberá que seu convidado, sua esposa e possivelmente, o alazão, que Allah guarde a alma dele, estão em seu território. Ele levará como uma afronta. Como vê, sua situação é bastante delicada, Daniell.

O sorriso desapareceu suavemente.

- Despejadas as más noticias, posso lhe dizer as boas...

O conde pausou, observando alguém se aproximar da barraca.

- Milorde.

O menino adentrou na tenda. Seus olhos fitaram o conde deitado na cama do comandante e deu um suave suspiro, como se ele quisesse afastar algum pensamento que veio a mente.

- Estevão disse que o senhor pediu a minha presença.
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 7:41 am

A jovem olhava-o nos olhos como ele fazia com ela. Apesar de ser ensinada quando criança a nunca encarar um homem, Daniella não estava agindo como uma mulher, mas sim como o comandante de um exercito, exercito este que havia vencido várias lutas. O olhar dele somente lhe mandava um aviso, aviso que ela receberia de bom grado, já que sabia o que poderia acontecer caso abaixasse a guarda na frente daquele homem.

Escutou-o corrigir o termo que havia usado, sorrindo de canto. Homem que se negava até o fim com a nomenclatura que lhe era realmente atribuida quando esteve nas mãos dos mulçumanos. Deixou-o pensar assim sem reclamar, continuando a falar sobre o Duque Cassimir. Riu-se dos comentários sobre como deveria se livrar daquele nobre, sorrindo de canto, mesmo quando ele falou que era uma brincadeira.

- Já pensei de modos mais divertidos de me livrar do Duque, mas por enquanto preciso do exercito dele, porem, se ele morrer em batalha não levarei culpa alguma sobre. - Sorriu como uma rapoza, seus olhos vermelhos sintilando com a imagem do Duque morto.

Escutou-o então falar sobre o ataque, ficando mais sério. A cada coisa que ele contava, ele ficava a analizar e pensar em uma saida. Aquilo seria inoportuno, mas ela já esperava por estrategias sujas como aquela. Afinal, aquelas eram as terras que um dia pertenceram a ele. Caso não soubese como atacar seria considerado um tolo.

Começou a pensar sobre como reverter aquilo. Seus olhos ficando da cor do sangue enquanto ela tentava pensar em uma saida para aquilo. Foi então que escutou-o falar que trazia também boas noticias e então voltou a olhá-lo mas antes que ele falasse escutou o jovem escudeiro entra.

Respirou fundo, passando os dedos nas temporas, caminhando até ele e o levando para um canto.

- Preciso que me faça um favor. Uma batalha está proxima, e preciso que avise vosso Rei sobre isso. De preferencia gostaria que ele ficasse de fora dessa batalha, mas se ele insistir em vir, melhor estar preparado e chegar um pouco atrasado para um elemento surpresa contra os muçulmanos e para aumentar os animos de nossos soldados.

Respirou um pouco, olhando-o séria. Precisava que ele fizesse aquilo, achava que o garoto poderia conversar com seu tio, alem disso se pudesse deixá-lo longe do começo massacrante da batalha, seria melhor e a deixaria menos preocupada.

- Poderia fazer isso?

Pensava também em pedir que levasse um pequeno grupo de soldados com ele, para que pudessem retirar os feridos daquele local antes do meio dia, mas não sabia ainda se o garoto aceitaria ser deixado de fora da batalha.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:42 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 10:18 am

O cavaleiro ruivo, Estevão, era o oposto do Barão. Enquanto o barão tinha o corpo corpulento e pernas fortes, com um pequeno pescoço de poderoso músculo e com uma postura altiva e orgulhosa, o ruivo possuía o corpo delicado e um rosto bonito e jovial. Seus movimentos exalavam fidalguia e esmerada educação. Nada falou, apenas olhou a menina num relance discreto, não escondendo a admiração por aquela mulher solitária e selvagem está ali.

- Essa garota... ela vai trazer problemas para nós...

- Ah, Estevão, cale-se. – pediu o barão.

- O Senhor sabe disso. É uma concubina do palácio. Se o sultão já vinha com fúria para cima de nós, agora virá com uma fúria muito maior.

O barão ignorou aquele ultimo comentário, mesmo sabendo que o outro tinha razão. Quando se virou à muçulmana, ficou ligeiramente surpreso com o olhar direto que recebia. Poucas mulheres olhavam os homens nos olhos, sejam européias, sejam árabes. Era um olhar que ardia e hipnotizava qualquer homem.

- Estevão. Vá até a barraca do comandante. Diga que a menina despertou e deseja ver o Conde Vladislaus Tepes.

Estevão levantou a cabeça. Lançou um olhar rápido para a menina e virou-se para o barão, olhando-o.

- Eu virei garoto de recados?

- Deixe de reclamar, Estevão. – disse o barão numa voz cansada. – Faça o que lhe ordeno.

Estevão adotou uma expressão contrariada e ficou em silêncio por alguns instantes. Ouviu-se um suspiro e Estevão deixou a barraca do barão, dirigindo-se a barraca do comandante.

- Não dê ouvidos. - disse o barão. - Ele só está com medo.

Vendo-se só com a garota, o barão ouviu seu último comentário. Ele lamentou em silêncio. Ela era somente uma criança, como o jovem Ezequiel.

- Nem você quer, nem nenhum de nós. Mas Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo estarão conosco nesta batalha. E se ainda assim, estiver nos planos de Deus que o sultão nos derrotará, então que seja feita a vossa vontade e que Ele nos conduza ao Paraíso.

O homem sentou-se na cadeira ao lado da cama da jovem.

- Você é uma felizarda. Quando a trouxeram para cá, pensávamos que não sobreviveria.

Ele estendeu a ela uma bandeja lindíssima com frutas e água que antes estava sobre a mesinha de madeira. Tudo bem frugal para evitar que comece coisa pesada depois dos dissabores do dia anterior.

- Coma algo. E me fale seu nome.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 3:38 pm

Obediente, ele a seguiu até a um canto da barraca. Porém, ao penetrar no canto mais escuro, o jovem príncipe pausou seus passos, e voltou o olhar para o rosto de Daniell.

- Tem instruções para mim, milorde?

O jovem estava sério e em silêncio quando ouvia as instruções do comandante com um olhar intenso. Com a cabeça, Ezequiel fazia sinal de que estava entendendo seu recado. Em seu íntimo, desconfiava que ela estivesse o tirando da batalha, mas nada disse. Não estava na posição de questionar uma ordem e sabia que se o fizesse, ela diria que pedia aquilo por ele pertencer à realeza, e assim sendo, mais fácil de se aproximar do rei do que qualquer mensageiro que ela enviasse. E era por ser sobrinho do rei, que ele pensava em ser o motivo de toda àquela proteção dela que o menino dispensava.

Ela podia perceber pela expressão do rapaz que ele não tinha aprovado a idéia. Era difícil para ele pensar que enquanto estivesse cavalgando em direção ao acampamento onde o rei estava com suas tropas, Daniell e o Barão de Ibelin estariam lutando contra um exército de muçulmanos.

Ele baixou os olhos por um momento, tentando voltar a olhá-la sem a mesma expressão de desapontamento e medo. Mas em sua sabedoria, ainda juvenil, era difícil compreender que ela pudesse está querendo apenas poupá-lo das marcas da guerra, tanto na alma quanto no corpo. Disse, ainda sério.

- Sim, meu senhor comandante. Certamente que posso, embora meu lugar seja na batalha ao lado do Barão de Ibelin. Entregarei a sua mensagem ao rei imediatamente.

O menino sacudiu suavemente a cabeça.

- Conhecendo o rei, creio que dificilmente ele aceitará a idéia de ficar fora dessa batalha quando souber, mas certamente fará o que o senhor sugestionar para ele, pela confiança em que ele deposita em seu comando, meu comandante.

Seus olhos baixaram em respeito, antes de voltar-se a encontrar os olhos cativantes e rubros como sangue.

- Se ele ainda assim resolver vir, direi que o senhor sugere o atraso como um meio estratégico contra os árabes. A que horas será a batalha?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyTer Jan 06, 2009 5:57 pm

Ela sabia que aquele olhar viria. O olhar rebelde juvenil que ela mesma possuiu, e idealista que ela infelizmente nunca teve. Para ela, aquela vida não era um ideal, mas sim um refugio. Mesmo sendo um refugio perigoso, ainda era sua ultima alternativa.

Respirou fundo, sabia que ele saberia sobre suas intenções, mas mesmo assim era o melhor que ela poderia fazer, aquela batalha começaria dificil, como o proprio Conde Vlad havia dito, e se o garoto estivesse nessa hora critica pouco poderia fazer para ajudá-lo e protegê-lo.

Escutou-o reclamar indiretamente, balançando a cabeça negativamente. Suspirou.

- Só estou pedindo para que previna o Rei, Ezequiel, não estou o mandando fugir da batalha. Volte com ele. Muçulmanos terão aos montes, poderá fazer seu papel.

Sorriu ao escutá-lo concordar, parecendo ficar mais tranquila com aquilo. Escutou-o falar sobre a horas, pensando um pouco.

- Parece-me que atacarão por volta do meio dia. Seria bom se pressar... Se possivel, gostaria de retirar alguns dos feridos daqui, assim não teriamos um ponto fraco acessivel.

Suspirou, voltando a pensar em algo para fazer. Precisava criar uma emboscara para a emboscada que estavam criando para ela. Olhou para o lado para ver se ninguem os via naquele canto escuro, levando a mão ao rosto do garoto, o acariciando, o sorriso novamente como o de uma rapoza.

- Não se preocupe. Somos veteranos aqui. Podemos nos virar até que volte para conferir se estamos vivos.

Murmurou somente para que ele a escutasse, rindo levemente.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:43 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 5:21 am

O pior era que o rapaz estava certo. Estevão...um bonito nome, não o tinha ouvido antes. A garota ficou envergonhada, mas isso pouco se notava com a morenice de sua pele.

Agradecia a Allah por estar num local onde era tratada como uma garota, e não como um pedaço de carne para satisfazer os desejos do Sultão. Quando o jovem Estavão foi-se, ela mais uma vez direcionou o rosto para Ezequiel, enquanto este deixava a barraca. Um menino gentil, aquele. Não merecia saber dos horrores do mundo...e Laila já sabia de muitos destes.

Suspirou cansada, sentando-se enfim com certa dificuldade e cerrando levemente os olhos. Apesar da dor ainda estar presente, agora era bem menor, e a garota parecia satisfeita com isso. Disse numa voz cansada, enquanto ajeitava com o máximo de cuidado as novas vestes que usava:

- O rapaz tem razão, senhor...sou um problema. O fui, provavelmente, para meus pais. Por isso me entregaram ao Sultão em meus 3 anos de vida; Mas cansei. Cansei de pensar neles e, desde a noite passada, quis pensar em mim. É um haran querer minha própria liberdade?

Perguntava com a voz rouca e a testa franzida, depois apoiando a cabeça nos joelhos dobrados. Viu a cesta que o Barão apontou, pegando uma maçã das maiores e dando uma boa mordida. Assim que engoliu, tossiu um pouco, mas disse com a voz um pouco mais firme que antes:

- Laila...Laila Al Hashid Zawari.

E olhava curiosa para o Barão. Não por culpa dele, claro. Só que Laila já não dizia seu próprio nome completo há anos. Tanto tempo que ela estranhou quando o pronunciou novamente.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 7:21 am

Deu um pequeno sorriso jovial, mas logo o sorriso se suavizou ao sentir que ela o tocava. Sentia os nós dos dedos dela em seu rosto, numa caricia que trazia sensações muito diferentes do que ele sentia ao ser tocado pelo barão, a quem ele considerava como se fosse um pai. Ele a estudava, permanecendo em silêncio, os lábios controlando a respiração cálida que circulava seus pulmões de forma ardente.

Viu aquele sorriso de raposa nos lábios dela que tanto lhe causava arrepios, mas também que o divertia e intrigava, e então ouviu suas palavras. Estremeceu ao pensar que ao retornar, poderia encontrar todos mortos.

- Pelo Deus dos cristãos, comandante... Não diga uma coisa destas nem por brincadeira. – disse numa voz doce.

Então abriu um sorriso gentil.

- Irei resolver o que me pede, milorde. Prometo-te.

Suavemente o cenho franziu, quando pensava a respeito dos feridos.

- Há carroças desocupadas próximo ao estábulo. Podemos utilizá-las para transferir alguns dos feridos. Acho que sete homens seria o suficiente para levar em torno de trinta a trinta e cinco feridos.

Ele olhou direitamente nos olhos dela e havia preocupação em seu olhar. Súbito, ele segurou a mão que o tocava com delicadeza. Ele fechou pesadamente as pálpebras e a abraçou com força. Permaneceu abraçado a ela por um bom tempo.

Ela quase podia ouvi-lo respirar e suspirar contra seu ombro. Então sentia os dedos do garoto deslizarem com suavidade pela suas costas. Ele não confessou que estava com medo, mas Daniella podia sentir isso nas batidas frenéticas de seu coração, que não era um medo por ele próprio.

- Prometa-me que vai tomar cuidado. – sussurrou em seu ouvido.

No fim do abraço, ela via que o menino tinha sua boca aberta como se lutando para respirar, os olhos estreitados, a capa flutuando em torno de seu corpo. Ele então virou o rosto, como se desse conta da presença de outra pessoa ali.

Estevão já estava próximo deles. Se havia visto algo ou não, ele não demonstrava em seu semblante.

- Meu senhor.

Estevão reverenciou o comandante. Olhou para Ezequiel por um instante, então voltou sua atenção a Daniell.

- A menina de olhos verdes. Ela quer ver o Conde Tepes.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 9:14 am

Ela sorria para o jovem e passava os dedos delicadamente pela face juvenil, vendo como ele tentava analizar suas ações. Achava aquilo bom, ele assim poderia saber em quem ele poderia confiar e saber tomar cuidado com as pessoas errados. Foi então que viu o olhar sorridente e calmo se transformar em um olhar cheio de medo. Aquele olhar pareceu derreter o coração da jovem, vendo como ele se importava com o bem estar deles.

Realmente foi maldade brincar com esse sentimento, mas as vezes ela não conseguia se segurar. Escutou-o pedir para que não falasse mais aquelas coisas e sorriu, concordando com a cabeça. Escutou-o falar que cumpriria suas ordens e sorriu. Pelo menos agora ele havia dito que iria sim fazer o que ela havia pedido.

Escutou-o falar sobre os feridos, pensando um pouco. Concordou com a cabeça.

- Ótimo. Faremos isso então. Assim teremos que nos preocupar menos e poderemos batalhar com mais força.

Foi então que ela o fitou com intensidade, segurando sua mão e a abraçando com força. Ela ficou se reação durante alguns segundos, antes de abraçá-lo de volta e passar os dedos enluvados lentamente pelos fios de cabelo loiros do jovem, tentando passar segurança. Seus cabelos loiros escorriam pelo proprio corpo e pelos ombros do garoto, como se quisessem envolvê-los. Queria poder demonstrar algo mais para ele, mas naquela hora e com o pouco que ainda se conheciam poderiam pensar que estava a se aproveitar do jovem, alem de estar levando o garoto para o 'lado errado', já que pensavam que ela era homem.

Escutou sua respiração e sentiu seus toques por seu corpo, o modo como ele agia. Respirou fundo, olhando para o teto enquanto pensava em tudo aquilo e em como não podia-se deixar ser pega por uma miniatura de homem. Não foi para aquilo que havia ido lutar, que havia se juntado ao exercito do Senhor. Encostou o rosto no do garoto, sussurrando em seu ouvido calmamente, sua respiração calida indo contra a orelha agora avermelhada do jovem.

- Prometo-te. Nós sairemos vitoriosos dessa batalha e você vai ver que mesmo em momentos dificeis, sempre podemos pensar em algo.

Falou carinhosamente, depois voltando a olhar rubro para o teto, passando os dedos lentamente pelos cabelos do garoto e o afastando lentamente para poder ver como ele estava até que percebeu a presença de alguem se aproximando, olhando e vendo Estevão proximo a eles. Sentiu seu rosto corar um pouco mas voltou a ficar sério, o escutando falar sobre a muçulmada.

Respirou fundo, como se pensasse sobre o pedido da garota que havia salvo a vida do conde desejava vê-lo. Suspirou, olhando para Ezequiel.

- Vá fazer o que lhe mandei agora. Reuna os sete soldados para levar os adoentados com você para longe da batalha. Precisam se distanciar o mais rápido possivel. Logo o sol irá começará a nascer e nosso tempo se esvaindo.

Depois olhou novamente para Estevão.

- Ainda possuo assuntos pendentes com o Conde. Se ela vier e não me atrapalhar, poderá trazê-la, caso contrário, ela terá de esperar até a hora que terminar.

Olhou para o ruivo, sério. Olhou os dois garotos e depois voltou para dentro da barraca, procurando ver se o conde ainda estava acordado. Precisava terminar de escutar o que ele tinha para lhe contar.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:43 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 6:20 pm

O barão encolheu os ombros e pôs a bandeja de prata com os copos e a garrafa de água gelada em cima da mesinha. Havia sofrido de tal forma naqueles últimos tempos que não tinha mais nervos para se emocionar, mesmo com àquela história que remexeria o estômago de qualquer pessoa.

Entretanto, não estava surpreso. Era comum que meninas e meninos, em idades tenras, fossem entregues ao sultão como presentes ou pagamento de dívidas. Eram então instruídas para fazer parte de seu harém e servi-lo, seja como concubinas ou eunucos.

Ele nunca esteve em tais lugares, mas ouvia contos das belezas das mulheres e lugares bonitos que só se comparariam ao Paraíso.

Com a dúvida dela, ele ergueu as sobrancelhas. Aquilo sim, havia o surpreendido. Estaria mentindo se disse que realmente sabia se era um pecado ou não. Ele suspirou e pôs a taça dele, agora vazia, sobre a mesa de cabeceira de madeira torneada e escurecida.

- Não, não acho que seja um haram querer a própria liberdade. Mas não sou um estudado do alcorão. Talvez, seja um pecado.

Inclinou-se para trás na cadeira, com um brilho nos olhos.

- Se for do seu interesse saber, eu possuo um filho bastardo. Nunca disse que eu era o pai dele e não pretendo faze-lo. Não que eu não o ame, e nem que eu não ame a mãe dele. Mas não vejo o direito de entrar na vida dele, principalmente agora que ele já é um adulto.

Ele debruçou-se para frente devagar. O sol agora batia em seu rosto e o facho de luz seguia por sua barba até seu braço, permitindo a Laila ver melhor seus traços cheios de exuberância e honestidade. O corpo dele enrijeceu.

- Talvez, menina, seus pais não quiseram seu mal. Talvez, eles simplesmente não tiveram outra escolha a não ser dá-la ao seu soberano. Com três anos de idade, é impossível você lembrar.

Levantou-se serenamente e se postou atrás da cadeira dele. Um golpe de vento fez vacilar a luz da vela que estava sobre a mesa. Ele verteu um pouco mais de vinho em sua taça.

- O que você pretende fazer agora?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 6:53 pm

Com a presença de Estevão, Ezequiel não conseguia ocultar o rubor das faces, como se uma impetuosa onda de sangue subia-lhe o rosto e circulava em suas bochechas. Deslizou devagar o dedo indicador pelo cabelo que estava meio desarrumado, enquanto ouvia as palavras do cavaleiro ruivo. Parecia aturdido. Seus olhos se encontraram com os dela quando ela reforçou sua ordem.

- Sim, meu senhor. – Ezequiel assentiu com a cabeça. - Cuidarei disso agora mesmo.

Ezequiel desviou os olhos de Daniella e se despediu, afastando-se. Com gestos ágeis, ele preparou seu cavalo verificando os arreios. O cavalo se mostrou nervoso e pisoteou o chão, mas acalmou-se quando o menino estendeu a mão para acariciar sua crina. Talvez, neste instante, Daniella poderia pensar se o menino não estivesse tentando a amansar, da mesma forma que fazia agora com o animal.

Depois, dirigiu-se a barraca do barão para avisa-lhe da viajem que faria.

Quando ela voltou-se a Estevão, o cavaleiro parecia pálido, mais do que na verdade era. Ele olhava fixamente para os olhos profundos do comandante, num intenso silêncio. Quando ela falou finalmente com ele, via-o parecer se surpreender, os olhos alargados de assombro, como se retirado de um transe.

Ouvindo a ordem dela, levantou os ombros e os deixou cair, com uma respirada profunda e um suspiro igualmente profundo.

Eles só podiam está brincando com ele, pensou. O barão e o comandante. Os dois estavam o fazendo de bobo, pedindo que ele desempenhasse o papel de mensageiro, enquanto ele deveria está se preparando para o assédio a cidade.

- Sim, meu senhor. – ele disse solicito.

Quando ela retornou para dentro da barraca para se encontrar com o conde, percebeu que a cama estava vazia, os lençóis desarrumados. Uma voz barítono, profunda, sonora, vibrou atrás dela, assustando-a.

- Procurando por mim?

Vladislaus estava em pé, com uma capa preta e elegante drapejada sobre os ombros austeros. Na penumbra da barraca seu rosto parecia pálido e fino, o que atribuía um tom mais fidalgo. A ferida em sua face fora tratada e só ficara uma fina linha vermelha. Havia uma expressão límpida na face do Conde, embora parecesse estar muito ciente, e até divertido, pelo fato de tê-la assustado.

- Devo lembrá-lo que ainda está com meu anel.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQua Jan 07, 2009 8:28 pm

Ela olhou o garoto partir para fazer o que havia lhe ordenado e cojitou que ele estivesse mesmo tentando amansá-la. Aquele pensamento a assustava. Não podia ser dobrada por uma criança. Mas ele não era mais uma criança, como ela custava a chamá-lo, era quase um homem. Homem que estava tentando cumprir o desafio que ela havia o lançado na noite anterio quando conversavam sobre seu segredo e o segredo dele.

Voltou seus olhos novamente para o ruivo e viu como ele estava injuriado, rindo internamente. Infelizmente ele havia virado o mensageiro da vez. Ele poderia pensar naquilo como um treinamento e um aquecimento, já que corria de um lado para o outro.

Caminhou até a tenda calmamente. Ainda pensando em todas as informações que haviam lhe jogado, sem perceber que o ex-prisioneiro se preparava para pregar-lhe uma peça.

Quando levou o susto, agradeceu por ele estar atras de si e a capa vermelha que usava esconder o movimento de sua mão quando esta foi ao peito. Escutou a voz do homem novamente, abaixando a mão lentamente enquanto a fechava para que se aguentasse e não começasse ali outra briga desnecessária.

- Sim, estou com vosso precioso anel. E isso lhe dá o direito de aparecer as minhas costas sem previo aviso?

Perguntou-o, sorrindo de canto e virando-se lentamente para a figura do homem. Felizmente para a loira, a visão do homem belo estava sendo escondida pelo sentimento de raiva que surgiu quando ele tentou assustá-la.

Respirou fundo, voltando a ficar mais séria.

- Infelizmente estamos sem tempo para brincadeiras de mau gosto. Desculpe a interrupção, mas tinha assuntos a resolver. Gostaria de escutar o que estava a dizer antes de precisar me ausentar.

Caminhou na direção do homem, esticando a mão com o anel de dragão para devolvê-lo ao seu legitimo dono.


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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 4:20 am

- Não concordo com isso, Barão. Eles perderam minha irmã, Hadja, para morte. Talvez estivessem fartos de crianças dentro de casa e me mandaram para o Sultão. Mas está tudo bem para mim. Nunca mais os vi, e pretendo continuar assim.

Havia angústia e revolta no olhar e nas palavras de Laila. Ela ainda observava atentamente o homem, não tinha medo de encarar o sexo oposto, como a maioria das mulheres tinha. Laila era chamada de "Flor Rebelde" por vários motivos, e sua ousadia era um deles.

Ouviu as palavras do homem sobre a família dele, o filho bastardo e a suposta amante. Laila abaixou a cabeça, deitando-se novamente nas cobertas e aconchegando-se nelas, falando com a voz manda, diferente de minutos atrás:

- Devia falar com eles, mesmo assim...oferecer apoio sem nada em troca...isso sim seria a verdadeira alegria. Ele saber que o senhor...existe.

Ela chegou a sorrir, mas depois bocejou cansada. Naquele momento, olhava diretamente para a entrada da tenda, esperando a chegada do Conde Vladislaus. E de mais alguém...em seu desmaio, ouviu uma voz etérea dando a ordem de levá-la do deserto. Quem era?...Não viu, pois já rumava para os pesadelos naquela em que foi resgatada. Gostaria de conhecer o dono da voz, e agradecer por tê-la salvo. Ao ouvir a nova pergunta do robusto Barão, um súbito frio percorreu a espinha da garota. Ela encolheu-se um pouco mais, falando já quase adormecida:

- Não sei...não quero ficar no aqui, o Sultão vai em encontrar...talvez vá para a Europa, ser criada. Lá chamam de "empregadas", não é? Sei fazer de um tudo...nunca gostei de ficar parada...
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 6:44 am

O conde a encarou enigmaticamente. Um sorriso suave esboçou nos lábios finos.

- Desculpe se eu te assustei. Não foi a minha real intenção.

Ele virou as costas a ela e ficou de frente a mesa, como se nada abalado por ela tê-lo chamado à atenção. O homem era dissimulado.

- Eu estava aqui observando o mapa e procurando uma chance de vitória.

Quando ela se aproximou, ele não se moveu. O homem era alto, mais do que Daniella. De perfil, ela podia contemplar melhor as maçãs do rosto tipicamente aristocráticas, boca bem traçada, e um nariz ligeiramente arredondado. As botas de equitação eram silenciosas com seus movimentos, fazendo com que Daniella desejasse que fizesse bastante barulho para não ser assustada novamente por ele e luvas pretas nas mãos. E foi com uma mão aveludada pela luva, que ele pegou o anel que ela devolvia. Os olhos azuis se encontraram com os dela.

- Eu tinha esperado alguém mais velho para um comandante de um exército destas proporções.

Ele encaixou o anel no dedo anelar. Podia ser impressão dela ou não, mas no imediato momento que o anel havia sido encaixado, as pupilas dos olhos dele estreitaram como as de um dragão, antes de voltarem ao normal.

- Ia dizer que a boa noticia é que o sultão não contou com o exército de Casimir. O duque deveria ter chegado a sua cidade há três dias atrás, o que de fato ele não fez. Agradeça o duque, pois será o fato do atraso dele, que teremos um exército maior que o sultão previa.

Ele a observou, com um sorriso irônico nos lábios. Era evidente para o Conde que era mais fácil ela mandar Casimir para o Inferno, do que agradecer o homem por ser um insubordinado.

- Mas isso não anula o fato do exército de Mehmet ainda ser maior.

Os dedos do conde deslizavam pelo mapa, indicando cada ponto previamente estudado.

- Eles tentarão passar pelos portões primeiro. Não trarão escadas para tentar subir pelas muralhas. Você pode enviar um grupo de homens para cobrir os portões e remover aqueles que estiverem nas muralhas. Se você tiver catapultas, coloque-as em fileiras. Peça para que seus homens calculem bem antes de dispará-las, ou eles destruirão as muralhas que são a nossa única defesa. Use os arqueiros, enquanto os inimigos tentam se infiltrar em sua cidade. Será o suficiente para diminuir o fogo inimigo.

Ele fez uma careta. Não se saberia dizer se era por está sentindo dor ou se pensava algo ruim.

- O problema, será se eles invadirem a sua cidade ou se conseguirem destruir as muralhas cedo demais. Seria interessante um ataque antes de eles chegarem a sua cidade. Um ataque de guerrilha rápido, mas eficiente.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 8:31 am

O barão cruzou as pernas e olhou para ela. Ele parecia ainda mais intrigado à medida que ela falava.

- Talvez, empregada no castelo dos Tepes? Você salvou a vida do Conde, nada mais justo ele agora ajudá-la. E acho que os Tepes não teriam objeção quanto a isso. Dizem que Valerious, o pai de Vladislaus, é de uma linhagem cigana. Não vejo que o homem teria preconceitos em aceitar uma muçulmana no castelo, uma vez que ele mesmo já foi alguém que não era católico e nobre.

Ele franziu o cenho e deu um suave suspiro.

- Eu ofereço apoio financeiro a eles. Sempre ofereci. Mas temo que meu filho tenha a mesma raiva de mim, como você apresenta a seus pais. Eu receio que ele não entenda que eu não tive escolhas. Se eu tivesse, tudo ia ser muito diferente.

O barão virou os olhos para a entrada da barraca, vendo Ezequiel entrar.

- Senhor. O comandante me pediu para que eu levasse uma mensagem ao rei agora.

- Você? Por que ele não mandou um mensageiro?

E como se desperto de repente, o barão prosseguiu cuidadosamente.

- Ezequiel, o comandante não sabe que você...

Ezequiel andou até a mesa, com o cacho do cabelo loiro caindo para frente sobre a face, as pernas compridas movimentando graciosamente. Ele tirou a capa azul marinho dos ombros e colocou-o sobre a cadeira, revelando as roupas finas que usava.

- Sim, ele sabe que eu sou o príncipe.

- Como isso?

- Ontem à noite, quando fui entregar a mensagem do rei. Esqueci de remover o anel da família real do dedo e ele notou.

- Certo. – o barão disse com um suspiro. - Melhor que tenha sido o comandante, do que outra pessoa. Talvez, ele te proteja agora que já sabe. Tome cuidado da próxima vez, Ezequiel. Se souberem que é o herdeiro do trono, você pode se tornar um alvo fácil para os inimigos e até mesmo aos nossos aliados.

O menino acenou com a cabeça e olhou para Laila.

- Como ela está?

- Melhor. Pronta para uma outra fuga admirável. – ele brilhou um sorriso, piscando para Laila.

Neste momento, Estevão adentrava também a barraca. Ele olhou para Ezequiel e ambos embaraçados, desviaram o olhar. O barão franziu o cenho sem compreender o motivo daquela atitude dos dois jovens, mas nada disse.

- Estevão? – o barão iniciou.

O ruivo voltou-se ao barão.

- Senhor. O comandante disse que ainda tem assuntos para tratar com o Conde Vladislaus e que a menina deve esperar. – e olhando a garota de canto dos olhos, complementou. - Ou poderá vê-lo, se ela prometer não atrapalhar.

- O comandante está “tratando assuntos” com Conde Vladislaus, você disse, meu caro Estevão? – disse outra voz na entrada da tenda.

Os homens voltaram suas atenções ao loiro duque, que estava parado na entrada da tenda, com um sorriso presumido nos lábios.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 12:29 pm

Ela escutou suas desculpas e depois escutou-o falar sobre ter analizado o mapa. Olhava o mapa com atenção, seus olhos vermelho sangue estava sérios e compenetrados até que o escutou falar sobre esperar um general mais velho.

Seus lábios formaram um sorriso cinico e seus olhos se estreitaram na direção do outro. Notava como ele era mais alto, mas seria obvio que quase todos os homens daquele local fossem mais altos que ela. Possuia 1,70 metros de altura, mas aquilo era uma altura baixa para homens, apesar de alta para a maioria das mulheres.

- Desculpe se sou novo, mas conquistei muito mais do que a maioria dos comandantes mais idosos. - Riu-se.

Ela o olhou, percebendo aquela movimentação estranha nos olhos do homem, achando aquilo estranho, mas preferiu pensar que aquilo era fruto de sua mente estressada com tudo aquilo.

Escutou-o falar sobre a 'boa noticia' e bufou, cruzando os braços. Era uma boa noticia ter alguem covarde em suas tropas? Ela acreditava que não, mas não poderia negar que com a chegada inexperada do Duque trapasseiro lhe ajudava quanto ao valor numerico, e ficaria ainda melhor caso o rei trouxesse consigo mais soldados para essa batalha dificil.

Continuou a escutá-lo, agora imaginando a estrategia que ele passava e concordando com a cabeça. Respirou fundo quando ele terminou. Apartir daquele momento seria uma correria até o momento em que a batalha realmente começasse.

- Não se preocupe. Se já tem medo antes da batalha, é por que não acredita que pode vencê-la. Eu acredito em mim e em meus homens. Todos aqui sabiam dos perigos e vieram mesmo assim, e não cairão tão facilmente na frente de muçulmanos. Alem disso, temos um triunfo, caso nosso batalhão pareça pouco.

Ela sabia que o Rei viria a batalha, assim como Ezequiel havia dito. Sabia que iria cortar a garganta daquele Sultão com sua espada de prata que possuia detalhes em pedras preciosas. Iria terminar seu trabalho na frente de um Principe, um Rei, um Duque e um Conde.

Assim, ninguem poderia jugá-la por ser mulher mesmo se quisessem.


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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 1:49 pm

A garota se viu feliz com as palavras de Ezequiel. Um menino, ainda, mas demonstrava preocupação com uma garota que ele mal conhecera. Um bom coração, certamente. E o Barão...gostaria de ter um pai como aquele, isso era fato.

A conversa rumava para um ponto desconhecido e surpreedente, que fez Laila arregalar os olhos já muito chamativos. Então...Ezequiel era um príncipe! Ela olhou diretamente para o garoto, mas não com interesse. Laila não era assim. Mas a preocupação com o rapazinho era clara, mesmo conhecendo-o há poucas horas. De aguma forma, sentiria-se culpada de algo ocorresse a ele.

Quando seu corpo cansado e seus ouvidos distantes ouviram as palavras do Barão, logo depois do garoto retirar-se, ela cerrou os olhos. Não! Ele estava errado, era muito diferente do pai de Laila! Ela o olhou novamente, dessa vez com complacência e decisão na voz:

- Há uma grande diferença, senhor. És muito melhor que o meu pai ou que a minha mãe, pois não entregou sua jóia preciosa, seu filho, para o primeiro tirano que apareceu no caminho, por dinheiro ou seja lá pelo que for.

Ela falava mais depressa, e o corpo cobriu-se um pouco mais nos lençóis:

- Se possuísse um pai como o senhor, não me importaria dele estar longe todo o tempo. Contanto que soubesse o quanto ele me amava.

Fala sincera, depois abaixando o rosto. Só o levanta quando escuta uma nova voz na barraca, voz esta pertencente ao Duque. Não sabia o porquê, mas sentia horror dele. Instintivamente, segurou uma das mãos do Barão, escondendo-se atrás dele de forma discretas, tão encolhida que somente seu rosto era visto.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 6:25 pm

Ele deu uma risada sincera.

- Não, eu não quis referir sobre sua juventude com desprezo. – sorriu. – Só estou surpreso. Descreveram-me como um homem mais velho... – olhou-o de cima a baixo, com ironia, complementando. -... e de estatura um pouco maior. Eu sei de seus feitos, Gajo. Se você soubesse como eu sei.

Havia algo suspenso no ar após aquelas palavras, como se houvesse uma piada naquilo ao qual ele não compartilharia com ela. Dizer como ele sabia dos feitos dela era o que mais podia intrigá-la. Ouvindo as últimas palavras dela, riu com um brilho curioso nos olhos.

- Ingenuidade. – disse mordaz. – É essa inocência imatura que o diferencia dos comandantes anciões. Um homem que conhece sobre batalhas como ninguém, que desafia Sultões e Xá, mas que pouco ou nada sabe sobre a natureza humana.

Sua voz se tornava mais aveludada à medida que continuava a falar. O nobre o observou e Daniell podia sentir os olhos dele a estudarem, da mesma forma que ele havia estudado o mapa. Era um joguinho de palavras, algo muito mais perigoso que as batalhas que Daniell enfrentava.

Seu olhar a fitava compenetrante.

- Um homem que não possui medo é um homem tolo. Este morre pela imprudência. Um homem com medo é mais tolo ainda. Morre covarde. Entretanto, um homem que sente medo, mas sabe lidar com seus próprios temores, é um homem viril e ameaçador.

Ele avançava em direção a ela, o olhar dele nunca oscilando dos olhos rubros e sempre tão determinados.

- Medo, quando bem moderado, é prudência. É o que faz a diferença de terminar a batalha com a cabeça ainda no pescoço, não importa quantas batalhas você tenha vencido.

Os passos pausaram quando ficou frente, face a face, com o comandante. Ela podia sentir a respiração dele acariciar seu rosto e o doce hálito de vinho e maçã.

- Você deposita muita fé em homens que lutam por ganância. Homens que lutam pela promessa de terras e títulos. Poucos combatem pela causa cristã ou pela sua causa. Muitos de seu exército são piores até mesmo que Casimir. Pelo menos, você sabe o que esperar dele. Seus homens estão com você enquanto estiver vencendo, mas quantos continuarão ao seu lado quando você cair?

Era uma advertência, não uma ameaça. Subitamente seu olhar mostrava interesse.

- Um trunfo? - ele pareceu ponderar. – Vai me dizer que o Bispo resolveu finalmente empunhar uma espada e lutar em nome da causa santa com batina e tudo?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 7:24 pm

O barão sorriu suavemente ao ouvir aquelas palavras afáveis vindo dos lábios de uma selvagem. Estranhamente sentiu-se lisonjeado, mas não conseguiu responder com a chegada surpresa do duque. Sentiu os dedos da menina se fechar ao redor de sua mão, e ele apertou seus dedos com delicadeza, passando-lhe confiança.

Olhou em seus claros olhos de esmeralda e seu coração sentiu um aperto não tão delicado. Quando Estevão adentrou, Laila não tinha esboçado aquela estranha reação. Com o duque, ela parecia muito assustada. Não compreendia o pavor que ela sentia pelo duque.

- Está tudo bem, Laila. – o barão tentou. – Este é o Duque Raymond Casimir. Ele é um dos nossos homens e ele não fará nada contra você.

O barão voltou-se ao duque, indicando com a cabeça a mesa com bebidas.

- Sirva-se, senhor duque. Se faça a vontade.

- Então, Conde Vladislaus e o Comandante Daniell estão na tenda conversando. – disse o duque. - Conversando sobre o quê?

- Oras, conversando... sabe lá Deus o que... – Estevão respondeu. – Eu não vi o Conde. O comandante só pediu para avisar que tinha assuntos a tratar com o nobre e que não queria ser perturbado.

Casimir acariciou o cavanhaque, seus olhos de rapina observando ao redor da tenda, calculistas. Até que seus olhos fitaram, com certa surpresa, diretamente o olhar da pequena beldade.

- Ah, aí está à pequena concubina do Conde. – o loiro sorriu. – Vlad não perdeu tempo. É uma bonita garota.

O duque aproximou-se da menina que se escondia atrás do corpo robusto do barão, que quase a cobria inteiramente com as costas. Inclinou-se, olhando-a com um sorriso muito malicioso.

- Você morde como Vladislaus disse?

Estendeu a mão e afagou o rosto dela e depois, seu cabelo escuro.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyQui Jan 08, 2009 9:57 pm

Ela o escutou falando em como o descreviam, rindo um pouco.

- Gosto de minha idade, apesa de que alguns centimetros a mais seriam bem utilizados, mas o que posso fazer se não fui agraciado com esse beneficio?

Riu-se, apesar de perceber o que ele havia soltado no ar. Deixaria-o especular por enquanto. Impossivel reconhecê-la como mulher ou como Daniella, já que faziam-se anos desde que haviam se visto. Escutou-o sobre o que havia dito sobre medo. De tudo não era mentira, mas também não considerava toda aquela baboseira como sendo verdade.

Seus olhos rubros acompanhavam o olhar dele, vendo que ele gostaria de vencê-la em uma batalha de força de vontade e palavras. Ela poderia muito bem brincar com aquilo, mas não possuia tempo para briguinhas de ideáis. Olhou-o rente ao seu corpo e sorriu de canto enquanto ele falava sobre os motivos de seus homens.

- Por um acaso acha que vou discriminá-los por serem gananciosos, infiéis e intereceiros? Desculpe perceber sua igenuidade, Conde, mas talvez não possua um homem que não esteja aqui por suas ambições. Não os culpo se um dia decidirem me deixar por que perdi, também não continuaria do lado de um perdedor. Exatamente por isso que traidores e covardes não sobrevivem em meus exercitos. Está me colocando num altar ao qual eu não pertenço. Sou tão ganancioso quanto eles, tenho meus interesses por tras dessas guerras, assim como o Duque ou os soldados de meus batalhões.

Sabia que ele não estava tentando ameaçá-la agora. Ele não seria idiota de tentar algo quando faltavam apenas algumas horas para uma grande batalha. Por enquanto estava tranquila, apesar de saber que ele parecia não perder tempo quando queria brincar. O maior medo dela também não era ser abandonada por perder, mas ser descoberta como mulher em seu pequeno paraiso.

Riu-se quando o escutou falar sobre o bispo, imaginando a cena hilária de um homem gordinho com batina correndo desengonçado contra qualquer outra pessoa.

- Quem me dera ter tal diversão em meus campos. Mas não, é algo bem melhor. Espere até a hora certa. Não seria bom estragar a surpresa, não.

Sorriu novamente como uma rapoza.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:45 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptySáb Jan 10, 2009 5:33 am

A sensação que tinha perto de Casimir era exatamente a mesma que possuía perto do Sultão; medo, asco, vontade de fugir. So não sabia mais para onde; já fôra embora do palácio do Soberano árabe; ir para a Europa sozinha estava fora de cogitação, já que sequer sabia em que direção correr.

O corpo escondeu-se ainda mais atrás da proteção do Barão, porém o Duque já estava próximo demais. Os toques dele no rosto e cabelos de Laila a fizeram ficar arrepiada da cabeça aos pés, porém a sensação não era nada prazerosa.

A garota disse num tom mínimo, quase amargo, porém bastante firme para uma menina de 14 anos:

- Tive de fazê-lo...ele estava desmaiando, se continuasse a dormir, morreria. Foi a única forma que encontrei de deixá-lo desperto.

Ela apertou com um pouco mais de força a mão do Barão. Olhou para ele suplicante e, uma vez mais, desejava que aquele fosse seu pai:

- Senhor Barão, por quanto tempo preciso ficar aqui?...Gostaria...de passear um pouco, mesmo que fosse somente uns metros. ode me ajudar?

Pedia gentilmente, mas havia algo escondido ali: obviamente, ela queria mesmo era ficar longe de Casimir.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptySáb Jan 10, 2009 6:07 pm

Ele sentou-se numa cadeira, próximo a Daniell, enquanto ouvia cada palavra. O tom andrógino não passava despercebido aos ouvidos aguçados do tático. Não somente a voz fina de um contra-alto, mas o comandante também possuía uma fisionomia e um rosto delicado, belo. Daniell o fazia lembrar uma raposa.

Delicada e esperta.

O conde apenas sorriu e ergueu a taça aos lábios.

- Surpresa... – disse, refletindo. – A última vez que me disseram que eu teria uma surpresa, recebi trinta e cinco chibatadas.

Ele cruzou as pernas, ficando a olhar por muito tempo para seu próprio reflexo no vidro da taça, enquanto girava o vinho no fundo do cálice.

- Discrimina-los, não. Não se você ainda deseja possuir um exército, Daniell. Lobos famintos sempre existem em qualquer exército. Mas cautela será sua maior arma.

Os olhos dele subiram de encontro aos olhos rubros. Ele chegou a comparar o quanto aquele olhar era vermelho como o vinho que tinha em mão. Eram olhos bonitos, enigmáticos, mas que o conde tinha a certeza que exigiria cuidado de sua parte.

- Não é o número de homens que conta um exército. Mas sim, em quantos homens você confia. Quantos homens você pode confiar agora, Daniell? Se não conseguir se lembrar de um nome sequer, então você não tem um exército. Muito menos um exército suficiente para derrotar o sultão. Somente um exército de sugadores de sangue.

Ele deu um sorriso enigmático, deslizando o dedo indicador pela borda da taça.

- O que isso quer dizer, então, que as suas palavras de “acreditar em seus homens” e que gerou toda essa discussão, são infundadas. Uma vez que seus homens dizem lutarem em nome de Deus e prestaram juramento de entregarem as terras conquistadas ao rei, mas agem como infiéis e cruzam seus dedos atrás das costas durante o juramento, já são considerados traidores.

Tomou um gole do vinho e o depositou sobre a mesa, continuando a falar.

- Como você afirma que não há lugar para traidores em seu exército, então sinto dizer que todos estão mortos. E haja lanças para empalar os traidores.. – ele zombou.

Inclinou-se para trás, aconchegando as costas na cadeira, enquanto arrancava as luvas grossas das mãos.

- Pode ser que você não seja nenhum santo, nenhum mártir. – olhou-a, com um sorriso diabólico. - Nenhum Jesus Cristo. Mas eu ainda vejo grandeza em seus olhos. Você é diferente, age diferente. São homens com essa sua qualidade que eu busco como aliado e que Casimir teme como o Diabo teme a cruz.

Ele estendeu a mão a Daniella, o emblema do dragão no anel refletindo ligeiramente.

- Estou em dívida com você, garoto. Algum dia, eu irei retribuir. Com a batalha terminada, vá ao castelo dos Tepes. Será bem recebido por mim e meus familiares. Jante conosco, e eu servirei um vinho muito melhor do que estes que eles lhes dão durante as campanhas.

Ele piscou, sorrindo charmosamente.

- O mesmo vinho que o Papa de Roma aprecia.

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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyDom Jan 11, 2009 4:55 am

Estevão se retirou da tenda, antes que algum deles resolvesse faze-lo de mensageiro novamente. Viu o menino Ezequiel já de partida, acompanhado de um pouco mais de meia dúzia de cavaleiros que ajeitavam os feridos em macas e os colocava sobre as carroças.

O duque riu em resposta a menina, a luz do dia brilhando em sua testa, nas sobrancelhas loiras, bem arrumadas. Ele a encarou por um momento mais, baixando e estreitando os olhos, mas não parecendo hostil.

- Nunca imaginei que o Conde escaparia de seu confinamento. Muito menos, por meios da ajuda de uma mulher. Ele deve tê-la seduzido. - e olhou-o nos olhos verdes e brilhantes. - Ou foi seduzido.

Ele voltou-se ao barão.

- Então eles estão conversando na tenda do comandante? – o barão não respondeu a pergunta do duque, percebendo que ele falava mais para si do que para qualquer um deles ali. – Ótimo. Ótimo.

Disse, retirando-se da tenda. O barão voltou-se a ela, ouvindo seu pedido.

- Não acho que um passeio agora seja prudente. Seu soberano virá nos atacar e os soldados estão se preparando para o combate. Deve permanecer aqui, até que tudo se acalme. Ou eu posso levá-la a tenda do comandante, para que veja o conde, se você prometer seguir o que Estevão instruiu.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyDom Jan 11, 2009 10:33 am

Ela riu levemente quando o escutou falar sobre surpresas, cruzando os braços.

- Se eu pudesse, faria mais do que isso com aqueles muçulmanos malditos.

Sorria, olhando para o homem, o analizando assim como ele a analizava. Percebia o olhar que ele lhe lançava, como ele analizava sua forma fisica, sua aparencia e seu modo de pensar. Ele queria saber como chegar a ela, queria fazer dela sua aliada. Mas ela não ficava do lado de ninguem a não ser que lhe fosse uma boa barganha.

Escutava-o falar de seu exercito, suspirando. Notava cada movimento que ele fazia. Ela riu um pouco, balançando a cabeça. Sorriu de canto.

- Ótimo. Que tal chamarmos então para as cruzadas os Bispos, Padres, talvez o Santissimo Papa como comandante. Assim teremos pessoas que estão realmente fazendo isso por Deus.

Riu-se olhando e o escutando falar agora de si, arqueando a sobrancelha. Sorria bastante convencida sobre o que ele falava. Aquilo a deliciava por dentro, como eles tentavam barganhar e tentar tê-la ao seu lado. Como queria que ela não ficasse contra eles. E eles não faziam ideia sobre ela ser uma mulher. Aquilo era um de seus grandes prazeres.

Ela o escutou e sorriu de canto, olhando para a mão do Conde Tepes, sorrindo novamente como uma raposa. Apertou sua mão.

- Posso levar a sério essa proposta.

Riu-se.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:47 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Manhã - O Combate   Primeira Manhã - O Combate - Página 2 EmptyDom Jan 11, 2009 4:39 pm

O Conde elevou as sobrancelhas, parecendo altamente impressionado com o homem que encontrava a sua frente. O conde notava que o homem era atraente, inteligente, e de fato tinha personalidade. Todas as qualidades perfeitas para um comandante carismático, não ciente de seu único defeito: ser mulher. Ele fitou nos olhos dela como se tivesse tentando ver a profundidade interna de sua alma.

Vladislaus sorriu, vendo que a conversa já caminhava para trilhas perigosas.

- Blasfêmia e heresia no exército de Deus. - O conde sorriu, com um brilho nos olhos. - Se o Bispo estiver o ouvindo do lado de fora, certamente nós estaremos todos condenados à fogueira agora.

Com a mesma voz calma e sem deixar de fitá-la nos olhos, ele retorquiu:

- Ah, mas você não pode negar o fato que a Igreja nos comanda. Comanda até mesmo o próprio rei. Isso já não faz do Papa um comandante? – indagou com um sorriso nos lábios.

Ouvindo sobre levar a sério a proposta, o conde inclinou a cabeça para trás e riu suavemente.

- Tolice. – apertou a mão dela. – Deixe-me prestar meus sinceros agradecimentos a sua cortesia, com este meu humilde convite. Vá ao castelo, e eu lhe mostrarei a safra de vinho do armazém. Poderemos beber e discutir melhor essas questões políticas e porque não, religiosas. – seu sorriso se tornou felino. - Ou algo mais divertido. Não recuse a oferta de um Conde, garoto.

Observando as mãos unidas, o duque esboçou um sorriso.

- O filho do Dragão e a Raposa.

O conde soltou a mão de Daniell e virou a cabeça na direção oposta ao duque, deixando transparecer uma expressão de desgosto. Os dedos dele ocuparam-se com a taça, os olhos não se encontrando em nenhum instante aos olhos do duque e nem os dela. Vendo as calças pretas, o colete vermelho de seda, e a camisa branca, o duque sorriu.

- Vejo que minhas vestes lhe caíram muito bem, Conde.

O sorriso do conde cresceu e seus olhos dirigiram-se de soslaio para o duque, com um brilho perigoso. A resposta veio em uma voz funda, fluindo charme e elegância.

- Um pouco folgadas, para dizer a verdade. As cruzadas deveriam o ter feito emagrecer. O que houve?

O duque riu, ligeiramente surpreendido.

- Você não mudou nada, Draculea.

- Nem você.

O duque adentrou na barraca, virando-se para Daniella.

- Finalmente anda fazendo amizades entre meus homens, Daniell?
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