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 Primeira Noite - Preludio para o Combate

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Daniell Lourenth Suzano

Daniell Lourenth Suzano


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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQua Dez 17, 2008 5:04 pm

Ela se trocava, procurando roupas mais largas para que pudesse relaxar seus musculos e poder respirar direito depois de passar o dia inteiro com seus peitos espremidos. Foi quando escutou uma respiração atras de si, cobrindo seu corpo e pegando uma espada, notando o garoto sair correndo da barraca. Xingou, aproveitando que estava frio e somente pegando uma blusa larga para cobrir seu busto e a manta que o garoto havia lhe dado minutos mais cedo.

Correu atras dele, espara em mãos. Puxou-o para dentro de uma barraca vazia, jogando-o no chão com facilidade e ficando sobre ele com a lamina de sua espada proxima ao pescoço dele.

Ele havia a visto como mulher, alem de um insulto a si por ter sido vista nua por um homem que não era seu noivo ou seu servo, somente um mero escudeiro, havia a preocupação de que ele poderia revelá-la aos outros.

Ela respirava pesadamente, seus cabelos caindo pelos ombros e dos lados do rosto do garoto, seus lábios entreabertos e seus olhos mostrando determinação.

- Caso uma só palavra do que você viu saia para qualquer um dos soldados, sua cabeça estará em outro lugar que não entre seus ombros pelo final do dia.

Falou séria, mas de certo modo era até sensual aquele modo dela. Ela era dominadora, provavelmente qualquer homem que quisesse tê-la como companheira teria de ser tão dominador quanto.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:37 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQui Dez 18, 2008 4:37 am

O chefe da guarda, o Daroga, olhou a confusão e, enfiando dois dedos na boca, deu um assobio agudo. Meia dúzia de soldados armados apareceram e cercaram o conde, apontando as lâminas em direção ao seu pescoço.

Vladislaus virou-se para eles, com a cimitarra em seu punho esquerdo. Então ele soltou a cimitarra, deixando que o som estridente de sua rendição ecoasse pelo aposento. Apesar de toda sua juventude, seu corpo não suportava mais, devido aos anos de cárceres. Com o peito arfando pelo cansaço, olhou para a jovem de orbes verdes e hipnóticos, notando o liquido rubro e vital que agora encobria toda a suas costas.

- Sete anos é o tempo que você está aqui, Vlad. É realmente um homem difícil de se deixar abater. Mas não pense que isso seja inteligência, e sim, tolice. Seu irmão foi muito mais fácil de convencer.

O conde proferiu em tom venenoso:

- Mais fácil de convencer a ir para a cama com vossa alteza, quer dizer. Você descreve bem a sensação de possuir o corpo de uma mulher, mas como é a experiência com um homem...

Vladislaus não teve tempo de terminar sua provocação e já era duramente esbofeteado na mandíbula. Um spray de sangue voou sobre as vestes do sultão. O soberano limpou as costas da mão com um lenço bordado.

- Levem o Conde Vladislaus para o seu aconchegante aposento. – ordenou o sultão. – E tratem de dá-lhe um bom calmante para fazer certo que ele não acorde até amanhã.

Seguido pelos guardas, o conde deixou o salão. O daroga observou o sultão.

- Você o matará. – alertou, mantendo o tom cauteloso em sua voz.

O sultão sorriu.

- Ele é jovem, Ari. Ele aguentará.

O daroga postou-se a esquerda do eunuco e a dançarina, então os encarou. Os olhos dele lentamente fecharam e ele suspirou, parecendo lamentar.

- Bardas, leve as meninas de volta ao harém. Faça isso. – o daroga ordenou.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQui Dez 18, 2008 7:20 am

O escudeiro corria, como uma ovelha desgarrada do rebanho. Deu-se conta, um pouco tarde, que a mulher já o agarrava pelo braço e o jogava dentro de uma tenda. Ele tropeçou, caindo de mal jeito no solo seco, derrubando alguns objetos da tenda e quase batendo a nuca sobre a mesa.

O belo rosto do jovem se contraiu, surpreso. Quando tentou se levantar, sentiu outro corpo cair sobre ele, prendendo-o com firmeza entre as pernas. Ela estava tão perto dele, que ele pode sentir seu hálito no rosto. Então notou a lâmina da espada encostar-se a seu pescoço.

Neste instante, era como se o menino perdesse o vigor, ficando parado, a respiração ofegante. Sua força vacilava, concordando em se entregar e deixando-se plenamente a mercê do comandante. Tinha as pernas dormentes com o peso da mulher sobre seu corpo e as costas frias em contato com o chão. Sentia desconfortável naquela posição, ao mesmo tempo em que excitado.

Os olhos olharam-na admirados, pela formosura que a mulher escondia por trás de trajes rudes de homens. Os lábios carnudos tremiam, seja de frio, medo ou os dois. Quando ele falou novamente, o timbre de sua voz soava trêmula, mas decidida.

- Espere.– pediu o menino. – Espere. – repetiu, estendendo as mãos em rendição. – Confesso que a tenda estava um pouco escura. Eu não vi nada... ou quase nada... que eu não devesse, milorde... milady.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQui Dez 18, 2008 12:03 pm

Ela o olhou, notando como ele parecia teme-la e admirá-la ao mesmo tempo, soltando um rosnado baixo. Seus olhos vermelhos pareciam se destacar naquela escuridão, sua respiração pesada indo contra a tremula do garoto. Começou a perceber que ele tentava se arrumar e ficar confortavel abaixo dela, mas não o deixou. Ela não pegaria leve, principalmente agora que ele sabia quem ela era.

- Idependente disso, você já sabe muito. Continue me chamando como sempre fez. Se algo sair, não pegarei leve com você.

Falou séria, percebendo-o ainda temeroso. Satisfeita, levantou-se a espara ainda apontada contra o pescoço do garoto, mas logo retirando para que ele pudesse se levantar. O medo que o garoto tinha seria seu aliado.

Virou-se de costas para o garoto, saindo da tenda e caminhando de volta para a propria sem mais nada falar. Lançando olhares assassinos para qualquer um que tentasse vir falar-lhe.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:38 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQui Dez 18, 2008 5:56 pm

Ele respirava com dificuldade, transformando em foles gigantes aos ouvidos de Daniella, como se os pulmões fossem pequenos demais para fazê-lo respirar. Seu corpo inteiro formigava e o escudeiro tentou acomodar-se embaixo dela, na tentativa de uma posição menos indigna. Segurou a respiração, sentindo que ela não facilitava as coisas. Ainda caído no chão, com a espada a um centímetro de sua garganta, o escudeiro só podia render-se, convencido pelo olhar sério de Daniella. Ela parecia estar esperando apenas sua negativa ou um deslize para matá-lo.

Passou então a observar o contorno esbelto da face da mulher, que antes pensava em pertencer a um homem bonito, o cabelo que brilhava sob a luz das tochas fixadas nas paredes. Ouvindo as palavras dela, suas feições amoleceram. Ah, então era isto, pensou o rapaz. Ela não estava zangada por tê-la visto despida de pudores, e sim, temia que ele desse a língua nos dentes e contasse que ela era uma mulher. As palavras saíram da boca do escudeiro sem que sentisse.

- Já não te servi bem sem que eu soubesse da verdade?- a voz dele era cortante e Daniella percebia os olhos do rapaz sobre ela. - Eu sirvo a Deus, seja ele em voz de homem, ou em voz de mulher.

Respirou aliviado, enquanto a espada deixava seu pescoço. Ele se sentou, começando a se levantar. Passou a mão nos cabelos loiros escuros e em pé, ela pode contemplar que ele já não parecia tão criança. Era alto e esguio, não muito forte, mas estava longe de ser esquálido. E tinha uma elegância ao falar e caminhar, como um nobre. Um leve, porém belo sorriso se formou no rosto do garoto. O rapaz não aparentava ter mais do que treze ou quartoze anos, mas já demonstrava desde cedo um poder e uma simpatia irradiante.

- Então nosso exército é comandado por uma mulher. Se não a visse com os meus olhos, eu jamais acreditaria que uma mulher levou-nos a tantas vitórias.

Após certificar-se de que o escudeiro iria lhe obedecer, o jovem comandante saiu da tenda em direção a sua choupana e viu que era observado. O padre olhava-o num misto de surpresa e curiosidade, acompanhado de um acólito e três cavaleiros. Dois eram soldados e o terceiro era um nobre. Eles tinham visto o comandante jogar o menino para dentro da tenda, mas os olhos assassinos de Daniell deixavam muito claro que estariam assinando a própria sentença de morte se indagassem sobre o ocorrido. O jovem rapazinho saiu da choupana logo a seguir, os pés pisando na lama que já sujava todo o calçado e o capote. Ele respirou fundo, antes de convocar.

- Milorde.

Ele fitou o chão, assim não corria o risco de demonstrar seus sentimentos. Respirou fundo e se esforçou para olhar para frente.

- Um minuto mais de sua atenção, por favor.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyQui Dez 18, 2008 9:05 pm

Ela era realmente bela, provavelmente vinha de uma familia de lordes, seus traços até delicados agora que olhava mais em sua face. Ela o escutou, parecendo ainda desconfiada. Via como ele estava temeroso e aquilo a deixava mais segura de suas decisões. Depois de escutar suas palavras, sorriu de canto.

- Não sou tão egocentrica. Não sou Deus, sou uma mera humana que pretende lutar em nome da palavra do Senhor. E é isso que farei, nem que me cortem a garganta. Mas prefiro que isso não aconteça.

Aceitou a ultima fala do garoto como um elogio, apesar de sentir o olhar masculino a admirar e até sentir-se bem com isso, aproveitava para fazer o mesmo com o canto dos olhos rubros, notando que a criança logo viraria homem, e provavelmente seria pela mão de qualquer um daquelas mulheres que se vendem para que consigam prazer.

Ao sair observou o padre e seus acompanhantes com seu olhar assassino e não fez mensão de mudar o modo como caminhava ou olhava. Não estava sequer em posição de conseguir conversar com alguem, já que se houvesse algum descuito seu trabalho de anos iriam por agua a baixo.

Escutou a voz do garoto, olhando-o com o canto dos olhos, o olhar continuando a ser mortal. Respirou fundo, como se estivesse buscando paciencia dentro de si.

- Caso queria um minuto de minha atenção, escudeiro, venha a minha tenda em alguns minutos. Aqui não é local para conversa. E espero que avise sua presença antes de invadir meu local de descanso, desta vez. Acredito que aprendeu bem a lição, ou estou errado?

Falou de maneira séria. Ela provavelmente estava falando ainda mais formalmente pela presença de outras pessoas proximos a eles, sua voz saindo androgena como antigamente. Voltou a caminhar para sua tenda, sua espara sempre a mostra qualquer um que tentasse lhe atrapalhar.

Seus olhos rubros somente passaram pelo nobre que acompanhava o padre, tentando identificá-lo, mas logo voltou a a fitar a direção de sua tenda, seu corpo sendo completamente escondido pela capa que usava.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:39 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySex Dez 19, 2008 3:19 am

Tudo parecia distante para Laila. Os sons, a luta, a cabeça do guarda caída no chão. Levantava louvores a Allah por Bardas estar vivo, ele era um dos poucos amigos que ela tinha ali. Ele e Hanna.

A dor era lascinante. Suas costas, tendo recebido quase 10 chibatadas do chicote de um homem nada fraco - mas agora morto - estavam em sangue e carne viva. Com o olhar turvo, mal conseguiu ver o rosto de Ari, o Daroga do Sultão. Parecia-lhe estranhamente familiar...mas, de onde? Chegou ao harém muito jovem, ainda era uma pequena criança. Cresceu ali, para que, quando moça esbelta, servisse aos desejos do Sultão. No entanto, ao crescer, sua revolta tomou as proporções de sua idade: não queria servir a um tirano, por mais encantador que ele fosse - e acreditem, ele realmente era encantador. Para as outras, não para Laila.

Ela foi levada por Bardas, que estava igualmente ferido. Ele foi levado para o local dos Eunucos, e Laila deixada junto com as meninas, no Harém. Deitada cuidadosamente em suas almofadas , que ficavam pousadas na delicada cama, ela foi cuidada por Hanna.

Doía. Doía demais. Ardia como o mármore do Inferno. Ela agarrava as cobertas com força, olhando para frente e cerrando os olhos com a tortura dos cuidados em suas costas, os dentes trincados e as lágrimas descendo furiosas. Mas não deixava escapar um único gemido de dor. Seu queixo tremia, e ela se esforçsava para ficar acordada, não queria dormir, não podia dormir!

Naquele momento, sua decisão era mais forte que nunca: iria embora naquela mesma noite. E com o Conde.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySex Dez 19, 2008 1:37 pm

- E como aprendi, milorde. – argumentou, desviando seu olhar. Sentia-se envergonhado pela sutil repreensão que recebia, ainda mais a frente de outros. - Perdoe-me se eu te assustei. Prometo ser mais cuidadoso da próxima vez. Com sua licença. – respondeu fazendo uma profunda reverência.

O nobre levantou seus olhos para o jovem escudeiro, vendo-o passar rente ao seu ombro. Daniell ia passar sem lhe falar, quando o duque riu-se e o interpelou.

- Assustando pequenos garotinhos, Daniell? – falou Casimir em seu tom malicioso.

Daniell podia reconhecer o nobre como sendo o Duque Casimir de Lusignan. O duque que agora lhe falava fazia parte da lista de homens que Daniella sabia que deveria tomar cuidado. Ela tinha a impressão que ele desconfiava dela. O homem possuía bom faro para mulher, mesmo que esta se misturasse ao cheiro de homens e agisse como um.

Casimir fora um regente quando o rei era uma criança. Aos quartoze anos, vitima de lepra e apto para assumir o trono, Casimir tentou convence-lo de abdicar da vontade de ser rei. Ele achava que o rei reaveria seu pedido e lhe daria um veredicto positivo. Grande engano. O rei desejou assumir o trono e o duque lutou com todas as suas forças para se manter no poder, buscando apoio da igreja. O rei precisou de todas as ameaças, pedidos e leis para tirar o duque de seu trono.

A cruz vermelha do manto negro do homem era tão polida e definida quanto o corte de seu cavanhaque. Embora o título de duque e parentesco com sua majestade, era um homem de pouco gostos e gastos moderados. Casimir deveria ter se unido ao exército de Daniell três dias atrás, o que de fato não fez. Se as forças dele tivessem os unido antes da derradeira batalha, talvez tivesse havido menos mortes.

O duque sorriu e caminhou em direção a Daniell, colocando-se ao seu lado.

- Deus o abençoe por sua esplêndida vitória. – disse o duque num tom de perfeita bonomia. - Um verdadeiro milagre, para um jovem líder inexperiente como você. Admito que não imaginava chegar aqui e deparar-me com tão bela cidade em seu poder. Você conquistou um belíssimo prêmio, Daniell. A cidade é tua.

Terminou em reverência respeitosa. Ficou em silêncio por alguns momentos avaliando o comandante. Seus olhos azuis vasculhavam ansiosamente pelo seu rosto, como em busca de uma fraqueza. O duque sorriu de repente, um sorriso a um tempo triste e encantador.

- Um pequeno presente... – estendeu um pacote, retirado de seu capote. -... de alguém que está profundamente constrangido por não ter podido chegar a tempo de ajudá-lo na conquista desta cidade. Duas magníficas adagas. Como o vejo sempre com a cara limpa, certamente lhe serão úteis para aparar a barba.

Havia uma estranha malicia na voz do duque, enquanto ele fitava-a nos olhos com um olhar ardente.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySex Dez 19, 2008 4:57 pm

Quando Laila ingressou no harém, com as suas acompanhantes, as obrigações de Ari não solicitavam contatos imediatos com ela.

O chefe da guarda-pessoal do sultão sussurrou algumas palavras a Hanna, com a cabeça baixa. Era lei que nenhum homem, sem autorização do sultão, pudesse contemplar a beleza de uma de suas concubinas. Mesmo o daroga que não era mais um jovem bonito, e sim um homem velho, com os cabelos grisalhos e o rosto apresentando algumas rugas, sinais de seus cinqüenta anos. Devia ser o único homem que o sultão confiava, se é que ainda conseguia confiar em alguém.

O sultão mantinha-o não somente por motivos de confiança, pois embora não tivesse o mesmo vigor de sua juventude, possuía um bom faro investigativo. Ela o sentia que ele estava a avaliando da porta, naquele jeito dele, lento e ponderado. Então o som da porta do harém sendo fechada e os passos de Ari se afastando pelo longo corredor.

Embora Ari não tivesse permissão de adentrar no mundo do harém, ainda assim, ele sabia de tudo o que acontecia dentro daquela prisão esplêndida. Há muito tempo ele teve o cuidado de abrir um canal de comunicação dentro destas paredes sagradas.
Eunucos eram facilmente subornados. Os efeitos físicos de castração lhes exigiam que se privasse de álcool, mas eles eram apaixonados por ópio, bons perfumes e sempre dispostos a falar segredos do harém com qualquer um que pudesse pagar por ouro pelas informações.

Hanna já estava de volta carregando uma grande bacia com água e toalhas. Sentou-se, observando a odalisca que repousava sobre as muitas almofadas. Seus olhos negros intensos tinham um olhar, de tristeza ou só a olhava. Suspirou, lembrando que Laila arriscou a própria vida ao resgatar Bardas, sem saber que ela também tinha salvado a vida do Conde. Hanna arrepiou-se ao pensar no Conde. Ele tinha terminado o espetáculo de horrores de uma maneira ainda mais horrorosa.

Sem dizer nada, começava a limpar com delicadeza as feridas, para depois passar um ungüento medicinal. Terminando os curativos, olhou para Laila.

- Perdeu o juízo? – repetiu várias vezes a pergunta. - E não se faça de desentendida. Conheço-a, como se eu e você fossemos da mesma carne. Flertou com o Conde, estragou o jantar, colocou Bardas em apuros, e o pior de tudo, desafiou o soberano. Muitos foram condenados à morte por menos!
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySex Dez 19, 2008 5:37 pm

Laila sentia um olhar em particular sobre si. Não era de Bardas, já levado ao humilde aposento dos eunucos; Hanna sempre a olhava, mas com a intensidade de uma irmã, e não com a força que sentia agora. O Sultão, talvez?

Não...não havia maldade no que Laila sentia. Talvez fosse Ari, um homem calado, mas o único capaz de respeitar algumas das jovens do harém, mesmo que só nas festividades. Gostava de sentir-se assim: uma garota, e não uma escrava.

A jóia do Sultão tremeu dos pés à cabeça quando Hanna começou a passar os unguentos. A mais velha viu o corpo de Laila estremecer e encolher. Mas ela não chorava, não com a boca. Era teimosa demais.

O rosto virou-se para o lado, o queixo tremendo loucamente, e ela parecendo não falar coisas com muito nexo. Porém para Hanna, que conhecia Laila há tempos, eram bem coerentes:

- Aquele imundo...eu não sou um objeto, Allah vai castigá-lo, não importa quanto ouro ele tenha...eu mesma vou matar meus pais...como eles tiveram coragem? A única filha! Eles vão ver Hanna, eu vou crescer, vou ser mais forte!

Osa cabelos grudavam na testa quando ela paru de falar lentamente, adormecendo enfim. Hanna não saberia se Laila falava do Sultão ou do Conde, na realidade.
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySex Dez 19, 2008 6:03 pm

Pareceu satisfeita quando o garoto mostrou-se arrependido. Sabia que aquela prensa na frente de outros o faria ainda mais cauteloso sobre sua lingua e garganta. Viu o garoto se afastar, levando seus olhos para o Duque. Escutou suas palavras, sorrindo de canto.

- Assusto aqueles que precisam ser intimidados, não somente garotinhos. Aqueles que não cumprem com suas ordem e as regras de meu batalhão serão severamente punidos.

Falou com sua voz androgena, olhando de forma acusadora para o Duque. Aquilo era um aviso previo para ele. Não perdoaria ninguem em seu batalhão, fosse ele um homem pobre ou um nobre com titulo de Duque. Havia passado raiva pela demora do homem, que agia como se aquele fosse seu direito chegar a hora que bem quisesse. Tomaria cuidado com aquele homem, mas ele não foi o primeiro a desconfiar da farça que era Daniell e provavelmente não seria o ultimo. Estar na lista negra de Daniella era o mesmo que significar que poderia morrer a qualquer momento 'em nome da vontade de Deus'. Não mataria desnecessáriamente, mas não perdoaria quem lhe ameaçasse. Fossem muçulmanos ou nobre da igreja.

Escutou-o falar sobre sua vitória, olhando-o com até desgosto, rindo ao final de sua frase como se ele fosse um idiota estatando o obvio. Olhou-o por um tempo e o Duque poderia perceber que antes que conseguisse algo do homem, provavelmente teria de tirar a desconfiança que ele sentia por si. O olhar que Daniell lançava a ele era extremamente frio e carregado de nada, como se isso fosse o que ele via a sua frente. Nada.

- Não quero desculpas nem presentes. Sou um homem de Deus e não posso ser comprado por presentes mundanos. Seu atraso me custou homens que poderiam muito bem estar reforçando nossas frentes de batalha. Espero que comece a seguir a risca tudo aquilo que lhe for ordenado. - Sorriu de canto, o olhando. - Caso contrário, não posso garantir a segurança de sua unidade durante uma batalha. Meus guerreiros são bem treinados, sabem a hora devida para cada coisa, espero que isso aconteça dentro de sua unidade também, Duque.

Fez uma leve reverencia e agradeceu por estar em roupas largas que não permitiam que seu corpo feminino fosse visto.

- Agora irei me retirar. Tive uma longa batalha e preciso estar descansado para as futuras batalhas que serão colocadas em meu caminho.

Com isso ele ignorou completamente o presente que o homem lhe estender e voltou a caminhar até o local onde poderia descansar. Mesmo com aquele olhar malicioso, ela não parecia amedrontada, era completamente desafiante, como se o convocasse a tentar algo contra ela para descobrir o que ela faria em contra ataque. Não havia chegado ao seu posto por ser de uma familia nobre ou contatos, havia chegado por merecimento, e a maioria daquelas pessoas seguiam Daniell por suas estrategias e sua precisão. As ultimas pessoas que tentaram vencê-lo e matá-lo em uma batalha acabaram com seu sangue banhando a espada do homem e o chão sagrado por onde ele pisava.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:40 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySáb Dez 20, 2008 12:51 pm

Segurou as mãos de Laila e seus olhos a focalizaram com ternura quando a menina começou a falar coisas desconexas. Hanna não sabia se ela falava do Sultão ou do Conde, mas torcia que fosse do Conde. Afinal, Laila era uma propriedade privada do Sultão, e tinha que obedecer – tinha que aceitar a vida de escrava.

Um sorriso suave despontou nos lábios de Hanna, clareando um pouco sua expressão triste.

- Contará sobre isso amanhã.

Depois de passar um ungüento nos cortes de chicote ela enfaixou seu corpo com uma sobra de linho branco. Seus olhos negros, delineados com um traço espesso, fitavam-na.

- Vou lhe trazer um pouco de chá. Vai se sentir melhor.

Deu-lhe uma palmadinha nas costas da mão para encorajá-la; mas via que ela estava quase chorando, embora fosse teimosa demais para que nenhuma lágrima fosse derramada. A morena se ergueu das almofadas como um fantasma e deu a volta na mesa, preparando o chá com ervas e canela.

Quando voltou, percebia que Laila já dormia. Sentou-se de volta nas almofadas e observou com atenção o rosto dela por um momento. Parecia uma boneca de confeitos, deitada naquelas almofadas azul-turquesa; bela, morena e jovial. Seus olhos estavam fechados, aparentando dormir profundamente, os cabelos soltos grudando na testa. Quando menina, já parecia um pequeno anjinho. Hanna tinha curiosidade de saber com o que ela se apareceria quando mulher.

Ela acariciou a cabeça dela, afastando-lhe uma massa úmida de cabelos que cobriam seu rosto. Pegou um elástico e prendeu os cabelos de Laila num rabo-de-cavalo frouxo e baixo. O vinho a deixou sonolenta e logo ela adormeceu, deitando-se ali mesmo, ao lado de sua amiga. Em poucas horas, estavam todas dormindo.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySáb Dez 20, 2008 5:59 pm

A recepção de Daniell foi fria e aborrecida. É claro que Casimir percebeu. O comandante não o convidou a sua choupana como era costume entre os homens que ocupavam cargos importantes. Também não lhe ofereceu água para matar a sede nem para lavar o rosto, as mãos e os pés fustigados pela poeira e pelo sol. E as palavras do comandante tiveram o efeito de uma ducha fria em cima dele.

O rosto imponente e severo estava totalmente lívido e seu sorriso se agitou, mas essa não era a única indicação que Casimir estava aborrecido pela recepção fria de Daniell. As palmas de suas mãos transpiravam e a garganta estava seca. À sua volta estavam alguns dos homens que haviam chegado à cidade com o duque; todos trajados com uma dupla cota de malha. Ele tossiu, reagindo ao comentário do comandante, seu rosto esticando-se sedosa sobre os ossos e músculos, a mandíbula descrevendo uma curva ampla, projetando-se para frente dos maxilares. O duque de Lusignan dirigiu-lhe um sorriso tenso.

- Não há nenhuma necessidade por desrespeito, comandante. Nós estamos aqui para ajudar nessa campanha. Se nos atrasamos, foi muito mais supino que a vontade terrena. Meus homens não estão acostumados a tais temperaturas inconstantes. Fiz meu melhor para motivar meus homens a marcharem mais rapidamente. Com esses malditos muçulmanos se multiplicando como ratos, as estradas já não são tão seguras, o que fez com que precisássemos tomar rotas alternativas. Havia alguns feridos em meu exército, e muitos foram incapazes de continuar a marchar. Nós também não conseguíamos encontrar comida e, muitas vezes, faltou água para beber. Tivemos que parar em alguns lugares antes para apanhar mais água e materiais. Eu me desculpo.

Dizia devagar, buscando as palavras de pronta aquiescência, fitando-o bem no fundo dos olhos. Ele não desviou a vista, ao contrário, ofereceu-se inteiro como quem abre um livro diante de Daniell. As veias se destacavam na testa do jovem duque como cordões roxos, além das gotículas de suor gelado. Seu sorriso ficou ainda mais amargo vendo o comandante recusar o presente e dá-lhe as costas, fazendo seu rosto brilhar. Ele tirou o lenço de seda do bolso, dobrou-o e juntou as duas bordas. Enxugou o suor da testa, depois dos lábios e quando falou novamente, Daniell percebia o cinismo em sua voz.

- Meus homens estão cansados, pedem pousadas e alimento. Vai negar-lhes isso também, Daniell?
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySáb Dez 20, 2008 8:08 pm

Daniell somente olhou o Duque, seu sorriso ainda nos lábios. Escutou suas palavras em interrompê-lo, depois voltando a caminhar em direção a sua barraca. Seus cabelos loiros espalhados por todo seu ombro, passando um ar quase divino. Parou, voltando a falar.

- Não é falta de respeito, mas sim compromisso. Um homem pode fazer a diferença no campo de batalha, Duque Casimir. Não foi o caso desta vez, mas não será sempre assim. Alem disso, o fato de não aguentarem essa viagem mostra que precisão de um treino mais rigoroso. Talvez seja melhor que eles passem a treinar com meu batalão.

Escutou suas palavras cinicas, rindo um pouco.

- Desde quando lhe proibir de comer? Que eu saiba, a unica coisa que disse até o momento foram as minhas regras de conduta em meu balatão. Vão aproveitar a festa, comam e bebam. Pois amanha é um novo dia, e os quero preparados

Olhou uma ultima vez para eles antes de adentrar em sua tenda, a fechando de modo que ninguem a incomodasse sem que ela escutasse a entrada. Colocou roupas que a deixava com uma aparencia mais masculina e foi se deitar, esperando pelo garoto escudeiro voltar e lhe falar o que gostaria de dizer.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:40 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyDom Dez 21, 2008 3:42 am

Amanhã...o amanhã não existiria mais para ela, naquela prisão dourada e perfumada. Ela nunca mais olharia para sua amiga, Hanna. Será que valeria a pena mesmo? Ali, apesar de ser escrava, estava cercada de todos os duidados; comida, lindas roupas e gente e lhe paparicar todo o tempo, só por ser uma das jóias do Sultão.

Mas...e o preço para todas estas regalias? Sia dignidade, seu corpo! Não, era alto demais. Via como os inimigos e desobedientes do Sultão morriam e, sinceramente, lhe parecia mais agradável do que dormir com a Realeza. Sim, sua sorte fôra tomada por ela própria.

Na alta madrugada, quando todas dormiam e os guardas já não estavam tão ativos, Laila acordou. Ela retirou as jóias que faziam tanto barulho e com o máximo de cuidado as colocou ao lado de Hanna. OLhou a amiga fixamente, depois suspirou. Foi até o local onde as roupas eram guardadas, e pegou sua velhíssima manta que usava para algumas escapulidas. Colocou-a, ajeitando a roupa que usava para que nada de grande valor aparecesse. Só a manta, que ia quase até os pés. Voltou para Hanna e beijou-lhe a testa com o máximo de cuidado e carinho, para não despertá-la:

- Fique bem, minha adorada amiga. Espero que um dia tenha coragem de sair do Inferno vestido de Paraíso.

E abriu a prota do quarto, que nunca ficava trancada, já que o Sultão poderia desejar uma das suas a qualquer hora. Andou na ponta dos pés, escondendo-se nas sombras, fingindo somente ser uma serva que perdera a visão há anos - por isso andar de cabeça baixa. Num momento, sentiu seus cabelos presos, e sorriu serena: Hanna sempre pensava em tudo.

A prisão não era tão distante, pois o espetáculo da morte era algo que o Sultão apreciava mostrar a todos - inclusive suas pequenas beldades. Tirou algo de sua bolsa, colocando o delicado pó dentro da jarra de água que um dos soldados sempre carregava; era ele que tinha as chaves:

- Senhor?... - falava com a voz suve, sedutora, como se o homem estivesse num sonho, para não despertá-lo - Tens sede...água fresca da fonte do harém...beba...estás seco como areia do deserto...

Enquanto ele bebia, sonolento, torcia para que o veneno desse certo. Não o mataria, claro, mas o derrubaria por alguns dias. Beijou-lhe a testa devagar, pegando quase que fantasmagoricamente as chaves; o homem seque sentia os toques da mão dela.

Procurava por cada canto, por cada cela. Uma hora, encontraria o dono dos olhos cor de pecado por quem ela sentia tanto desejo: O Conde.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 7:14 am

O duque agiu como de hábito, como todos esperavam que ele agiria. Ficou frio e respondeu em voz baixa, perto o suficiente para ela sentir a respiração em sua face.

- Certamente, meus homens são bem treinados, comandante. – retrucou o Duque, suavemente, com um divertido movimento de sobrancelha. – O senhor não precisa ensinar um experimentado comandante como eu o que se deve fazer. Duvido que seus homens suportem caminhar três dias debaixo de um sol a fritar os miolos sem perder a dignidade.

O duque o fitou penetrante, os olhos saltados, inteligentes. Ele fazia questão de uma luta de inteligências contra um homem que o duque sabia que tinha condições de jogá-lo no chão e mata-lo como uma criança. Tentava se controlar e se mostrar o mais simpatizante, pois, por mais valente que pudesse ser, não era um suicida. O comandante era famigerado por ter poucos inimigos, pois todos que um dia foram estavam mortos.

Quando o comandante fez a última afirmação, o duque o olhou.

- Nós estamos agradecidos por sua dócil hospitalidade, milorde.

Então ele se inclinou para frente e esperou pelo comandante partir.

- Tratante... ordinário... – ele virou-se ao padre, o rosto vermelho. – Ele é sempre assim tão mal-humorado?

O duque e alguns homens se aproximaram do braseiro aceso à volta das barracas onde, aparentemente, todos comiam e bebiam. Pensava em jantar, em tomar uma forte dose de vinho forte e ir para cama. Os escudeiros mais velhos, vestidos em mantos vermelhos - ao contrário dos escudeiros do exército de Daniell que usavam mantos azuis - seguraram as rédeas dos cavalos e levaram todos para o estábulo para serem tratados. Removiam o freio da boca dos animais e desatavam as selas para que pudessem descansar.

Daniell podia ver duas sombras pelo tecido de sua barraca avançarem cuidadosamente, que pela estatura e a silhueta reconheceu ser o garoto e o outro um cão de caça.

Depois de um curto momento, podia ouvi-lo inspirar profundamente.

- Milorde?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 8:59 am

O ultimo comentário escutado por Daniell fê-lo rir. Achando aquilo uma grande piada. Não voltou a falar, acreditando que seriam somente palavras perdidas, com foram as anteriores, já que o Duque, não o escutava e criava desculpas por não ser pontual.

Ficou em sua cama, descansando os musculos, apesar de ter uma espada ao lado de sua cama e um punhal abaixo de seu travesseiro para poder se proteger de possiveis assassinos. Olhou as sinuetas se aproximarem, analizando antes do garoto lhe chamar, indentificando-se.

- Entre, desta vez não há problemas.

Sorriu de canto, olhando-o entrar. Estava com uma roupa que a fazia parecer um homem, apesar de ser bem confortavel. Estava sentada sobre a cama, as pernas lisas um pouco a mostra, os braços apoiados a cama. Os cabelos caiam por seu corpo, deixando-a bem convidativa, fosse homem ou mulher, principalmente para o garoto, que já havia a visto sem nenhuma proteção na parte de cima do corpo feminino.

- Então, o que gostaria de me falar?


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:41 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 9:24 am

A prisão era feita de pedras, com poucas janelas, ou janelas de pequenas dimensões, para ventilação ou sanidades precisas. Durante o dia, a prisão se tornava um forno a assar seus habitantes. À noite, era um inferno gelado. Com a chave, Laila abriu rapidamente os portões de ferro fundido.

Conduziu-se pelos sinuosos corredores, úmidos e fétidos pelo cheiro forte de fezes humanas. Encadeados contra as paredes estavam prisioneiros de várias nacionalidades e religiões que se comunicavam através de orações desorganizadas, à espera que a vontade de Deus os levasse. Seus habitantes não eram somente meros bárbaros vivendo dentro destas muralhas. Muitos eram homens de título, fama, que tinham tentado um golpe político contra o soberano.

Apercebendo-se dos movimentos de alguém vindo do exterior, cedo os presos romperam as rezas. Das celas ouviam-se todos os tipos de dizeres, desde os pedidos de anistia à maldições dirigidas à pessoa do Sultão.

Deixando o piso térreo da prisão, Laila foi forçada a subir as escadas circulares que conduziam à cela especial criada para o conde. Após uma dura ascensão, ela já podia vislumbrar a cela sórdida e escura. Perto das condições austeras dos outros presos, a cela do conde parecia luxuosa.

Consideravelmente maior que as outras, a cela era uma pequena divisão interior com cerca de dez passos de cumprimento por dez, com duas janelas gradeadas. A luz do luar invadia a cela pela janelas sujas em seus pequenos 10 cm de passagem de ar frio que era à noite no deserto. A visão limitava-se ao pátio principal.

Encostada à parede fria, nas profundezas de sua cela, encontrava-se apenas uma cama estreita onde o conde repousava, junto da qual se via uma pequena mesa de cabeceira. Ao centro do cárcere, estava uma pequena mesa redonda, sob a qual se vislumbrava um prato vazio, uma prosaica taça e uma cadeira de espaldar reto. Do teto, descia correntes usadas para prender o prisioneiro ao pulso e no chão algumas pequenas poças de sangue frescas.

O conde encontrava-se a dormir profundamente. Ainda estava em seus trajes estrangeiros, em tons de preto e dourado, e nos pés botins de couro macio, dourados com incrustações em vermelho. Um manto árabe lhe cobria o corpo, papado com o que parecia ser sangue. O rosto dele estava afundado no colchão, dormindo de bruços, mas ela podia reconhecê-lo pelo anel do emblema do dragão no dedo anelar da mão que pendia para fora da cama.

Havia um corvo sobre o parapeito da janela, com as asas enegrecidas semi-abertas e seu olhar dava a sensação estranha e um desconforto absurdo de que ele estava a vigiar o sono do prisioneiro.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 1:03 pm

Ele obedeceu rápido, adentrando na barraca. Sentiu o perfume dela de repente a envolvê-lo, suave e insinuante. Observou-a disfarçadamente, vendo sua silhueta diáfana deitada na cama, fitando-o. Seu coração deu um pulo. Ele sentiu o antigo calor subir-lhe pelas virilhas, o corpo traindo novamente.

Começou a virar a cabeça, afastando os olhos de Daniell, e então vasculhando vagamente a barraca com seus olhos, buscando qualquer coisa que aplacasse aquele terrível desejo. Era vísivel que ainda se sentia um pouco intranqüilo na presença dela.

Estava vestido com o mesmo manto quando ela tinha o encontrado minutos mais cedo, e seus olhos eram ternos em uma expressão contemplativa ao fitar a decoração da barraca. Quando ela o indagou, ele virou-se a ela e sentindo o peso do olhar, por alguns instantes, seus olhos se encontraram com os do comandante.

O rapaz inclinou a cabeça em reverência.

- Meu senhor.

Ele levantou a cabeça e com calma, olhou intensamente para Daniell.

- Uma das coisas que eu tinha a dizer era a chegada do Duque Raymond Casimir de Lusignan, o Conde de Tripoli, mas presumo que já tenha tomado deste conhecimento.

Com as mãos unidas nas costas, caminhou pela barraca sem muita pressa e ao passar pela mesa, a luz da vela sob o candelabro de prata se apagou, fazendo os dois jovens parecerem como duas sombras indistintas. O interior agora era iluminado apenas pela luz das tochas presas no exterior. Finalmente, com calma e com pouca visão, conseguiu se sentar numa cadeira de madeira, atitude esta ousada para um escudeiro que não tinha sido convidado a acomodar-se.

O rapaz a observava com um ar cauteloso, as sobrancelhas franzidas, como se estivesse imaginando o que suas próximas palavras poderiam provocar nela.

- Sobre Casimir, tome cuidado. É um homem falso, e não se deixará prender só porque vocês estão lutando, aparentemente, do mesmo lado.

Concedeu-a um sorriso pálido, revelando seus dentes brancos. Continuou a falar com sua voz suave e modulada.

- Meu tio, ao ver Casimir, disse que um homem que não tem controle sobre suas ambições não é um homem confiável.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 1:46 pm

Ela o olhou por um tempo, percebendo que agora ele agia como um garoto retraindo-se, tentando se afatas das travessuras, mesmo quando essas insistiam em lhe chamar e provocar. Sorriu de canto. Era uma mulher, e de fato gostava de ter aquele tipo de controle sobre os homens que dependiam tanto de coisas carnais. Mas aquelas não eram horas para pensar em algo como aquilo. Percebeu então ele começar a procurar algo mais intereçante para observar, como se quisesse realmente parar de sentir aquilo, e até sentiu pena da pobre criança.

Olhou-o nos olhos, o sorriso ainda nos lábios, como ele, melhor, ela sempre fazia. Escutou-o a chamar como o chamava antes quando acreditava que ela era ele, ficando mais satisfeita com aquele tratamento. Escutou-o falar do Duque, rindo levemente. Concordou com a cabeça.

- Homem despresivel. É esse o tipo que mais odeio. Se acha o Rei por ser de familia nobre, nunca realmente teve de crescer dentro de um exercito e não sabe realmente lutar para estar em um, mas mesmo assim é colocado em um posto alto. - Suspirou - Duvido que ele chegue a sobreviver a primeira batalha séria que tivermos.

Observou-o caminhar por sua barraca, notando cada passo nervoso. Percebeu a luz se apagar e sorriu um pouco mais tranquila. Pensava em brincar um pouco com aquela criança, mas acabou por preferir deixá-lo se sentir mais confortavel. Percebeu o olhar dele voltar para si, e esperava que ele voltasse logo a falar.

Escutou-o enfim, suspirando.

- Não se preocupe, já sei bem sobre o Duque. E estou preparado para ter que eliminá-lo caso ele queria brincar. Não aceito uma conduta fraca como a dele. Mandarei que os soldados fiquem de olho nos movimentos deste Duque, se ele tentar algo, eu vou cortar as asinhas dele. Na melhor das hipoteses eu o deixo no meio do deserto.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:42 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 5:53 pm

Desatou a rir gostosamente, de um jeito inocente e sensual ao mesmo tempo, os olhos azuis cintilando na penumbra do quarto. Havia achado engraçado o comentário dela e, neste instante, não lhe parecia mais tão assustadora. Com um sorriso nos lábios, quase perverso, descansou os braços no respaldar de madeira da cadeira e inclinou-se para frente muito sutilmente, segredando.

- No meio do deserto e nu.

O escudeiro era realmente uma simpatia, dava para sentir que ele estava realmente gostando de estar ali, sentindo-se mais livre e confortável à medida que conversavam.

- Eu adoraria ouvir o que o senhor tem em mente para a pior das hipóteses, se isso for tão divertido quanto. Já Casimir, na pior das hipóteses, poderá tentar nos trair para conseguir poder. Infelizmente, em se tratando do duque, não existe a melhor das hipóteses.

Seu rosto se elevou de uma forma altiva.

- Suas palavras são boas, milorde. – ele disse calmamente, mas quando continuou, falou em tom imperativo. – Mas homens como Casimir não alcançam sucesso em batalhas. Ser nobre não poupa ninguém da morte. É a covardia que salvam homens como ele. Logo irá ouvir que o duque foi abatido por algum exército muçulmano ou pelos próprios inimigos.

Ele olhou para baixo, como se procurasse um ponto focai, e então novamente tomou a olhar para Daniell, quando continuou a falar.

- Contudo, o senhor tem mais aliados do que imaginas.

O rapaz parou de falar e fitou as faces um tanto obscuras do comandante, fixamente, como que enfeitiçado. Daniella podia sentir que o menino sabia muito mais do que aparentava ou que fosse esperado de um escudeiro.

Ele a encarou por um bom tempo e então um grande ar de formalidade tomou conta de sua expressão imediatamente. Ele fez um sinal de como se subitamente lembrasse de algo muito importante.

- Vim também transmitir uma solene mensagem do rei trazida por um de seus mensageiros.

Seus dedos desabotoaram o primeiro botão de seu manto azul escuro habilmente, colocando suavemente a mão para dentro do bolso interno e puxando um envelope marrom estreito que estendeu para Daniell.

- O rei primeiramente quer parabenizá-lo pela sua coragem e audácia que o levou a mais uma fabulosa conquista. Ele diz que chegará nesta cidade amanhã a tarde, no mais tardar, à noite, com uma tropa armada.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptySeg Dez 22, 2008 10:48 pm

Ela escutou seu riso, achando-o agradavel aos ouvidos. A companhia do garoto a agradava, parecia sentir-se melhor por não guardar aquele segredo mais sozinha. Escutou-o rindo divertida, sobre seu comentário. Gostava de como ele começava a agir mais confortavel proximo a ela, apesar daquilo ser perigoso.

Iria falar mas logo o escutou novamente, deixando-o falar e ficando a escutá-lo. Concordava com o modo de pensar dele, seus olhos vermelhos nunca deixando os azuis. Sorria, as vezes lambia os lábios como se observasse uma presa ou somente os tivesse ressecados pelo clima seco do local em que estavam. Escutou-o falar que possuia mais aliados do que imaginava, ficando sério.

Se levantou, ficando parada perto da cama. Dependendo do angulo que o garoto a olhasse, ele conseguiria ver a sinueta feminina, porem bem fraco. Notava aquele conhecimento real daquela dita criança era bem maior do que aparentava e ficou até impressionada. Escutou-o sobre a carta, a pegando e lendo-a, abrindo um sorriso maior e mais feminino, como se tivesse ganhado o presente que tanto queria.

Seus olhos voltaram-se para o garoto novamente, sorrindo de canto.

- Como pode ter tal contato? Tem algo que queria me contar, afinal, sabe um de meus segredos.

Caminhou para perto do garoto e mesmo não querendo, seus passos e sua aproximação passavam um ar de sedução e desejo maior em volta da garota, principalmente pela luz externa estar ressaltando as curvas da garota pela sinueta. Isso poderia fazê-lo questionar-se o por que de uma garota tão bela estar nomeio daquela guerra, no meio de homens grosseiros e sem educação.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:43 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyTer Dez 23, 2008 11:54 am

Seus olhos percorreram atentamente o corpo da mulher de uma maneira vítrea, quando ela rompeu o lacre e leu a carta, confirmando as palavras do escudeiro. Naturalmente, o moço levava vantagem de ver sua silhueta contra o brilho das chamas, enquanto ela não podia vê-lo.

- O rei finaliza dizendo que o senhor soube lidar com seu exército de forma eficiente. Que para sempre, será grato por suas façanhas. – o moço sorriu, ainda observando o comandante. - Ele anseia em conhecê-lo pessoalmente.

Ao ouvir as palavras a sair da boca de Daniell, o escudeiro se endireitou na cadeira, receoso que tinha se metido em outra confusão. O rosto contraiu-se como se Daniell tivesse o submetendo-o a um questionário que precisaria responder corretamente para não perder a vida. Temia como o comandante poderia reagir, se pensasse que ele realmente guardava um segredo valoroso.

- Sou apenas uma pessoa atenta, milorde. É o mínimo que se espera de um escudeiro. Meu tio me ensinou que a maior arma de um homem é o conhecimento. E sabe qual é a arma mais letal? A ignorância.

Ele recompôs o rosto num sorriso maroto.

- Era nisso que eu acreditava, até que o conhecimento me deixou a mercê de sua espada.

Viu-a levantar da cama. O corpo dela era agora objeto de olhos atentos, bem atentos. Os pensamentos do rapaz se perderam em meio ao brilho de seus olhos vermelhos e o charme dos seus passos, a provocação suave e sedutora do balanço do corpo articulando palavras com um audível convite para ele. Seus olhos azuis ficaram mais escuros de ansiedade e desejo. Começava a pensar se aquela mulher não estaria realmente brincando com sua inexperiência e juventude, como as outras mulheres assim faziam.

Constrangido, o menino levantou silenciosamente da cadeira. Ele a lançou um sorriso de infinita doçura, mas encantador.

- Estudando-te, comandante, vejo que você tem o jeito de andar de uma mulher da corte, quando não está fingindo ser um homem.

A franja caia suavemente em seus olhos. Era jovem, talvez três anos menos do que Daniella, que contava com dezessete anos. Em pé, ele era apenas algumas polegadas menor do que ela. Mas era questão de tempo para que sua altura a ultrapassasse.

Depois de algum tempo fez uma pergunta, calmamente:

- Se me permite uma pergunta de cunho pessoal, meu senhor, pelo que uma mulher da corte luta? Por Deus, pelo Rei ou há um outro motivo?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyTer Dez 23, 2008 12:49 pm

Ela terminou de escutar o que o escudeiro lhe disse sobre a carta, notando que seu questionamento parecia tê-lo deixado um pouco receoso de demonstrar que possuia o conhecimento do conteudo da carta. Poderia questioná-lo sobre a possibilidade de ter aberto a carta antes que esta chegasse a suas mãos, mas achava aquilo infundado, já que o lacre somente foi quebrado por seus dedos.

Escutou sua explicação sobre o por que e riu-se, olhando-o.

- Ora, mas a carta somente foi aberta por mim agora, e duvido que o rei tenha comentádo seu conteudo com um mero escudeiro ou mensageiro. Acredito-me ainda em posição de questioná-lo. Mas não irei obrigá-lo. Posso muito bem discutir esse vazamento de informações com o proprio rei quando ele chegar.

Riu-se levemente, depois notando o olhar que saida daqueles olhos azuis. Sorriu levemente, escutando-o falar sobre si e rindo levemente.

- Bem, e estudando-te, jovem escudeiro, percebo que sua inocencia parece estar dando lugar ao seu lado adulto pervertido, assim como os homens das tendas mais ao longe estão agora a desfrutar do corpo de mulheres que não tem outra escolhe se não vender seu corpo.

Analizou-o por mais um tempo, depois sorrindo com mais doçura para aquela criança.

- Porem vejo que apesar disso ainda se mantem cortez e controlado. Gosto disso, mostras que és um homem com dignidade, coisa muito rara, principalmente dentro de um campo de batalha.

Riu-se novamente, depois escutando sua pergunta e ficando pensativa, sentando-se aonde o jovem estava antes enquanto o olhava como se pensasse em uma boa resposta para aquela pergunta

- Impressiona-me em me reconhecer como uma mulher da corte, mas não pense que luto por Deus ou pela justiça. Estaria querendo me colocar em um altar se o fizesse, apesar delas virem como abono. Luto por mim e para obter minha liberdade. Mulheres estão sempre sendo subjugadas por homens, mesmo quando elas escolhem trabalhar, basta observar as prostitutas deste exercito. Porem aqui eu sou livre e possuo respeito, o que mais eu poderia querer?

Sorriu novamente, olhando, o queixo apoiado na mão, o indicador em sua bochecha. A luz das tochas do acampamento brilhavam fortes do lado de fora e se refletiam nos olhos vermelhos da jovem, ou talvez aquele brilho fosse algo dela, fosse o brilho que convencia aqueles homens e os comandavam sem temor.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:45 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 2 EmptyTer Dez 23, 2008 6:17 pm

Ele baixou os olhos ao chão, permanecendo em silêncio, deixando que ela falasse sobre a carta e como ela poderia falar com o rei sobre isso. No escuro, ela não podia ver o rosto do jovem, apenas seu contorno, indistinto. Ele estava sentado completamente imóvel, procurando manter seu coração calmo. Os dedos irrequietos eram quase impossíveis de coordenar, brincando com as luvas aveludadas de suas mãos.

- Meu mestre também recebeu uma mensagem do rei. – o escudeiro comunicou. - Foi ele próprio quem me encarregou da tarefa de entregar a mensagem em suas mãos. Ele leu em voz alta, como é seu costume ao ler. Isso incluía a saga de seus próprios feitos de bravura. Decerto o senhor será pranteado como qualquer outro herói. Provavelmente mais.

Então sobressaltou-se, desnorteado com os comentários dela sobre ele. Com as últimas palavras sobre sua dignidade, ele ainda estava corado, mas sua expressão suavizou um pouco.

- Espero que não esteja zangado com a minha indiscrição. Eu não queria faltar com o devido respeito. Mas o senhor não pode me culpar. Perdoe-me, é que milady é muito bonita.

Sorriu, os dentes perfeitamente brancos e retos, e os lábios luxuosos para o rosto delicado de criança, o sorriso muito suave e carinhoso.

Sorrindo, ele se aproximou da cadeira, circundando-a até se colocar atrás de seu espaldar. Era belo, aspirava à vida. Com um gesto preciso, calculado, a mão do garoto tocou o tecido grosso que revestia o ombro de Daniell. As pontas dos dedos dele eram finas e delicadas como as de um nobre, revestidas por luvas de veludo azul marinho, e um anel de ouro com uma pedra de rubi no dedo anelar.

Ele inclinou-se para frente, chegando mais perto, os cabelos caindo sobre seu rosto angelical. Falou baixo próximo ao seu ouvido sem intenção de malicia.

- Ser respeitada como uma mulher. – ele sussurrou em resposta ao que mais ela poderia querer. – Cuidado, milady. Tenha muito cuidado. Aqui você também coleciona muitos inimigos. Um homem paga com a vida em batalha. Mas há destinos piores para uma mulher. Sabe que alguém descobrirá a verdade, mais cedo ou mais tarde. E quando isso acontecer, lembre-se quem são seus amigos.

Num gesto suave e de respeito, ele distribuiu um pequeno beijo no topo da cabeça da dama.

- Possui a minha eterna lealdade.

Sorriu suavemente.

- Agora posso entender o porquê preferia passar a noite desacompanhada a escrever relatórios, ao invés de participar das festividades.
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