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 Primeira Noite - Preludio para o Combate

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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptyTer Dez 30, 2008 11:28 am

Ser parecida com o Conde...por que aquela pequena frase mexeu com o ego de Laila? Ela sentiu-se estranhamente aquecida, e sorriu por dentro. O rosto abaixou por instantes, e ela ficou mais vermelha do que um morango.

Acompanhou o homem pelo estábulo, os cavalos e as éguas ocupando as baias. Alguns dormiam, e outros relinchavam fracos, curiosos com as visitas. Os filhotes, se não descansavam, mamavam famintos.

Laila passou de vermelha à branca quando Vladislaus apontou o garanhão que pertencia ao Sultão. Um animal belíssimo, digno dos mais enriquecidos nobres. Pensou em reclamar, dizer que era loucura e que o Sultão os mataria por isso.

Mas parou as palavras antes que elas fossem pronunciadas. O Sultão já ficaria muito furioso com a fuga de seu mais valioso prisioneiro e de uma de suas Odaliscas. O que seria um cavalo, afinal de contas? Seus pensamentos foram cortados com as novas palavras do homem, novamente corando ao ser chamada de "jóia". Geralmente detestava ter essa denominação, mas o Conde tinha um poder de sedução que fazia Laila desejá-lo memso que com um simples olhar.

Balançou a cabeça algumas vezes, depois abrindo com o máximo de cuidado a porta da baia. Andava para alguns metros longe, dando liberdade ao belo rapaz. Sua visão embaçava-se lentamente, e ela passava as mãos na testa suada, afastando os fios de cabelo, parecendo ofegar. O sangue novamente empapava suas costas, fazendo questão de estar presente.
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Conde Vladislaus Tepes
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptyTer Dez 30, 2008 4:19 pm

Ele pegou as rédeas do cavalo, conduzindo-o para fora da baia. Colocando-se a frente de Laila, retirou o anel com o emblema do dragão do dedo e segurou a mão dela, colocando na palma da mão de Laila. Então, fechou a mão dela, olhando-a nos olhos. Olhos azuis que contemplavam olhos de esmeralda.

- Quero que fique com este anel até chegarmos ao acampamento. – disse em voz baixa. - Se algo acontecer a mim, o anel será seu passaporte de sobrevivência e de liberdade. Há nada a temer. Lembre-se bem disso. Procure pelo comandante, conte para ele da emboscada ao meio-dia e como tentamos escapar. Diga que o sultão atacará pelo norte e pelo oeste, e que eles devem se manter atrás das muralhas.

Ele ajudou-a a subir no cavalo, e então o montou à frente dela com bastante dificuldade, com uma careta de dor visível na face. Enxugou o rosto febril com o pulso. Sentado, tronco ereto, as pernas flexionadas, mãos nas rédeas e ombros relaxados, ele ainda era uma imagem vigorosa.

- Vê ali, logo a frente do portão principal? Há oito sentinelas. – fechou os olhos, esfregando-os com as pontas dos dedos. – Maldito vinho. – ele sussurrou. - São seis sentinelas. Precisamos passar por eles rápidos, ou em menos de um minuto o pátio estará cercado por sarracenos e eu não poderei detê-los por muito tempo.

Ela sabia que tinha menos tempo do que ele afirmava. Muitas vezes, os olhos dele reviravam, como se a qualquer momento ele fosse desfalecer. Se Vlad pudesse manter um combate de trinta segundos sem cair do cavalo, seria quase um milagre.

Sua face estava corada, pelo frio e pela febre, e o olhar embaçado pela bebida.

- Você é forte, Laila. Em minha vida eu somente conheci uma mulher com esta mesma coragem. Que seu Deus a proteja e que minha Deusa me proteja.

Apertou firmemente as rédeas, com as duas mãos.

- Você está pronta? – perguntou.

Aguardou uma resposta positiva, e quando ela assim fez, esporeou o cavalo. Enquanto cavalgava rumo ao portão principal, agarrou com força o punho da cimitarra, desatando-a da bainha do sentinela desprevenido.

O sentinela gritou.

- Alarme! Ataque!

Ao perceber o movimento, cinco pares de olhos atônitos e desesperados viraram na direção do cavalo, gritaram e partiram para o combate, todos com aparência selvagem e aos berros.

- Derrubem-os do cavalo! – gritava os homens.

Um árabe tentou deter o percurso do cavalo, sendo golpeado no rosto pelo cabo da cimitarra do conde uma e outra vez. A natureza do conde parecia tão selvagem que mesmo a distância, era ainda possível escutar seu ranger de dentes.

O cavalo ergueu as patas dianteiras para o alto, diante da massa de guardas que ficara defronte e de um árabe caído no chão, sugerindo que ele iria saltar ou esmagar o homem. Este último tinha a sua mão esquerda levantada em direção ao cavalo, em atitude de clemência, pouco antes de o cavalo pisoteá-lo no rosto.

Um soldado ia à direção de Laila, com a cimitarra em punho.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySex Jan 02, 2009 7:33 am

A garota ficou surpresa quando percebeu o pequeno peso do anel em suas mãos. Ela engou com a cabeça algumas vezes e seus olhos, pela primeira vez desde que o Conde a viu pela primeira vez, demonstravam medo. Ela não conseguiria sozinha, os guardas a pegariam, ela seria torturada e morta!

Seus pensamentos embolados quase transformaram-se em palavras, porém não houve tempo para isso. Ele já avançava e tudo o que Laila pôde fazer foi cerrar os olhos, abaixando o corpo e ouvindo os gritos dos guardas. Com isso, suas feridas abriram-se mais, e ela trincou os dentes, reprimindo o grito que daria.

- Allah, nos ajude, nos dê a fortuna de que precisamos!

Ela falava consigo, mas Vladislaus poderia ouvir perfeitamente. Quando abriu os olhos, percebeu que p cavalo havbia acabado de matar um dos guardas, e que outro vinha na direção dela própria. A pequena beldade tirou algo de sua bolsa: uma adaga. ela a usava em suas danças, mas naquele momento serviria para atacar. A adaga penetrou na garganta do guarda, e Laila viu-se apavorada. Puxou o instrumento com força, tremendo da cabeça aos pés.

A odalisca pegou as rédeas do cavalo, chicoteando-as com força e gritando para incentivar o animal.Colocou o anel do Conde no dedo médio, para não cair. O Cavalo partiu a toda, enfurecido, e a garota começcava a ver tudo um tanto embaçado. Sua respiração ficava pesada, e sugar o ar fazia os cortes doerem ainda mais:

- Temos que ir...temos que ir agora, Allah...não desejo ficar aqui...

Falava entre os dentes, decidida. Vladislaus pôde sentir o aroma ferroso de sangue, e o líqido vermelho descer das costas de Laila para empapar a montaria.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySex Jan 02, 2009 10:34 am

Ele olhou-a degolar o guarda, com os olhos ficando um pouco mais escuros, e os cílios dourados pela luz das tochas. Parecia surpreso. Ouvindo vozes, a cabeça do conde girou e percebeu o movimento atrás dos pilares do pátio, mas sua visão estava embaçada para esboçar qualquer reação imediata. Tudo o que via era silhuetas negras e poças de luz e sombras atrás dos pilares e sons do que pareciam ser de cascos de cavalo. Mas Laila, podia ver melhor que o febril prisioneiro.

Quando uma das sombras se aproximou do pátio à cavalo, se transformou em um rosto humano. Possuía um emaranhado de cabelos grisalhos sobre os olhos verdes, e um rosto forte e proeminente. Era Ari, que a observava agora em silêncio, trazendo atrás dele alguns cavaleiros. Havia bondade naqueles olhos, como se mostrasse que a conhecesse, mas além da bondade havia outra coisa atrás de sua máscara de dureza: um traço de desespero contido. Eles atravessavam o pátio em suas montarias e iam à direção deles, para detê-los.

O conde segurou a mão dela sobre as rédeas e esporeou o cavalo novamente, fustigando o animal para que chegasse logo aos portões, aos quais os guardas esforçavam-se para fechar.

O alazão cruzou os portões ganhando velocidade. Mesmo passando pelo pesado portão da entrada do castelo, eles podiam ouvir os gritos dos guardas logo atrás. O alazão seguiu pela sinuosa estrada que dava acesso ao castelo, velozmente.

No momento que Ari e os cavaleiros iam atravessar, os portões estavam quase fechados.

- Abram os portões! Rápido! – ele fuzilou o guarda com um olhar, mas no íntimo sorria.

Um ar gelado batia nos rostos dos dois fugitivos, invadindo seus poros ao atravessar seus mantos. Podiam sentir os pés congelando dentro dos calçados. O vento não somente castigava-os, mas também trazia certo prazer ao conde, que se inebriava ao sentir o perfume adocicado de rosas da menina-moça. Era uma sensação adorável de liberdade que ambos podiam saborear, mesmo sabendo que o reino inteiro estava os caçando.

Os olhos do conde notaram as costas do manto de Laila que estava coberta por uma crosta marrom e úmida. Ao tocá-la com a ponta dos dedos, sentiu que era viscosa e coagulada, e percebeu que o sangue dela fluía rápido, percorrendo as costas inteira. Ele evitou tocá-la novamente, embora tivesse este desejo. Apesar de sua pouca experiência, Laila teve uma coragem que poucas vezes o conde tinha presenciado em um homem. Ela havia sido guiada pela mão do destino e agora tentava fugir do reino de luxuria, sangue e depravação, onde vivia desde criança.

Ouviu mais vozes, e quando olhou novamente sobre o ombro, mais cavaleiros os perseguiam. Se eles não conseguissem fugir, já estavam meio mortos.

De súbito, ele sentiu o frio espasmódico retornar ao seu corpo inteiro. Estava exausto. E, ao olhar para a própria mão, sobre a mão de Laila, percebeu que estava tremendo. Por um instante, quase teve uma tontura e se sentiu incapaz de se localizar. Aos poucos, então, sua cabeça desanuviou, caindo sobre o ombro dela, e seus olhos se fecharam, se deixando levar de volta para as sombras do desmaio. Com o peso do corpo, começava a cair do cavalo.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySex Jan 02, 2009 11:44 am

Quando percebeu que Ari estava ali, Laila se deu conta do quão estúpida era; era óbvio que o chege da guarda também os perseguiria!

No entanto, não sentiu medo. Estranhamente, cada vez que olhava o Daroga, sentia um misto de conforto e tristeza. Por que? De onde o conhecia, afinal de contas??

Seus pensamentos fora cortados pelo pequeno mas itnenso toque do Conde em suas rostas. Laila sentiu arrepios pelo corpo, mas não era somente dor; de onde vinha a atração que sentia por ele?...Não, não era hora para pensar naquilo. Não quando haviam passado os portões, quando o vento gelado do deserto os castigava e quando ainda os perseguiam.

Laila fustigava o cavalo o mais que podia, e chegava a deitar o corpo, cerrando os olhos. Não iria chorar. Não chorava desde que chegou aos cuidados do Sultão, e nãos eria ali que recomeçaria.

Ao sentir o vento fustigante, chegou a dar um pequeno sorriso. Era bom sentir a liberdade de novo...

toda essa alegria foi desfeita quando Laila sentiu o peso do Conde em suas costas. Além da dor lascinante, ela sabia que, se o Conde caísse, seria o fim dos dois. Pediu desculpas a ele mentalmente, e depois pegou uma das mãos do homem, mordendo com força. Deixou uma forte marca ali e, assim que ele despertou, ela disse com a voz trêmula de dor. Ela própria começava a sentir um frio intenso, e não era proveniente do deserto:

- Fique desperto! Ainda nos persegem, se cair, não chegaremos a lugar...algum!
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySex Jan 02, 2009 4:13 pm

Ela escutou um rosnado, como se estivesse a despertar um tigre. Bom sinal. Ele ainda estava vivo e desperto.

A mão dele afastou.

- Por que vocês, sarracenos, sempre agem da maneira mais selvagem?

Ele arqueou as sobrancelhas com malicia implícita em suas palavras.

Os perseguidores, que eram sete em número, estavam cada vez mais próximos, e o ruído e a pressão dos cascos dos cavalos podiam ser sentidos através de estremecimentos dentro dos corpos dos fugitivos. O corpo dele estava pesado, e era evidente que a febre estava aumentando.

Escutou-a falar que se ele não mantivesse desperto, não iriam a lugar algum. Seus olhos brilharam cínico e debochado.

- Talvez, o Inferno? Ou, quem sabe, com muita sorte, no Purgatório?

Vladislaus, de repente, parou a discussão. Decidiu virar para a esquerda, subir na direção da montanha onde ele esperava encontrar alguma defesa. Pediu para que ela levasse o cavalo até lá.

Entraram logo num belo wadi, cavalgando por um leito de pedras de um grande rio seco, subindo, bem inclinado. Embora para aumentar a segurança deles fosse aconselhável diminuir a velocidade, o conde esporeava o abdômen do animal ainda mais, fazendo com que o cavalo corresse perigosamente entre todos os pedregulhos traiçoeiros no fundo do wadi ressequido e estéril. A velocidade com que estavam indo era tão fantástica, de tal maneira que seus mantos esvoaçavam na retaguarda e se mantinham retos como se fossem asas.

As patas do cavalo escorregavam aqui e ali, pela encosta acima, até que chegaram a um lugar no topo, de onde podiam ver um precipício. Do outro lado do precipício, viam-se a continuação da montanha. Colocou seu braço em torno da esguia cintura da jovem, puxando-a fortemente para si.

O outro braço elevou-se em direção as rédeas, segurando a mão de Laila.

- Para a esquerda.

Laila podia ver que à esquerda havia uma pequena fresta, quase uma passarela estreita, entre as rochas. Com a escuridão da noite e com muita sorte, eles podiam se esconder ali com o cavalo sem que os soldados percebessem. Ou podiam aproveitar da velocidade do cavalo e pular para o outro lado do abismo.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 2:12 am

- Por que vocês, esbranquiçados, sempre são dramáticos?

Era a resposta de Laila para a provocação de Vladislaus. Ela continuava a guiar o cavalo, e tentava ao mesmo tempo cobrir um pouco mais os ombros e a cabeça com a precária manta que usava, diferente da manta vermelha e bonita que entregou ao Conde, para que se disfarçasse de mulher. Seu queixo tremia fortemente, não somente pela febre, mas também pelos seus algozes que logo os alcançariam.

Laila orava em silêncio enquanto o Conde fustigava o abdômen do animal, e ela batia as rédeas com força. A subida era íngreme demais, e a garota começava a ver as coisas em duplicidade. mais um pouco, e estaria tão ruim quanto o homem a quem salvava.

Era uma passagem estreita, aquela. Sim, ali poderiam esconder-se, porém não por muito tempo. E laila jamais foi de esconder-se. Era famosa por, além da beleza, ser a mais ousada de todas as odaliscas, a mais teimosa. E manteria sua fama fora dos muros do palácio do Sultão.

- Não vamos nos esconder. Quanto antes chegarmos, melhor. Segure-se, senhor!

Não que fosse necessário, já que ele apoiava-se firmemente na cintura da jovem. Com o toque, o belo rapaz poderia sentir o pulsar rápido do sangue de Laila, sua temperatura elevada e o coração, ansioso pela fuga em suas batidas descoordenadas. Laila moveu as rédeas, e o cavalo refreou, andando para trás somente alguns metros. Não se esconderia. Não queria mais ficar ali. Talvez fosse a febre. Ou a maluquice daquele olhar de esmeraldas. Quem sabe, as duas coisas. Tarde demais para Vladislaus responder a estas perguntas, pois Laila já fustigava o animal a uma velocidade incrível, e o cavalo já saltava no ar frio do precipício em direção ao outro lado.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 8:07 am

Vladislaus apenas rodou os olhos em um gesto brincalhão, ouvindo a resposta de Laila a sua provocação. Ouviu-a então falar que não iria se esconder, e sim, saltar o abismo, o que fez as sobrancelhas do Conde se arquear.

- O que? Deus, ela enlouqueceu. Eu sei que as mentes dos sarracenos são um tanto mais lentas, mas isso é suicídio.

Ele segurava as rédeas das mãos dela contra a sua vontade, insistindo que o mais prudente a se fazer era se esconder, iniciando assim uma discussão. A teimosia de Laila estava o dando nos nervos, embora admitisse para si mesmo ser extremamente charmosa. Não que fosse o mais prudente, é claro, seguir um homem altamente embriagado, fervendo de febre e com cada pedaço do músculo dolorido. Mas também não seria prudente saltar de um largo abismo, em um cavalo cansado, com dois pesos em suas costas.

O cavalo estava suado, os músculos como se fossem arrebentar, os olhos cheios de sangue crescendo dentro das órbitas, as veias salientes. A subida havia sido fatigante não somente para o animal, mas para os fugitivos também.

Vladislaus, de repente, olhou para trás, vendo que Ari e os soldados estavam há poucos metros de distância. Mesmo que optassem por se esconderem agora, não conseguiriam fazer sem serem vistos.

Havia um traço de ironia em sua face.

- Sarracena, deixe de ser teimosa. Eu já lhe disse que devemos saltar o abismo. Não discuta comigo.

Quando ela recuou com o cavalo, para apanhar impulso, continuou:

- Lembre-me de esganá-la, se sairmos vivos disso.

O cavalo galopou e na beira do abismo, fincou-se nas patas traseiras e levantou o corpo. Relinchou. Um relincho tamanho que Ari e os soldados pararam seus cavalos para observarem a cena. O corpo de Ari estava rígido, quando viu o animal suspenso no ar. O cavalo, grande e forte, tinha dado um salto impetuoso, o vento agitando as crinas, enquanto o corpo permanecia nivelado, como se as quatro patas procurassem o apoio da terra. Os olhos do animal estavam injetados de sangue, a boca espumante.

O cavalo caiu com um estrondo do outro lado da montanha. O abdômen do animal arfava e sua boca salivava no chão. Por um momento o conde ficou suspenso do cavalo, com um pé no estribo e o resto do corpo espalhado por terra.

Aturdido, passou a mão na testa fria. O sangue descia para o peito, empapava a pele. Percebeu que sua perna direita estava fixada embaixo do corpo suado do animal. Ele empurrou contra as costas do animal para se livrar, mas era incapaz de se movimentar. O cavalo se debateu. Tinha perdido o casco ao pisar no chão desigual e agora se estorcia em agonia da pata quebrada.

Seus olhos mais fundos, perscrutadores, observaram os árabes do outro lado da montanha. Laila tinha conseguido. Seus olhos viraram-se em busca de Laila.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 8:34 am

Laila não respondia, e parecia mais decidida que nunca. O vento forte em seu rosto a fazia sorrir de forma suave, e seu olhar estava tão injetado e enfurecido quanto o do cavalo.

Por um momento, ela pensou na besteira que estava fazendo. Morreria se fosse pega. Mas viveria envergonhada consigo caso continuasse com o Sultão. Por isso decidira fugir.

Quando caíram do outro lado do abismo, Laila acabou caindo do cavalo, batendo a cabeça no chão endurecido da montanha. Sua cabeça sangrava, e este sangue começcava a descer por sua testa, ardendo as vistas da garota. Ela ficou parada por alguns segundos, mas a adrenalina estava muito alta.

Laila levantou-se, e só nesse momento o Conde pôde ver os novos ferimentos. Por mais que fosse uma sarracena, era uma garota e tinha 14 anos, apenas. Ela andou depressa até o cavalo ferido, compadecendo-se dele. Tirou algo de sua bolsa: a pequena garrafa com a água que fez o guarda dormir. Despejou esta água na boca do cavalo, afagando a crina e depois deitando-se ao lado dele, falando baixo:

- Minha cabeça...está doendo...
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 9:36 am

O animal soltava um gemido longo e cansado, a língua caída para o lado de fora de sua boca. O conde desistiu de sua luta de libertar a perna embaixo do corpo do animal. O que aliviava, era o fato que sabia que os sarracenos levariam muito tempo para chegar onde estavam, se eles não encontrassem um exercito de cruzados pelo caminho.

Ele viu o sangue que escorria da cabeça de Laila, mas não disse nada. Era melhor não assustá-la. Ele engoliu ao vê-la derramar água na boca do animal, sentindo a própria garganta seca. Não demoraria muito para amanhecer, e se eles não fizessem nada para saírem dali, o Sol os fritaria no mesmo instante em que cruzados e sarracenos estariam em combate. O cavalo suspirou, exausto, com os olhos opacos a fitarem os olhos verdes de Laila, como se implorasse clemência a humana.

- Não gaste a sua água com ele. – o conde sussurrou, exausto. – Este animal está condenado. – Enxugou o rosto na manga do manto e seus lábios tremiam. – E nós também, se ficarmos neste deserto, sem água e sem montaria.

O conde lambeu os lábios luxuosos, levando o braço a cobrir suas sobrancelhas.

- E não pense em rezar para seu Deus Allah para que alguém nos ache. É bem provável ele atender seu pedido, só que com sarracenos.

Retirou o braço e franziu o cenho quando a escutou reclamar sobre a cabeça. Tentou sentar-se, mas era inútil. Os ferimentos nas costas doíam, assim como a perna que era amassada pelo enorme animal. Gemeu, sabendo que estava pagando por todos os seus pecados. A bebida ainda a circular suas correntes sanguínea, amenizava o sofrimento, o que ele altamente agradecia. Ele tocou na cabeça dela, sentindo os cabelos pegajosos de sangue.

Aconchegou-a em seus braços, os lábios tocando em seus cabelos. Seu cenho franziu em preocupação.

- Durma um pouco. Amanhã, pensaremos o que fazer.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 9:51 am

- Está tudo bem...logo a dor vai embora, meu querido. Tente dormir um pouco.

Laila falava com o cavalo, olhando-o fixamente por alguns instantes. Após deitar-se ao lado dele, tudo o que queria era o fim da dor em sua cabeça e nas costas. Nada além disso.

Ela ouviu as palavras ásperas do Conde, e retirou trêmula algo de sua bolsa: outra pequena garrafa com água. Estendeu-a ao homem, encolhendo o corpo:

- A que dei para o cavalo está com veneno...a usei para adormecer um dos guardas e libertá-lo. Esta que lhe entreguei é pura, pode beber toda, se quiser.

Ela falava quase grogue, e então foi gentilmente puxada para o colo do Conde. Seus dentes batiam e o queixo tremia quando, num ato quase inconsciente, ela abraçou o homem, tentando aquecer o próprio corpo:

- Quando ele dormir...tente...tente tirar sua perna...ele não vai...acordar, eu prometo...

Depois ela sorria, quase rindo, enquanto fechava os olhos lentamente:

- Estamos livres...a liberdade é assim, Conde Vladislaus?...Conte-me sobre ela...nunca a tive...como é ser livre?

Depois ria baixo, encolhendo mais o corpo. Os olhos fechavam-se mais um pouco, e Laila caía no manto negro e incerto da inconsciência.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 4 EmptySáb Jan 03, 2009 12:38 pm

A superfície da lua era suave como a pele de um bebê. Era tudo que o conde conseguia identificar no céu cheio de nuvens que liberavam alguns chuviscos. Sentia frio. Era um frio que o atingia as pernas, apesar de suas calças grossas e as mãos protegidas. O rosto, entretanto, era o que estava mais congelado.

Sem parar de tremer, Vladislaus olhou para a menina que conversava com o cavalo, alentando o bicho assustado. Ficou ao seu lado a olhando intensamente, abertamente e sem pudor. Sentia-se estranhamente hipnotizado por ela.

Quando ela falou sobre a água evenenada e retirar a perna do cavalo, ele fez uma careta e colocou a perna esquerda sobre as costas do animal adormecido. Empurrou com força, até que finalmente a perna direita conseguiu sair debaixo do cavalo.

Ele ergueu os olhos e sentiu o coração parar de bater quando a jovem o abraçou num gesto perfeitamente inocente, mas não para ele que sentia a lasciva beliscar sua virilha. Era difícil olhar para as feridas nas costas dela, a vermelhidão da pele e se impedir de correr os dedos por suas costas. Estavam ambos em carne viva, deitados no chão na mais completa exaustão.

Ouvindo-a pedir para que ele contasse sobre a liberdade, Vladislaus riu suave.

- Nenhum homem é verdadeiramente livre, nem mesmo o seu marido sultão.

Os olhos cinzentos ardiam na luz lânguida do luar.

- Mas sentir-se livre é dançar debaixo do luar, ao redor de uma fogueira, com uma bela cigana de corpo estrutural e pele morena, sobre uma música cigana primitiva e concupiscente. – ele olhou-a. – Eu já citei a morena deslumbrante?

Após um momento, o silêncio dela começou a incomodá-lo. Tentou vislumbrar o rosto da sarracena, vendo que ela adormecia.

Deitado no chão frio naquela noite, ele tentou os acomodar se aquecendo com os mantos, mas apesar de cansado, não conseguiu pregar os olhos um minuto durante a noite inteira. Seu corpo todo tremia descontroladamente, mesmo estando tão perto do calor do corpo de Laila.

Sua cabeça estava pesada, seus olhos lacrimejavam e sua boca se abria, a garganta doendo demais. Bebeu alguns goles de água, para aliviar seu próprio sofrimento e depois despejou um pouco de água sobre a nuca de Laila, sentindo que a febre dela subia pelo corpo coberto de suor frio.

- Grande Deusa... – murmurou. - ajude seu filho.
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