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 Primeira Noite - Preludio para o Combate

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Daniell Lourenth Suzano

Daniell Lourenth Suzano


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Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 Empty
MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyTer Dez 23, 2008 8:50 pm

Ela escutou sua explicação, achando-a plausivel. Respirou fundo, seus olhos vermelhos nunca deixando de observar os movimentos do garoto. Olhou-o quando ele falou sobre ela ser bonita, ficando um tanto corada, porem nada disse alem de um obrigada.

Olhou-o se aproximar, observando cada passo do garoto, notando seu movimentos de garoto que queria virar logo homem. Sentiu seus dedos sobre seus ombros, virando os rosto levemente e sentindo a respiração calida do garoto ir contra seu rosto, aquele halito juvenil, luxurioso. Escutou sua resposta a pergunta que havia feito, respirando fundo. Passou os dedos lentamente pelos cabelos loiros, brincando com eles enquanto sentiu o beijo sobre sua cabeça.

- Homens não respeitam mulheres. - Falou com amargura, se levantando da cadeira. - Não respeitam suas mulheres nem suas filhas, somente quando elas pertencem a outro para que possam conquistá-las e então abusá-las. Espero que você seja diferente.

Ela o olhou quando ele falou, rindo-se levemente, sentando sobre sua cama. Olhou-o como se o convidasse a vir ficar com ela, mas era obvio que ela não falava aquilo, não consientemente.

- Agora posso me dispor de uma companhia, mas talvez isso traga fofocas em minhas tropas. De qualquer modo, é bom conversar as vezes.

Respirou fundo, fechando os olhos e somente escutando seus passos e respiração pelo quarto.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:46 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyQua Dez 24, 2008 8:55 am

Ele a estudou com paciência, por cima do espaldar da cadeira. Sentia que essa mulher escondia algo de horrendo aos olhos de sua própria consciência, algo que podia tê-la feito amadurecer mais rápido que sua idade assim permitia. Ele queria saber que segredo era esse, desvendar o enigma em forma de bela mulher, não importando o que ela estivesse escondendo de seu passado.

- Do jeito que o senhor fala com tanto rancor sobre os homens, é quase impossível se imaginar que nunca teve uma grande decepção. Milady, seja o que for, não julgue todos os homens como iguais.

Abriu mais o sorriso e disse:

- Aposto que está se regozijando em nos ter todos submissos a uma mulher.

O rapaz sentiu-se orgulhoso com as últimas palavras dela. Os olhos dele era um clarão na escuridão. Do resto do seu corpo, tudo o que podia se ver era à sombra de seu manto, preso por um broche brilhante. Ele assentiu, sorrindo.

- Eu fico honrado em servi-lhe como um bom acompanhante. É raro ouvir uma mulher conversar com tanta segurança, com tantos conhecimentos, sem em nenhum momento desviar os olhos.

Acrescentou:

- Às vezes, acho que muitas mulheres sejam capazes disso, se lhe dessem um pouco mais de democracia. Se pudessem debater as questões diante do povo. Admiro a sua coragem. Os homens podem não reconhecê-la, mas estou certo que Deus o fará.

Só aos poucos foi retomando a lucidez, emergindo das brumas e situando-se no tempo e nos espaços reais. Seus lábios suavizaram, sem mais sorrisos.

- Meu senhor, está ficando tarde. Permitirei seu descanso sem mais importunações. Então durma bem. Durma bem, milady, a que nunca tem medo.

O escudeiro se aproximou dela. Ergueu a mão dela e por um momento fugaz ela sentiu a pressão de seus lábios. Com o movimento da mão, a pedra do anel brilhou, chamando-lhe a atenção. Ela percebe que o anel no dedo do menino possuía o emblema da família real.

- Há algo mais que eu posso fazer para o senhor ou pela milady?

No seu olhar aveludado e submisso havia uma súplica irresistível, como se inconsciente pedisse para que ela não o dispensasse.
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyQua Dez 24, 2008 10:42 am

Ela escutou suas ponderações sobre suas afirmativas e o olhou com um sorriso malicioso nos lábios, rindo quando ele lhe pediu que ele não julgasse os homens como identicos a pessoa que havia a feito pensar assim. Passou os dedos lentamente por seus cabelos loiros, como se quisesse provocá-lo ainda mais.

- Infelizmente, isso foi o que o primeiro homem que conheci na vida me ensinou, jovem escudeiro. Deveras dificil me fazer pensar de outro modo se os unicos homens aos quais agora respeitam suas mulheres são aqueles aqueles que já estão mortos nos campos de batalha. Mas você pode tentar mudar minha opinião se quiser.

Riu-se, seus olhos vermelhos brilhando enquanto ela falava sobre ela, sorrindo como se aquilo fosse realmente verdade. Ela gostava de ver os homens aos seus pés, mas o mais prazeroso era o fato dela ser respeitada por suas habilidades, não por impor medo nos homens. Ela, diferente deles, gostava do respeito como uma coisa dada de bom grado, e não pela força.

Escutou seu comentário, olhando-o com uma sobrancelha arqueada enquanto ele tentava se redimir com ela por ter falado algo que de primeira não pareceu muito um elogio. Voltou a rir, um riso gostoso, enquanto terminava de escutar suas palavras.

Ela o olhou quando ia se despedir, seu sorriso diminuindo até ficar uma simples linha em seus lábios. Sentiu o beijo em sua mão e sentiu seu rosto corar. Então notou o emblema no anel, estreitando os olhos e fitando o rosto do jovem escudeiro como se tivesse pegado-o em sua propria mentira. Segurou sua mão, deixando o anel a mostra e não deixando-o escondê-lo.

- Poderia me dizer o por que de possuir o anel da familia real. Já que disse que não possuia segredos, logo imagino que isso era uma mentira. Esperava mais de um jovem como você.

Ele percebeu que a jovem estava novamente desconfiada dele, e caso ele falasse algo que não a verdade, ela provavelmente não o deixaria sair daquela barraca, não por meios naturais, e isso ele podia notar pelo olhar que a jovem assumiu.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:46 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySex Dez 26, 2008 4:13 am

O local era insuportável, até mesmo para uma pequena adorável que já viu tantos morrerem, como Laila. Ela chegou a assustar-se com a interrupçãop das orações e o cómeço das súplicas e das ofensas.

Antes da morte, os prisioneiros sofriam demais. O Sultão era mais que cruel: tornou-se um monstro. A odalisca ainda muito jovem levou uma das mãos a tapar o nariz e a boca, tamanho mau-cheiro que invadia seu olfato.

Subiu as escadas com certa pressa, mas às vezes tropeçava em alguns degraus. Os cabelos voltaram a grudar na testa, e ela sentia repuxadas de dor nos cortes de suas costas. No entanto, a teimosia sempre vencia, e ela continuava, forte, decidida, apesar de seus 14 anos.

Ao chegar à cela mais alta, surpreendeu-se com o aceio do local. Um quarto seria mais apropriado para denomimar o recinto: uma prisão de luxo. O belíssimo homem de olhos felinos e perigosos ouviu a aproximação de passos levíssimos, e o tilintar de chaves batendo contra a fechadura. Depois de três tentativas, Laila escancara a prota, com o máximo de cuidado para o rangido não ser muito alto.

- Conde Vladislaus...o senhor está bem para andar? - ela pergunta com pressa, tentando abrir os cadeados das algemas com as cgaves comuns, sem sucesso. Até que percebeu uma pequeníssima chave de ouro entre as tantas grandes de ferro. Bingo. As algemas abriram-se, pesadas e sofredoras - Está livre, senhor...vamos, espero que ainda tenha algum fôlego.

É claro que ela falava para ser forte. Disfarçava a dor em suas costas de forma magnífica, mas até o Conde sentia o aroma ferroso de sangue fresco dos ferimentos dele e da jovem. Ela pegou outra manta de uma bolsa que carregava, colocando nos ombros e na cabeça do homem.

- Assim ficará melhor...não temos muito tempo! O Sultão quer sua morte ao meio-dia, já que não a conseguiu no jantar com a carne envenenada!

Ela não mencionava por um minuto sequer que tropeçou nos tapetes de propósito. Tudo o que queria era sumir dali, deixar de ser escrava do Sultão.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySex Dez 26, 2008 1:17 pm

O escudeiro admirava-a, enquanto ela falava e seus lábios denotavam um sorriso de prazer. Nunca o menino a achara tão linda, tão perfeita, agora que os cabelos dela eram penteados pelos dedos agradavelmente femininos, com movimentos naturais e graciosos.

- Quando você se deitar, milady, rezarei por você esta noite. E por todas as noites que passarem. Rezarei para que a vida lhe mostre um lado mais ameno, do que aquele que seu pai lhe mostrou.

Ele riu quando ela disse que ele podia tentar mudar a opinião dela.

- Milady não me parece ser uma mulher fácil de mudar de opinião. – sorriu. – Seria um desafio.

Ele ergueu os olhos com um sobressalto ao sentir a pressão da mão dela em sua mão. Pelo olhar desconfiado em que ela lhe dirigia, ela não lhe parecia mais a mesma mulher. Puxou o braço que era detido, não conseguindo se soltar.

Seu cenho franziu sem compreender o motivo daquela atitude, até que os olhos acompanharam os dela, para averiguar o que tinha a feito mudar de humor, vendo com certa surpresa à insígnia real em seu dedo anelar.

Parou, totalmente imóvel, parecendo mais pálido do que na verdade era. Então escutou os comentários depreciativos de Daniella. Os olhos claros do menino não estavam menos luminosos e os cabelos mais louros que nunca, quando seus lábios penderam num sinal nítido de apreensão.

Impressionado com a mudança de comportamento da mulher, cauteloso seus olhos examinavam detidamente a jóia, em seu dedo anelar.

- Você sempre gosta de assustar as pessoas?

Respondeu, erguendo enfim os olhos e voltando o olhar ao rosto dela. Ele sabia que precisava dar-lhe uma explicação.

- Eu não menti para você. Só não pensava que esse anel poderia ser interpretado como um segredo para o senhor, ou melhor, para a senhora. Peço mil desculpas.

Frente a frente, lentamente ele se sentou na cama, ficando ao lado dela.

- Príncipe ou ladrão, eu prestei um juramento de honradez e lealdade ao senhor. Sou seu escudeiro e vou cumprir meus votos, não importando se sirvo a um homem ou a uma mulher. Peço, senhor, que tente fazer o mesmo por mim. Que me veja como um simples escudeiro a seu serviço e em nome de Deus.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySex Dez 26, 2008 2:42 pm

Ela sorriu com seu comentário sobre rezar, rindo levemente. Percebia aquele olhar vindo dele, e via a diferença entre aquele olhar e o olhar de pura luxuria que os homens geralmente lançavam a mulheres em situações como aquelas. De certo modo faziam-na querer mudar seu modo de pensar, não que ela fosse dizer isso a um garoto tão novo. Ainda deveria ser sonhador, não via a vida por completo, e isso poderia se aplicar também a ela, mesmo já tendo passado por tantas coisas.

- Reze então, jovem. Quem sabe quando ganhar pelos pelo corpo alem de teus cabelos seu pedido se realize. - Riu-se, escutando-o falar. - Então o aceite. Um homem que vive sem desafios não é um homem por completo.

Ficou a olhá-lo e analizá-lo enquanto ele obtinha uma reação vinda de sua descoberta sobre o anel. Estreitou mais os olhos, notando cada nuancia do jovem. Respirou fundo, observando-o sentar-se ao seu lado, sua mão ainda segurando a mão do jovem, puxando-a até perto de seu rosto e olhando mais para o anel com a joia, como se estivesse a analizar quanto ela custaria.

- De certo modo sim. - Começou a respondê-lo, respirando fundo e colocando a mão do garoto em seu colo, o olhando. - O motivo de você possuir esse anel não pode ficar escondido de minha pessoa. Caso seja um principe, criança, é meu dever protege-lo. Não que eu não o fizesse normalmente, mas a vida de uma realeza não se deve ser colocada em risco. - Suspirou, o olhando. - Porem se for um ladrão, é meu dever descobrir quando roubou tal item e devolvê-lo. Não posso acobertar um criminoso, principalmente quando teremos uma visita importante amanham.

Respirou fundo, pensando em algo, mas ainda segurava a mão do garoto. Talvez para não deixá-lo fugir, ou talvez por que se sentia bem segurando-o.

- Se é leal a mim, idependente de quem sou, deixe-me saber que tipo de pessoa é. Sinceramente não acredito que seja um ladrão. Ladrões não costumam ter esse modo de agir, principalmente em sua idade, onde prefeririam estar correndo atras das prostitutas e dos nobres para roubá-los ao invez de se meter em uma missão dita como suicida.

Ela parou de falar, pensando nas palavras do jovem, como se estivesse a considerá-las. Parecia um tanto desapontada com a possibilidade dos fatos. Suspirou, cansada.

- Diga-me então seu nome, jovem. Ainda não o escutei, apesar de já estarmos conversando a algum tempo. Só espero que não me decepcione.

Parecia querer acreditar que aquele garoto era diferente dos outros homens que havia conhecido, e aquilo era visivel nos olhos rubros da garota.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:47 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySex Dez 26, 2008 6:27 pm

Dois olhos acinzentados, ora vidrados ora penetrantes, abriram-se com o ranger das grades férreas. Os olhos pareciam horrendamente vivos a luz do luar. Como se farejasse sua presença, ele levantou a cabeça, o olhar percorrendo pelas pernas da moça-menina, subindo para as coxas bem torneadas, demorando-se no ventre, até encará-la nos olhos verdes. Sorriu, emocionado por tanta valentia, e espanto pela proeza da moça.

Os olhos dele mostravam que ele não estava bem. Estavam vidrados pela embriaguez do consumo excessivo de álcool, como também da ardência de trinta e cinco novas cicatrizes de chicote que se misturavam com as cicatrizes antigas. Ouvindo a pergunta, tentou virar sem sucesso a cabeça para observar as pernas e exauto, deitou o rosto contra a almofada novamente.

- Eu acho que ainda consigo sentir as minhas pernas, sinal de que elas não foram amputadas. – respondeu-lhe numa voz calma demais.

Ele gesticulou despreocupado para a mesa, ainda deitado de bruços na cama.

– Aceita um pouco de vinho?

Percebeu, ainda grogue, que a menina o libertava das correntes com os pesados grilhões de ferro que lhe prendiam os pulsos. Seu coração batia devagar, e seus olhos estavam pesados demais para se abrir outra vez.

- Al jaw bardun huna. (o clima está frio aqui.)

Com os olhos fechados, deu um gemido de dor. Sentiu-a se aproximar, através de seu doce perfume que mexia com seus instintos mais primitivos. Ele aceitou de bom grado a manta, sentindo-lhe cobrir o corpo e a cabeça. Um pouco de cor voltou-lhe as faces pálidas pela falta de calor e luz solar. Sentia-se gelado sem sua capa de peles.

Escutando-a falar sobre sua execução, o conde levantou as sobrancelhas, enquanto se esforçava para se sentar na cama.

- Morte? - aquele comentário parecia lhe despertar um interesse vivo. – Isso quer dizer que ainda não estou morto. Estranho, deveria está. O Diabo me visitou. Por aquela janela. – ele indicou com o olhar a janela onde antes o corvo espreitava. - Disse-me que você viria para mim, antes que ela pudesse me tomar de você.

Depois, num gesto juvenil, ajeitou uma madeixa de cabelos com um riso.

- Estou te dando medo, não é, Laila?

Hanna tinha razão. Os olhos dele eram olhos do Diabo. Queimavam como as chamas do Inferno e absolutamente hipnotizadores.

Num impulso de energia, levantou-se da cama, mas a tontura o fez chocar-se contra a mesa de cabeceira. Estava escuro que nem a largura da cela podia determinar com exatidão, ainda mais em seu estado de embriagues. Seu peito estava palpitando e o suor frio escorria de sua testa. Estava tão enfraquecido que se demorou a se soltar da mesa, quando teve a certeza que não cairia no chão.

Ouviu-a dizer sobre a refeição envenenada.

- Generoso como sempre. – o conde riu. - Foi uma cortesia da parte dele dá-me uma chance de morrer sem dor. – continuou, andando a passos cometidos. - Você estragou o presente dele. Isso foi rude, bela.

Os olhos percorreram pela mobília.

- Vou precisar rever o rabi. Essa tapeçaria persa que ele me ofereceu é ridícula, e a colher está enegrecida de uso. Sete anos e eles não trocam essa porcelana. – ele aproximou-se da mesa que sustentava um tabuleiro de xadrez. – O que adianta ele me dá um shatranj, se não há ninguém aqui para me derrotar? – derrubou o tabuleiro, esparramando as peças no chão.

Virou-se, como se um momento de lucidez viesse nos sensos do conde.

- Meio-dia será o ataque contra os cruzados ao Leste. Eles precisam ser avisados. Daniell, acho que era esse o nome do líder.... ele deve ser avisado que estão na boca do lobo.

Ele aproximou-se, amparando na parede e apoiou-se no ombro da odalisca. Ela podia sentir o forte hálito de vinho sair a cada fala e respiração do conde.

- Dê-me as chaves, minha bela.

Ofegava alto e prendeu a respiração, já com o ruído dos homens adentrando pela última vez nas celas a averiguar ou torturar os prisioneiros. Não havia mais tempo a perder, Laila sabia. Se permanecessem parados ali, seriam descobertos em instantes. Os próximos instantes seriam cruciais.
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Laila Al Hashid Zawari

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 1:41 am

Sim, ele estava péssimo. Laila sabia perfeitamente o que muito álcool e pouca comida podiam fazer; ela própria cometeu este erro quando completou 13 anos e foi-lhe oferecido vinho pela primeira vez.

Mas o Conde...ele estava acabado. Destruído pela pouca comida e muita bebida. Os olhos de esmeralda da garota vagavam pelo rosto, pelo corpo fraco, mas ainda repleto de sensualidade. Seu andar e seu falar magoariam qualquer Sultão, de tão elegantes.

Ajeitou a capa nos ombros e na cabeça do homem, e todo seu corpo tremia; não somente pela dor, mas também pelo medo que sentia. Se fossem pegos, era a morte certa. E não teriam o alívio de uma morte rápida, Laila sabia disso.

Quando prestou mais atenção ao olhar do Conde, lembrou-se de Hanna. Ela estava certa...era um olhar demoníaco. Como se o próprio Mal estivesse ali. No entanto, sua coragem prevaleceu - ou loucura, como diria Hanna - e ela deixou que o belo homem recostasse a cabeça no ombro dela. Antes de entregar as chaves, tirou mais alguma coisa da bolsa: comida. Frutas secas e outras frescas, entregando nas mãos fracas do Conde:

- Coma...chega de bebidas. Coma para seu corpo ficar forte, Habbib. Temos que ir!

Falava com urgência, chamando Vladislaus da mesma forma que chamava o Sultão, porém com uma diferença: ela chamava o Sultão assim por obrigação, e ao Conde por gosto. Foi rapidamente 'a cama com um colchão puído de palhas, rasgando uma parte do pano já quase destruído. Tirou um pouco de palha de cada parte, fazendo montinhos como se fosse um corpo mais ou menos do tamanho de Vladislaus. Cobriu quase tudo com o lençol velho, deixando apenas uma pequena parte de palha seca e negra no topo:


- Assim já está bom...nos dará tempo. Senhor, por favor, fique calado.
- dizia enquanto entregava as chaves para ele - És uma criada corcunda e muda, e eu sou cega. Duas felizardas pela caridade do Sultão. Vamos, eu o ajudo.

O segurava pela mão, saindo da cela e esperando que ele novamente trancasse o local onde estivera. Já podia ouvir as vozes dos guardas, e seu coração palpitava cada vez mais.
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Conde Vladislaus Tepes
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 7:08 am

O escudeiro sentiu um calor subir-lhe as faces, que não pode disfarçar seu enleio. Seu olhar caia sobre a mão que era segurada pela jovem. Conforme ela avaliava o anel, a jóia emitia uma luz avermelhada, formando um cone brilhante. O escudeiro a olhou nos olhos. Ela lembrava ao menino uma raposa, esbelta e ágil, fina e lânguida, os olhos inteligentes e sedutores e uma beleza estonteante. Ao contrário dele, ela parecia nunca se inibir, exceto pelo momento em que ele havia dito o quanto ela era bonita.

- Você me deixa em xeque, milady. - sorriu suave. - Sabe que não posso negar-lhe o pedido que me faz.

Pôs a mão de Daniella entre as suas, as pontas dos dedos pressionando suavemente a pele. O toque era gentil, suavizado pela luva de veludo. Ficou assim algum tempo, olhando para ela e segurando suas mãos. O menino sorriu delicado.

- Chamo-me Ezequiel, minha senhora. Sou filho da princesa Sibila, sobrinho do rei Balduíno e candidato a herdeiro do trono.

Seu sorriso amoleceu em um tom mais triste.

- Sou escudeiro do Barão de Ibelin. Ele é um homem bom, justo, salvou-me de várias situações difíceis. Por ordens de meu tio, ele me ensina tudo aquilo necessário do ponto de vista tático das batalhas ou como empunhar uma espada e se defender buscando refugio atrás de um escudo. Ele deseja que eu esteja preparado para tomar posse do trono a qualquer instante. Muitos acham que será antes de eu adquirir pêlos no corpo, como você mesma citou.

Ezequiel contava a história com energia, e sua voz, apesar de cansada, mantinha-se firme. Seus olhos baixaram, olhando para suas mãos unidas e com uma expressão de dor e pesar no rosto.

- Meu tio deve possuir mais ou menos equivalente a sua idade, milady. Ele era leproso antes mesmo de ser rei. A doença já está muito avançada, e seu estado de saúde é precário, em qualquer momento ele pode falecer.

O menino franziu a testa.

- Infelizmente, o rei não possui e não pode ter seus próprios herdeiros devido à doença. Luto pela posse do trono com o duque Casimir. Quando conde, a corte conferiu a regência do reino a Casimir que assumiu durante a minoridade de meu tio. Mesmo longe do trono, ainda se considera rei. O relacionamento entre meu tio e o primo Casimir nunca foi ameno. Meu tio serve a Deus, mas Raymond só serve a ambição que se prendeu em seu coração..

O polegar corria distraidamente ao longo da parte de trás da mão de Daniella.

- Eu, assim como a minha mãe, tenho fé que Deus perceba o quanto meu tio é bondoso. Rezo ao Deus dos cristãos, pedindo para que Ele o conceda um milagre, salvando-o pelo seu caráter digno, pelo homem que sempre lutou em nome Dele. Nunca vi o rosto de meu tio, pois ele sela com uma máscara, mas...

Havia nos olhos do rapaz uma expressão de pesar e amargura, parecendo triste com as recordações. Sorriu suave.

– ...Minha mãe diz que se a doença não tivesse devorado seu rosto, ele se pareceria muito comigo.

Ezequiel parou um pouco. Parecia querer dar tempo de Daniella digerir a tudo.

- Gostaria que minha presença, em seu exército, não lhe causasse transtornos. Não desejo que volte a sua mente em me proteger, ao invés de recuperarmos o santo sepulcro. Meu dever aqui é ajudá-lo na batalha, e não exibir-me como uma realeza.
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 10:18 am

Ela passou o temo inteiro calada, como as mulheres de familias nobres geralmente faziam quando os homens passavam a falar. Parada com sua mão entre as do garoto, percebendo a mudança de calor do garoto de acordo com o nervosismo e emoções durante sua história. Os olhos dela suavizaram-se, sorrindo um pouco.

Esperou que ele terminasse de falar para então se lembrar do momento que o tacou em uma barraca e apontou a espada para sua garganta, começando a rir. Mesmo sabendo que era falta de respeito ela não conseguiu parar, levando a mão livre aos lábios, indo e abaixando um pouco a cabeça.

- Desculpe-me, mas... - Ria, voltando a olhá-lo com os olhos vermelhos. - acho hilário o fato de ter tacado-lhe em uma barraca e montado sobre você, sendo você um herdeiro. Somente esse fato isolado poderia ter me custado a cabeça, quem dirá apos saber o que sou.

Ela botou a mão livre sobre seu colo, começando a respirar fundo para recuperar o folego e parar de rir, mas toda vez que ela conseguia ficar séria, ela voltava a rir, como se estivesse em desespero ou realmente achasse graça daquilo.

Logo ela realmente conseguiu parar, depois voltou a olhá-lo mais séria.

- Desculpe-me novamente. - Riu um pouco e depois conseguiu parar para analizar o que ele disse. - Bem, se esse é o caso, o melhor é que o Duque não saiba quem é, e o melhor modo para isso, é continuar agindo como se eu não soubesse de nada. - Respirou fundo. - Mas eu acredito que o duque não vai ser de muito problema. Em baixo de meu mandato, ele ficará como um passarinho engaiolado. Alem disso, como já disse, duvido que ele sobreviva a qualquer batalha real que tenhamos.

Ela sorriu um pouco, se levantando e ficando de frente para ele, o reverenciando.

- Não se preocupe, Ezequiel. Irei garantir que se sinta como um homem do batalhão e não como uma realeza, se é isso que desejas.

Sorriu de canto, o olhando com os olhos rubros brilhando levemente enquanto olhava as feições do garoto que um dia seria o Rei.

- Estarei anciosa para conhecer vossa familia e mostrar-lhes que seu bebezinho está sendo tradado do modo como eles querem. - Soriu de canto, depois rindo.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:48 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 5:30 pm

O comentário sobre jogá-lo para dentro da barraca o fez também sorrir. O menino ergueu as sobrancelhas e depois riu, de modo afável e sincero.

- Na realidade, a senhora me assustou bastante com aquilo. Confesso que, por muito pouco, não molhei as calças. Mas isso não faz diferença. Será mantida em segredo, junto com a sua verdadeira identidade, milady.

Ele sorriu ao vê-la se levantar e fazer a reverência.

- Deixa-me sem palavras, milady. Lembre-se que sou apenas um escudeiro.

Ouvindo sobre o duque e que era melhor manter a identidade do herdeiro em segredo, o rapaz assentiu com a cabeça.

- Aprecio a sua sobriedade e discrição, milady. Quanto ao duque de Lusignan, eu prefiro, neste caso, que mantenhamos a calma. Deixa-lo numa gaiola, como à senhora diz, é o mais sábio a se fazer. Pelo menos até que ele se afaste do ducado. Ele tem metade do exército de cruzados em seu poder, fato que muito me admira.

Ele abaixou os ombros.

- Casimir é como uma raposa, milady. Ele se salva das batalhas com facilidade. Seja por covardia ou sorte.

Ezequiel suspirou com o último comentário dela. Não era a primeira vez que sua compleição era desdenhada. Contudo, de soslaio, estudou cada movimento da moça, quando ela se punha a rir. Reparava como ela era bonita. Ele sentia a ritmia desordenada de seu coração e o sangue esquentar. As faces dele estavam coradas da mesma forma quando a prostituta brincava com a inocência dele.

Ele sorriu suave, com um olhar esperto.

- Pare de zombar de mim. Nós temos quantos anos de diferença? Três, quatro, no máximo? E você lidera centenas de homens.

Ele levantou-se da cama, o veludo azul escuro de seu manto, fazendo realçar a elegância do corpo. Com o queixo erguido, andava a passos lentos e cuidadosos, até ficar frente a frente com ela. Ele a fitou com olhos calmos, esboçando um sorriso pálido e acolhedor em seus lábios.

- Muito me aprazaria em ter uma aliança convosco – o príncipe rompeu. – Uma aliança de segredos hoje. E no futuro, quem sabe, algo mais...

Ele estendeu a mão para que ela apertasse.

- Se me prometer, é claro, manter a sua espada longe de meu pescoço.

O sorriso agora era belo, mostrando sua alma juvenil.

- A senhora ainda não me disse seu nome de batismo.
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Daniell Lourenth Suzano

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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 6:04 pm

Ela o escutou, parecendo animada com a revelação da amedrontação do jovem, rindo. Depois ficando mais séria, voltando a escutar suas palavras, sorria o suficiente para que ele soubesse que ela se divertia em vê-lo falar o que achava.

Depois de um tempo ela pensou, respirando fundo.

- Não se preocupe. Nesse campo dele só tem aliados nos homens que ele trouxe consigo. E farei questão que ele não fuja de nenhuma batalha nem sobreviva por sorte ou covardia. Em meu campo de batalha, somente se sobrevive por habilidade. E isso é algo que acredito que ele não possua.

Não percebeu o modo como o jovem a olhava, ainda pensando em tudo que haviam conversado, ficou ereta, sua mão passando lentamente por seus cabelos e a outra em sua cintura, fazendo a roupa marcar ainda mais seu corpo para o jovem que já a admirava e observava com desejo juvenil. Suspirou, passando a mão do colo até sua barriga como se estivesse tirando um pensamento ruim de sua mente e, consequentemente, fazendo-o perceber cada detalhe do corpo daquela mulher e perceber que seu corpo era até bem desenvolvido. Ela provavelmente tinha habilidade o bastante para conseguis esconder tudo aquilo dos olhos masculinos.

Escutou-o falar sobre sua diferença de idade e riu-se, olhando-o.

- Sim, eu lidero centenas de homens, e você ainda não lidera nenhum. Tenho ainda esse direito. Quando assumir seu lugar poderá zombar de mim a-vontade.

Sorriu, um sorriso convidativo aos lábios do jovem garoto. Olhou-o se levantar, observando o movimento do corpo do jovem e notando que ele seria deveras um belo homem no futuro. Olhou-o nos olhos, sorrindo, corando um pouco quando ele falou mas não disse nada somente apertou sua mão como se fechasse uma acordo com aquele garoto.

Riu levemente.

- Prometo que minha espada não mais chegará perto de seu pescoço, Ezequiel. Já não posso garantir o resto, já que não foi pedido na barganha.

Sorriu levemente como um gato que acabou de encurralar um rato e estava prestes a dar o bote. Escutou-o falar sobre seu nome, concordando com a cabeça.

- Daniella. Daniella Ysabell Zaphir, filha do Conde Albert Zaphir.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:48 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySáb Dez 27, 2008 7:32 pm

A idéia de Laila sobre o disfarce o fez rir em voz alta.

- Pode ser que dê certo.

Seu olhar pícaro amoleceu quando viu as frutas estendidas. A língua dele umedeceu os lábios, os olhos adquirindo mais vida. Ele apanhou as frutas das mãos dela, como se ela oferecesse os bens mais preciosos.

As mãos se tocaram, numa sensação eletrizante e cálida. Os olhos dele se encontraram aos dela, por um momento que seria duradouro, se não escutassem vindo do andar de baixo, ruído de vozes umas baixas, outras mais altas e estridentes, quase atordoantes e sons de passos a subirem as escadas circulares.

- Ir sem se despedir? Seria rude aos nossos anfitriões que nos foram tão hospitaleiros durante todos estes anos. Não, não. Pelo menos, deixe-me escrever uma carta para o emir, e pedir para que avise o rabino de limpar essa bagunça para o próximo hóspede.

Sentou-se na cadeira. Tornou a debruçar o corpo sobre a mesa, e assim esteve alguns minutos enquanto parecia refletir o que escrever, indiferente aos homens que se aproximavam. Por fim ergueu o rosto para ela sereno e tranqüilo.

- Como devo começar a carta? Caro amigo? Prezado?

Ele mordeu a maçã, parecendo ponderar. Vladislaus, com gestos de quem traça no papel linhas lentas e nobres, escrevia a suposta carta com uma calma irritante. Apertou a folha em punho, amassando-a e jogando num canto qualquer da cela, para começar outra vez. Aquela calma profunda do conde podia infligir ainda mais desespero para a pobre menina.

- Acho que devo ser menos formal. O que me diz, Laila?

Apoiou os cotovelos sobre a mesa, e seus olhos dirigiram-se sérios aos dela. Os dedos se intercalaram a frente da face.

- Eu posso pensar que está me levando a uma armadilha. Admito que em sete anos de meu cárcere, sou pego desprevenido. O sultão nunca me enviou uma mulher.

Seus olhos brilharam perigosamente, enquanto aguardava ouvir uma resposta. Ele sorriu, voltando sua atenção ao papel.

- O que devo citar sobre você na carta? Que eu roubei a jóia preciosa dele?

Depois de terminar a carta e pegar o molho de chaves das mãos de Laila, Vladislaus apoiou-se em seu ombro. Apertou afetuosamente a mão que lhe fora estendida e saiu da cela, apenas libertando-a para se virar e trancá-la. As sombras dos guardas já eram vistas nas paredes de pedra.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyDom Dez 28, 2008 2:08 am

A sensação de medo somente aumentava enquanto o Conde se demorava. Mas tudo cessou por instantes quando ele tocou as mãos dela. A pele de Laila, morena e lisa - exceto pelos cortes frescos e fluindo sangue em suas costas - sentia o menor dos toques do nobre.

Contudo, essa breve sensação de ansiedade pelo prazer foi-se quando os olhos se encontraram com os dele que, divertido, começava a escrever uma carta. Seu rosto agora demonstrava agonia, e ela puxou brevemente as vestes do Conde, olhando a porta aberta:

- Chega de brincadeiras! Como pode ficar calmo, se descobrirem o que estamos fazendo, nós dois morreremos de uma forma não muito feliz!

Cerra os olhos, falando o mais baixo que conseguia. Depois da pergunta e das desconfianças dele, Laila sentiu-se magoada e ofendida: ela jamais colocaria alguém numa armadilha - nem mesmo o Sultão, a quem odiava. Abaixou a cabeça por breves segundos, falando num sussurro:

- O Sultão...não sabe que estou aqui. Ninguém sabe que estou aqui, nem mesmo Hanna...Por favor, não delate nada em qualquer carta. Só...vamos embora. Imploro-lhe.

Terminou de falar quando Vladislaus recostou sua cabeça no ombro dela uma vez mais. Por mais que fosse um prisioneiro, aquela simples aproximação ateou fogo no sangue da jovem. Ela respirou fundo, fechando os olhos por pequenos momentos antes de, uma vez mais, acompanhar o Conde. No momento ideal, já que os guardas despontavam na parede muito próxima. Laila ajeitou a manta na cabeça do nobre, e depois fechou os olhos, segurando uma das mãos dele:

- Oh Céus! O Sultão não ficará feliz com isso, e agora? O prisioneiro predileto da Realeza...está morto! Que Allah o julgue!

Falava alto e com um tom choroso, esperando que o Conde somente lamente, sem palavras.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyDom Dez 28, 2008 7:03 pm

Descobriu-se a degustar olhando para ela em silêncio, mergulhando em seus olhos vermelhos, e procurando não se deter na beleza de seu corpo jovem, nos seios perfeitamente modelados por trás de roupas largas. Baixou os olhos, respirou fundo como oxigênio lhe fosse muito necessário, levando a mão a segurar o manto na direção do peito com força, como se sentisse que seu peito de repente era estreito demais para conter as batidas do coração.

Compôs-se e, erguendo os olhos azuis, lhe deu um sorriso maroto.

- Não, não irei zombar da senhora. Mas quando for rei, eu não liderarei só centenas de homens. Liderarei milhares. E lembrarei que o comandante precisa me pagar uma antiga ofensa cometida quando eu ainda era um escudeiro.

O rapaz parou um pouco e observou o rosto bonito de Daniella lhe ouvindo atentamente, a brisa fria da noite adentrando na barraca e fazendo dançar docemente os cabelos dela. O comentário sobre que partes de seu corpo ela poderia apontar sua espada surtiu um efeito inesperado no jovem que a olhou espantado. Então riu.

- É ousada, milady, mas encantadora. – ele sussurrou, sem raiva em sua voz.

Ele encarou a jovem moça, então, por um bom tempo. Não sabia bem o porque, mas se afeiçoava muito por ela.

– Ouvi o barão falando de ti, de como é um brilhante tático e guerreiro. De que jamais conheceu outro homem com as mesmas habilidades. Gostaria de saber se há algo neste mundo que ainda lhe faz temer, se não tem medo nem de desafiar reis.

Seus lábios se tornaram numa linha magra.

- Devo ir. O barão deve está preocupado com minha longa ausência.

O garoto assentiu com a cabeça, com serenidade. Tinha passado pouco tempo ao lado do comandante, menos do que gostaria, mas que fora o suficiente para fazê-lo sentir por ela um respeito e admiração muito grande.

– Foi um prazer conversar com você, milady Daniella. É uma honra para nós tê-la conosco. A senhora é, na verdade, uma mulher especial. Tenho certeza que se meu tio soubesse de sua real natureza, ele compartilharia da mesma opinião.

Ezequiel reverenciou a jovem comandante.

- Há algo mais que posso fazer pela senhora?
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyDom Dez 28, 2008 7:31 pm

Os olhos cinzentos de Vladislaus iluminaram, enquanto olhava a bela moça de soslaio. Bela, realmente ele podia notar. Se ela fosse uma armadilha, ele estava apto a cair a seu bel prazer.

- Há formas de morrer feliz? Ensine-me, pois em meus vinte anos eu a desconheço.

Com calma, ele molhou a pena na poça de sangue e voltou a escrever a carta.

- Não se preocupe. Ele não nos matará, não antes de ser castrado e meus testículos espetados em uma estaca, por ser flagrado as sós com a jóia do Sultão. – ele deslizou um anel para fora da mão, colocando-o sobre a carta. - Mas você, teria um destino bem pior. Muito pior.

Ele franziu o cenho, quando ela disse que o sultão não sabia que ela estava ali. Seus olhos a fitaram, enquanto os lábios entreabriram-se, a lucidez parecendo voltar aos sensos do conde. Ele tinha o ar de incredulidade e de desejo.

O corredor era um túnel bastante espaçoso, mas muito escuro e de odor nauseabundo, característico de sangue. Atrás deles os guardas já alcançavam o topo da escada circular. O conde terminava de fechar a cela, aproximando-se dela cambaleante.

O braço dele passou em volta dos ombros dela para se apoiar. Ela sentia sua respiração forte e seu hálito quente umedecendo seu pescoço, numa leve e provocante caricia. Os lábios dele roçaram pela curva de seu pescoço, por um breve momento, até que a cabeça dele descansou em seu ombro.

- Se morrermos... – ele sussurrou. – Eu espero que nos vejamos de novo neste mundo.

Seu rosto repousado no ombro perfumado e nu da odalisca estava ardente de uma febre muito alta. Ela podia ouvir seus dentes baterem um contra o outro de frio. Seus olhos estavam pesados, assim como as suas pernas. Ele lutava para ficar em pé, amparando-se sobre Laila, embora ela pudesse sentir que não seria nada fácil tira-lo dali, uma vez que o conde pesava mais do que seu corpo aparentava.

Dois guardas de aparência rude e nada amistosos, demonstraram franca surpresa ao ouvir o lamentar da mulher. Eles se entreolharam, antes de aproximarem.

- O que fazem aqui?

O segundo homem intercedeu.

- O que aconteceu?

- Ela disse que o infeliz está morto.

- Como morto?

- Oras, morto! Deve ter morrido, enquanto dormia. – ele virou-se para as duas mulheres, ordenando. - Afastem-se! Saiam do meu caminho!

O guarda, furiosamente, bateu com o cabo da cimitarra nas grades, causando um estridente barulho.

- Conde Vladislaus! Conde Vladislaus! Acorde!

Desistindo, ele guardou a cimitarra na bainha e virou-se ao outro.

- Chame Ari. O homem está morto.

Um deles se afastou, enquanto o outro procurava a chave para abrir a cela.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyDom Dez 28, 2008 8:09 pm

Ela riu do comentário do garoto, notando como ele estava apreensivo e seu rosto levemente corado. Observava cada um de seus movimentos, os sorrisos sempre nos lábios.

- Estarei ansiosa para pagar minhas dividas com a realeza. Deveras divertido, devo dizer.

Tremeu um pouco quando o vento tocou seu rosto e seu corpo, soltando um misto de suspiro e gemido, abraçando o proprio corpo. Escutou-o falar sobre ser ousada e sorriu de canto, sua lingua passando lentamente por seus lábios luxuriosos.

- Se não fosse ousada, meu jovem, não teria chegado onde cheguei, provavelmente já estaria morta a muito tempo.

Riu-se, escutando os elogios que recebia por intermedio do jovem, seu ego aumentando mais e mais, depois rindo de seu questionamento. Caminhou até ficar rente ao corpo do garoto, ele conseguindo sentir o halito adocicado da jovem ir contra seu rosto. Colocou os rostos um rente ao outro, sorrindo.

- Meu unico medo neste mundo, meu jovem, é perder a minha liberdade. Seja para a morte ou para o casamento.

Sorriu de canto, olhando a cor da orelha do garoto ficar mais avermelhada com aquela aproximação. Teve voltade de provocá-lo ainda mais e não se separou dele, continuando com aquela aproximação ousada, escutando-o então falar que deveria ir, já que o barão poderia estar preocupado com sua ausencia. Soltou um suspiro no ouvido do garoto enquanto o escutava.

Se afastou, olhando-o. Sorriu gentilmente. Olhando-o por um tempo antes de responder.

- Gostaria de poder passar mais algum tempo com você, mas acho que agora não pode satisfazer essa minha nescessidade. - Sorriu de canto. - Adoraria que me pagasse outra visita em breve.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:49 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 1:27 am

As costas de Laila gelaram, como se um choque tivesse atingido sua espinha. As palavras do Conde eram certas: se o destino dele já parecia bem ruim, o dela era infinitamente pior se fossem descovertos. I engraçado foi que o arrepio passou de medo para desejo quando os lábios do Conde passearam pelo pescoço dela. Laila, ainda muito jovem, jamais havia sentido aquile tipo de coisa por alguém; tudo era novidade para a odalisca.

Mas a bravura permaneceu ali, firme, dando forças ao corpo esguio para carregar o corpo adoecido de Vladislaus. Tudo bem, ela também não estava suadável e aqueles cortes doíam mais do qualquer coisa que sentiu na vida; todavia eles foram tratados, mesmo que de forma bastante superficial, por Hanna. O Conde não teve qualquer cuidado.

A garota respirava pela boca, afim de espantar aquele horrível cheiro de suas narinas. Ao ver os guardas, manteve a compostura enquanto amparava a outra "criada", e falava com a voz baixa a respeitosa:

- Somos nós que trazemos a comida aqui...ao menos esta semana! As criadas sempre são trocadas, para não haver apego com os prisioneiros.

Ela aponta a pequeníssima portinhola que ficava perto do chão e por onde passava a comida, falando como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Continuava a andar corredor abaixo, choramingando e tendo mais pressa, enquanto falava:

- Vamos Hadja, temos de voltar aos nossos aposentos...é nossa veaz de arrumar tudo na ala norte.

Tateava as paredes, dando realmente a impressão de ser cega. Ala norte...o oposto de onde estavam agora. Se fossem fazer algum tipo de pergunta, ela e o Conde já estariam longe dali.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 1:06 pm

Com os rostos e corpos tão rentes, ele parecia mais que uma criança, um adolescente cujo queixo não conhecera a navalha. Àquela altura, a expressão do menino havia se dissolvido de uma solene imperturbabilidade a uma inquietude.

As faces dele eram ainda roliças e de uma alvura imaculada, como as de um anjo ou de uma criança, os cabelos ligeiramente encaracolados caídos ao lado dos olhos profundamente azuis e lábios perfeitamente desenhados. O garoto parecia à personificação da pureza e a personificação da juventude.

Geralmente, crianças não eram mortas em campo de batalha. Mas tinham destino piores, assim como as mulheres. Eram vendidas como escravas, seja para trabalhos forçados ou para servir ao bel prazer de seus novos senhores. Vê jovens como Ezequiel em campo de batalha, não era algo tão incomum. O Papa já tinha autorizado muitas crianças a lutarem contra os muçulmanos, sabendo que as atirava para a morte ou estupros.

Embora ainda novo, ela podia ver raça em seus olhos. Uma mesma raça que ela viria mais tarde a conhecer nos olhos do rei.

Sua respiração era controlada com a aproximação dela, os olhos descendo lentamente para não olha-la. Daniella podia interpretar aquele gesto como só respeito que ele sentia por ela, ou uma tentativa de ocultar o conflito interno entre inocência e libertinagem. Ela era encantadora, e a cama e o escuro da barraca eram cruelmente convidativos à qualquer homem.

Baixar os olhos, só o fez prender a respiração, vendo que tinha caído numa armadilha armada por si próprio. Na vã tentativa de escapar do olhar dela, seus olhos fitavam agora o corpo torneado em belas formas de mulher e nos seios belos como romãs. Ele sentiu um leve calafrio com a voz tão próxima a seu ouvido, mas se recusou a recuar. Daniella era felina. Não hesitava em fazer piadas cruéis, ou provocá-lo despertando lasciva no jovem.

Ezequiel franziu a testa com as palavras dela, olhando para ela com um ar intrigado; lia-se nos olhos mais que simples curiosidade infantil. Falou novamente, esboçando um sorriso maroto:

- Bem. Não que eu queira contradizê-la. Porém, sempre pensei que as mulheres eram ávidas para se casar. Exceto, as prostitutas.

Imediatamente o sorriso desapareceu. Ergueu as sobrancelhas, percebendo o erro de suas palavras.

– Não que eu quis dizer ser este o seu caso, milady.

Escutando ela dizer que gostaria que ficasse, ele sentiu as faces corarem. Os cabelos caiam em seus olhos, cobrindo o brilho que estes emitiam. Sorriu ao pedido de vir visitá-la.

- Eu apreciaria. Prometo uma outra visita tão breve quanto possível, se Deus quiser.

Novamente pegou a mão dela e beijou as juntas de seus dedos. Sorriu ao olhar para ela.

- Que Deus proteja seu sono durante a noite, milady.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 1:23 pm

O carcereiro observou a porta de grossas grades por onde passava o alimento. Ele parecia convencido.

- Certo, agora sumam daqui!

Ele vasculhava em busca do molho de chaves, que não encontrava. Laila reconhecia o carcereiro como sendo o guarda que ela havia tomado às chaves. E agora, o infeliz homem se amaldiçoava por ter apanhado no sono e não lembrar onde havia colocado as chaves. Pela escuridão e por está coberta por trapos sujos, ele não havia a reconhecido como a odalisca que lhe ofereceu água.

Das poucas janelas, Laila podia observar o jardim oriental, com uma incrível variedade de flores e plantas. A lua era cheia no céu e iluminava o chafariz no centro, próximo a uma estátua de anjo, que parecia vigiar e proteger aquele jardim.

Ela sente que os músculos do conde estavam tensos, enquanto vagueiam pelos corredores semi-iluminados pelo luar e por mortiças candeias de azeite. Muitos corredores eram baixos, obrigando-os, quando de pé, a ficarem curvados. Duas vezes ela precisou parar, para que ele pudesse descansar. Chegava a ouvir os grunhidos abafados saírem do fundo da garganta dele misturados a sua pesada respiração.

Para matar a sede feroz e implacável, passava a língua nas pedras das paredes úmidas e sujas, ou encostava o rosto pálido sobre as pedras o que aliviava um pouco a febre. Às vezes, ela podia pega-lo observando-a de cima a baixo, olhando especialmente para seus olhos, admirando as pestanas e a suavidade dos lábios. Respirava fundo e então se levantava para prosseguir na fuga.

A jornada era infinitamente mais longa e demorada que Laila pudesse ter calculado. À custo, o conde arrastava os pés pelos corredores, rompendo com o braço as teias de aranha. Era visível na sua expressão de dor que as costas lhe doíam, e os pés muitas vezes não obedeciam ao andar. Para piorar a situação, o peso que ele fazia sobre o corpo dela começava a abrir as feridas de Laila.

Os olhos dele fitavam com atenção o trecho entre a nuca dela e o lóbulo de sua orelha. Ela o agradava no todo e sentir o doce perfume dela fazia a jornada ser menos excruciante.

- Você ainda não me contou por que faz isso. – ele sussurrou, olhando-a de canto dos olhos através dos mantos que cobriam metade de sua face.

Por todo percurso eles não ouviram ruídos, nem movimentos de guardas no jardim. Era como se alguém tivesse a ajudá-los na fuga. Talvez Deus os abria as portas e os libertava para prosseguir na jornada. Mas mal chegaram à ala a direita não puderam prosseguir; o cheiro no ar avisava-os do perigo.

Ela sente o aperto forte do conde sobre seu braço, como se ele também sentisse o perigo. Parados no meio da entrada do amplo pátio externo, os olhos dele percorreram pelo jardim, observando os poucos guardas e as sombras atrás das colunas.

A voz grave e rouca do conde sussurrou em seu ouvido.

- Conduza-nos até os estábulos, pelas sombras. De modo furtivo.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 2:12 pm

Sentia o olhar do jovem sobre seu corpo, ficando um pouco incomodada em como ele a olhava, mesmo ainda possuindo aquela carinha de anjo. A maior vontade que sentiu naquele momento de proximidade foi a de levar seu indicador aos lábios daquela criança e ver como ele iria reagir, mas estaria indo longe de mais. Ele ainda era uma criança e ela ainda não era uma mulher. Sentimentos naquela idade eram perigosos, principalmente para eles que viviam para lutar.

Respirou fundo, escutando-o finalmente falar, arqueando a sobrancelha. Colocou as mãos na cintura o escutando se desculpar.

- Acho que não está me levando muito a sério. Mas se eu me casar, não vou mais poder lutar. Como acha que eu explicaria a meu marido minha situação?

Escutou-o se despedir, depois olhou os lábios delicados beijarem sua pele, sentindo seu rosto corar um pouco com aquele toque delicado.

- Ele já me garantiu grande proteção, espero que Ele faça o mesmo pelo senhor, Ezequiel.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:50 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 8:00 pm

Ele ergueu as sobrancelhas, sabendo que ela tinha razão. Seu olhar mais uma vez se cruzou ao dela.

- Nenhum marido aceitaria uma mulher que não lhe fosse submissa, isso é verdade. Principalmente uma mulher que comanda um exército de cruzados e se veste e se comporta como um homem. Sua situação é bastante delicada, milady.

Ele riu.

- Isso é, se ninguém domar seu coração.

Riu, parecendo não levar muito a sério. Então seus lábios selaram sérios e suspirou, observando-a com indulgência.

- Sabe o que a bíblia diz sobre as mulheres. Seu problema não seria somente com seu marido, mas principalmente com a santa igreja católica.

Ele sorriu em resposta as últimas palavras.

- Deus fará, senhora Daniella. Mas devida as circunstâncias, precisará mais da proteção Dele do que eu.

O menino saiu da barraca o mais secretamente possível, apressando-se para voltar a seu lugar com a túnica de veludo bastante suja de lama, assim como as calças e as botas. À distância, o barão fez um gesto para que o garoto se aproximasse.

A mão dele subiu para a nuca do menino e agarrou-lhe os cabelos, atraindo-o para mais perto. Beijou-lhe a testa e o abraçou com o afeto e cuidado de um pai. Os dois encaminharam para a própria barraca.

Muitos já haviam se recolhido para dormir, ficando somente alguns vigilantes. Lá fora, um pequeno chuvisco começava a cair e apagava as chamas da fogueira.
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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptySeg Dez 29, 2008 9:52 pm

Ela o olhou, sorrindo. Aquilo tudo que ele falava ela já sabia e conhecia melhor do que qualquer pessoa naquele acampamento. Ela entrou para o exercito sabendo os perigos que iria correr, e quanto mais o tempo passava, mas ela descobria os perigos pelos quais ela passava.

Respirou funto, sorrindo para o jovem.

- Quer tentar domá-lo, jovem escudeiro? Por que até hoje não conheci ninguem que tivesse tal habilidade. - O provocou, rindo.

Olhou-o se despedir e somente acenou quando ele saiu, voltando para sua cama fria e se deitando. Confirmou os locais onde estavam sua adaga e sua espada, para ter certeza que não seria pega desprevinida caso a atacassem de noite, logo fechando seus olhos e se lembrando do olhar de desejo que o jovem lhe jogou e quão facil era brincar com as suas emoções, depois acabando por deixar que Morpheus lhe desse a noite devida de sono.


Última edição por Daniell Lourenth Suzano em Sex Jul 24, 2009 12:51 pm, editado 1 vez(es)
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Laila Al Hashid Zawari

Laila Al Hashid Zawari


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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyTer Dez 30, 2008 2:18 am

O caminho era muito maior do que Laila poderia prever. Ela andou rapidamente, estava sozinha! Mas o Conde estava fraco e ferido, e isso dificultava deveras a fuga de ambos.

Laila passava sua própria manta na testa do Conde, para aplacar a febre e limpar o rosto do suor. Com o peso do homem, ela cerrou os olhos e os dentes, depois continuando a andar. Vladislaus vislumbrou um filete rubro e brilhante escapar das costas de Laila e ir em direção à cintura da moça, num caminho tortuoso e penoso para ela.

Sua respiração estava rápida, e era melhor continuar assim: se a calma viesse, a dor também viria em ondas fortes e quase insuportáveis. Para o Conde, era estranho a garota não chorar, sua dor era demonstrada somente com o cerrar dos olhos.

Ela suspirou quando ouviu a pergunta, olhando-o diretamente. E seu ar pareceu simplesmente fugir dos pulmões. Não era amor, era só um desejo irrefreável pelo homem:

- Sou tão escrava aqui quanto o senhor, Conde. Fui entregue ainda pequena, tinha 3 anos. Desde então, fui criada pelas amas e pelas odaliscas mais velhas. Não conheço meus pais, e nem o desejo fazer. Monstros...depois que Hadja morreu, me entregaram ao Sultão.

Fala com amargura, abaixando a cabeça. Como parte do disfarce, deu a Vladislaus o mesmo nome de sua falecida irmã. Quando estava recuperando a respiração, ela falhou na garganta; guardas! O perigo estava mais próximo do que ela havia calculado. Abaixou a cabeça, fechando novamente os olhos. Ouviu as palavras cálida do belo homem, e estranhamente a pele de seu corpo arrepiou-se. Laila consentiu com a cabeça, respirando pela boca e novamente apoiando Vladislaus, indo pelos cantos mais escuros e de forma quase que totalmente silenciosa para os grandes estábulos do Sultão.

O lugar era magnífico. Os cavalos recebiam mil vezes tratamento melhor que os prisioneiros. Cada um em sua baia, cada um com sua água e comida, limpos e cobertos para a noite fria que estava. A garota olhou mais uma vez o Conde, franzindo a testa:

- Qual é o seu? Posso abrir a baia.
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Conde Vladislaus Tepes
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Conde Vladislaus Tepes


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MensagemAssunto: Re: Primeira Noite - Preludio para o Combate   Primeira Noite - Preludio para o Combate - Página 3 EmptyTer Dez 30, 2008 9:51 am

Vladislaus varreu com os olhos a longa fileira de estábulos. No estábulo, à direita e à esquerda da porta, estendiam-se duas longas fileiras com pelo menos cinquenta baias, quase todas cheias.

As palavras dela ditas no corredor minutos atrás, ainda ecoavam na mente do conde. Era uma mulher sem família, ao contrário dele, que esperava ainda ter vivo seus dois irmãos e com muita sorte, seu pai. E certamente ela não tinha um rumo a ir, o que a fazia uma órfã em todos os sentidos.

O prisioneiro demorou para responder, mas confirmou com a cabeça.

- Somos parecidos, então. A mesma sina, o mesmo tormento, desde tempos esquecidos.

O conde mal movia os lábios para articular palavras, mantendo rígido todo o seu rosto de linhas harmoniosas e seu corpo esguio, de maneira que quando se calava, Laila tinha a impressão de que estava conversando com um morto. Mesmo esgotado, tentava se manter desperto e fazer menos peso no corpo da jovem.

Tentando regularizar a respiração, ele olhou-a de soslaio e um sorriso de complacência e malicia se desenhou em seu rosto. Pensava que ela estaria na cama do sultão neste momento, ao invés de suportar seu peso como a sua cruz.

Os lábios dele fecharam-se serenos e seus olhos contemplaram novamente os traços perfeitos de Laila, os olhos verdes e lindos, de uma maneira penetrante.

- Estou eternamente em dívida com você, Laila. Na vida, e na morte também.

Havia lugubridade em seus olhos, quando se afastou dela e caminhou com certa dificuldade para o estábulo.

- O meu único cavalo está morto há muitos anos. Foi empalado por lanceiros durante a batalha.

Ele se apoiou contra a baia, no mesmo instante em que sentiu que cairia de embriagues. Vladislaus sorriu sinistro, virando seu rosto para Laila.

- Significa, que vamos ter que fazer um empréstimo. O sultão não se incomodaria.

Todos os cavalos do estábulo eram magníficos. Eram cavalos de montaria, não destinados a trabalhos braçais. Vladislaus parou e observou um cavalo com um olhar enigmático. O garanhão era enorme, todo preto com minúsculos pontinhos brancos, como se o seu pêlo tivesse sido salpicado com milhões de estrelas. O animal olhou para Vladislaus, como se soubesse muito bem quem tinha à sua frente.

- Ah, aqui está o alazão adorável do Sultão.

O conde se aproximou com cuidado e o cavalo baixou a cabeça, permitindo que o conde acariciasse suas narinas.

- Ele ama este cavalo como ama um filho. É um animal veloz, e bastante inteligente. Essa noite levarei as duas maiores preciosidades dele.

O conde notou, para seu contentamento, que o cavalo já estava com xairel e as rédeas. A sela estava pendurada na porta da baía. Vladislaus tinha prática em selar cavalos e não demorou mais que um minuto para aprontar o cavalo.

- Saindo daqui, nós iremos rumo a leste, onde está o acampamento de cruzados. Chegaremos, no máximo, amanhã pela manhã.

Ele afastou-se da baia.

- Abra, minha adorável sarracena.
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